A presente etnografia foi elaborada para demonstrar como os processos de investigação de homicídios estão orientados por uma tecnologia de governo sobre as mortes que reproduz, pelas técnicas e moralidades que compõe o saber específico dos policiais, um documento público: o “inquérito policial” de um “homicídio”. Investidos de poderes “de polícia” e “da polícia”, os agentes policiais exerciam seu conhecimento prático e político, utilizando-se de fermentas e valores morais para elaborar procedimentos que definiam, pelo cartório, a verdade policial sobre mortos e mortes. O objetivo deste livro é descrever e compreender como se constroem “homicídios” ao longo de relações que envolvem o fluxo entre pessoas e coisas, em “linhas de investigação”. Explicitar traços e fios que se encontram, se cruzam e se misturam, compondo e rompendo percursos, constituindo uma malha pela qual são traçadas e tecidas linhas diversas, preenchidas e vazadas pelas técnicas e moralidades dos policiais.
Crime / Direito / Não-ficção