Rio de Janeiro, 1891. Francisco Teodoro, um bem-sucedido e ambicioso comerciante de café, conhece Camila. Em busca de um casamento que traga estabilidade, ele não vê melhor opção que desposar tal jovem, bela e de boa e humilde família. Os filhos Mário, Rachel, Lia e Ruth crescem a olhos vistos, enquanto a empresa do pai continua a prosperar.
Nem só de flores, contudo, vivem os Teodoro. Francisco, cada vez mais ganancioso, vê outros comerciantes se arriscando no trato com o café e decide fazer o mesmo. Afinal, é preciso aumentar o patrimônio familiar que Mário insiste em dilapidar. Camila, alheia aos movimentos econômicos e cada vez mais absorta em sua relação com o médico Gervásio, nada opina. Em um revés do destino, a fortuna da família acaba. Francisco Teodoro se suicida e todos, mãe e filhos, precisam aprender a lidar com a nova situação social.
Júlia Lopes de Almeida é uma das provas mais eloquentes do grau de distorção e injustiça que o machismo pode provocar na memória literária de um povo. Romancista de grande talento, além de jornalista, era tão consagrada em seu tempo que a davam como presença obrigatória entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Que nada: acabou barrada e viu, numa curiosa manobra compensatória, chamarem seu marido, literato de pouca expressão.
A primeira mulher só entraria na ABL oitenta anos depois, período em que a obra de Júlia caiu num esquecimento que nenhum critério artístico justificava. Para comprovar o crime basta ler este A falência, romance realista magistral que, lançado em 1901, situa nos círculos burgueses cariocas dos primórdios da República o pungente drama de uma família rica que vê sua sorte virar.
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