Entre 18 de março e 28 de maio de 1871, pela primeira vez na história, trabalhadores e trabalhadoras tomaram o poder do Estado e demonstraram, na prática, ser possível inaugurar uma nova forma de organização social e política. Duramente reprimida pelas classes dominantes francesas, essa experiência proletária de 72 dias, conhecida como Comuna de Paris, foi – e segue sendo – fonte de inspiração e aprendizado para as experiências revolucionárias levadas a cabo pela classe trabalhadora em todo o mundo.
Dessa maneira, procuramos mais do que manter vivo o legado teórico da Comuna, que nas palavras de Marx foi “essencialmente um governo da classe operária, o produto da luta da classe produtora contra a apropriadora, a forma política, finalmente descoberta, com a qual se realiza a emancipação econômica do trabalho”. Queremos também fazer presente a prática que nos possibilitará derrubar o domínio do capital e construir uma sociedade em que “sejamos tudo, ó produtores”: a partir da organização, do trabalho coletivo e solidário e do internacionalismo.
Recordamos também as palavras de Lenin, quando em 1908 trata dos ensinamentos da Comuna: “a Comuna é o modelo mais grandioso do mais grandioso movimento proletário do século XIX. [...] agitou profundamente o movimento socialista de toda a Europa, revelou a força da guerra civil, dissipou as ilusões patrióticas e acabou com a fé ingênua nas aspirações nacionais da burguesia. A Comuna ensinou o proletariado europeu a pôr de uma forma concreta as tarefas da revolução socialista. O proletariado não esquecerá a lição recebida. A classe operária a aproveitará”. Viva a Comuna de Paris!
Para celebrar os 150 anos da Comuna de Paris, um conjunto de 26 editoras de 15 diferentes países – construindo laços de solidariedade internacionalista – preparou este volume, publicado em 18 distintos idiomas. Todo o processo desta publicação – contando com a seleção dos textos, a tradução, o projeto gráfico e a capa – foi uma construção coletiva.