Autor barroco, de filiação conceptista, o Padre Antônio Vieira parte sempre de um fato real para prender a atenção do leitor ( ouvinte originalmente) e fazê-lo questionar-se para,em seguida, estabelecer uma analogia com os escritos presentes nos Evangelhos. A partir daí, por meio de um estilo paradoxal e repleto de antíteses, típico da tradição barroca, Vieira estabelece uma retórica fulminante, capaz de convencer o mais astuto argumentador.
Além de extremamente habilidoso, o padre era também profundamente sensível aos problemas do seu tempo, colocando-se, em seis sermões, em defesa dos negros escravizados, dos indígenas e dos judeus, estes brutalmente perseguidos pela inquisição. Claro que suas atitudes promoveram inimizades, o que não modificou em nada na racionalidade e na ânsia por coerência que motivava os escritos do autor. Não por acaso, Padre Antônio Vieira foi chamado de "imperador da Língua Portuguesa" por Fernando Pessoa.