Uma visita inesperada: o pai, depois de anos ausente, resolve visitar o filho e o neto no Rio de Janeiro. Quer também se hospedar no hotel em que conheceu sua falecida esposa. Nada disso cabe em uma fotografia. Neste conto a verdadeira história está por trás das imagens, criadas ao som da música homônima do maestro Tom Jobim.
“Aquele gosto forte e uma súbita tontura: pensou que fosse levitar mas não. A primeira tragada desceu aquecendo os pulmões, e lá se vão cinco anos sem fumar, e agora, justo agora, justo hoje, reatou o vício que tanto custou deixar. Os táxis passaram: vermelhos, amarelos, brancos. O aeroporto cheio, de fantasmas, de gente afundada em celulares, tablet’s. A fumaça subia, leve, dançando; obviamente a parte mais feliz de todo o ciclo. Olhou para o cigarro e teve mais uma vez a certeza de que era um homem estúpido: “como se jogam cinco anos de abstinência assim, para o alto, como fumaça?”. Olhou para o cigarro, sacou seu celular e clicou: apenas a mão e o cigarro. Compartilhou no Instagram:
#velholoboperdeosdentesmasnãoavontadedemorder
#devoltaparaocaixão #expectativadevidadiminuindo #zerando
#olácancêr (…)”
Este conto faz parte da Coleção Identidade. Saiba mais em www.amazon.com.br/colecaoidentidade
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