Entre 1924 e 1929, ano do seu regresso a casa e data da sua morte, num dos momentos mais produtivos da sua vida, Aby Warburg fez e refez incessantemente o seu famoso «Atlas de Imagens Mnemósine». Este projeto, composto por 63 pranhcas e contendo mais de 1.000 imagens, constitiu uma forma visual e poética de conhecimento, uma ocasião para o historiador da arte e da cultura regressar a alguns dos temas que o ocuparam ao longo de toda a vida (A Ninfa, a morte de Orfeu, o renascimento da Antiguidade pagã, o teatro e a festa cívica, a melancolia e o retrato do burguês florentino, os gestos e a caricatura, a astrologia e a migração das imagens), para seguir os percursos de desterritorialização que as «imagens» tomam e que a investigação das mesmas não pode deixar de perseguir. É assim que o «Atlas» aponta para o Ocidente e para o Oriente, tanto para tempos arcaicos como para o mundo contemporâneo (o de Warburg e o nosso), tanto para a lonjura como para a proximidade, por vezes imperceptível, por vezes velada, entre os «astra» (o mundo das ideias) e os 'monstra» (as pulsões emotivas).
Artes / Filosofia