Marina 17/01/2022
Eu, Elton John
[+18, gatilhos: uso de drogas, alcoolismo, transtornos mentais, temas deprimentes como mortes, doenças ou negligência familiar]
Como deve ser ter um famoso como seu amigo?
Essa foi a sensação que eu tive ao ler a autobiografia do Elton John. De forma íntima e sem tabus, Elton conta aos seus fãs toda a sua trajetória ao longo de 50 anos na indústria da música e dando detalhes de sua vida pessoal.
Eu estou a pelo menos uma hora tentando decidir o que eu deveria escrever nessa resenha. Há muito o que falar, afinal, é um livro contando detalhadamente sobre mais de 70 anos de uma vida. E está longe de ser sobre uma vida normal.
O que eu posso dizer é que você sentirá todas as emoções possíveis. Haverão cenas onde Elton irá arrancar risadas suas com seu vocabulário nada formal e até mesmo sujo, com piadas e curiosidades sobre famosos. Cenas onde ele contará sobre suas amizades ou desafetos com grandes nomes como Freddie Mercury, Madonna, Michael Jackson, Princesa Diana, John Lennon e muito mais. Outras, onde ele falará sobre todas as vezes que chegou perto da morte, seja por tentativas de suicídio, por drogas, álcool ou câncer.
Não é uma leitura leve. De início, há muitos nomes desconhecidos para a nossa geração, pessoas que foram importantes nas décadas de 50/60/70 e que já não são relevantes hoje, a quantidade de nomes desconhecidos pode deixar a leitura cansativa no início. Também houveram momentos que eu deixei o livro de lado por não suportar os depoimentos tristes sobre a AIDS. É um livro para ser lido com calma, ao longo de semanas ou meses para poder digerir os acontecimentos, mas no fim ele vale a pena.
É clichê, mas é genuinamente um livro que deixa conselhos de alguém que já viveu uma vida inteira e encontrou a paz. Tudo passa. A esperança está lá, assim como a certeza de que a morte um dia chegará para todos nós, então, devemos aproveitar enquanto nos resta vida. Essa é a grande lição do livro, por isso estou recomendando ele para vocês, e não apenas porque sou fã do Elton John ou de suas músicas. Esse é um livro que eu sei que irei reler daqui a décadas e terei o mesmo sentimento que tive hoje, ao terminar ele pela primeira vez com 17 anos.