O engate

O engate Nadine Gordimer




Resenhas - O Engate


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Biblioteca Álvaro Guerra 23/01/2024

Esta é uma história de amor entre contrários . Do amor de Julie , uma sul- africana branca de família rica , por um árabe que diz chamar-se Abdu, imigrante ilegal , sem posses , prestes a ser
deportado .Do amor de uma cultura euro-americanizada e afluente por outra que lhe é praticamente antagônica a do islã e vice -versa. Amor complexo , feito de aproximações , barreiras e inversões culturais

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/8535904565
Jefferson 23/01/2024minha estante
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jota 12/01/2014

Certos engates...
Talvez a melhor resenha já feita sobre este livro, escrito em 2001, seja mesmo a que J. M. Coetzee, autor sul-africano como a autora (ambos ganhadores do Nobel de literatura), fez em Mecanismos Internos (2011, edição da Companhia das Letras), que li ano passado.

Certamente ao final da leitura de O Engate, os leitores acharão a obra excelente (eu achei, claro). No entanto, Coetzee pensa que ela tem lá seus defeitos, mas é muito interessante, ainda que menos que dois livros que Nadine escreveu na década de 1970, O Amante da Natureza (1974) e A Filha de Burger (1979), que não li.

Bem, mas o que me interessa mesmo dizer é que temos aqui um romance, uma história inter-racial que começa em Johanesburgo e depois continua num país muçulmano árabe sem nome, num vilarejo de poucos atrativos, próximo de um deserto. Deserto esse que vai atuar na transformação da protagonista principal, que a certa altura quase se torna um personagem também, situação já mostrada por outros autores em livros conhecidos.

Julie, relações públicas sul-africana, mulher branca e independente, se apaixona por um mecânico de origem muçulmana, em situação ilegal no país. No começo, tudo corre bem entre os dois, de amigos passam a amantes, até que as autoridades da imigração dão a Abdu uns poucos dias para que saia do país. Ela decide deixar a África do Sul junto com o amado e ambos partem para o Oriente Médio.

Instalados na casa dos pais de Abdu, que na verdade se chama Ibrahim, aos poucos vão ficando mais claras as diferenças entre os modos de vida ocidental e oriental e as aspirações individuais de Julie e do amante (depois tornado marido). Ele sempre negando pertencer àquele lugar atrasado, ela tentando entender o país e seus habitantes, aos menos aqueles com os quais passa a conviver agora.

Ibrahim não desiste de voltar ao ocidente, estabelecer-se num país rico e tornar-se alguém digno da admiração de seus familiares, enfim um “vencedor”. Ao mesmo tempo Julie parece se dar bem ali naquele povoado vizinho ao deserto, convivendo com uma família estranha, de um modo que jamais ocorrera antes em sua vida.

O que vai acontecer a seguir, e aí já estamos caminhando para o final, é outro dos pontos altos de O Engate. Que como disse Coetzee, depois de registrar as imperfeições que nele encontrou “é um livro profundamente interessante.” Isso O Engate é mesmo, sem dúvida, muito interessante. E altamente recomendável para apreciadores de boas obras de ficção.

Um poético trecho do livro: “O deserto. Sem estações de florescência e declínio. Apenas o giro infindável da noite e do dia. Fora do tempo: e ela se põe contemplativa, não sobre o deserto, tomada por ele, porque não há limites de espaço, linhas que marquem a distância daqui até ali. Numa película turva não há horizonte, a palidez da areia, rastros rosados, luminosidade lilás, com sua própria cor de luz desmaiada, não delimita o que é terra, o que é ar. A névoa do céu é indistinta da névoa da areia. Tudo acaba se juntando e não há espectador; o deserto é a eternidade. O que poderia/iria lançá-lo de volta no tempo? Água. Uma era glacial — se algum dia viesse. A água é uma memória perdida: a memória a prova passageira da existência do tempo.”

Lido entre 06 e 11/01/2014.
Nanci 12/01/2014minha estante
Jair:

Este livro figura há tempos na minha lista de desejados. Gostei igualmente da sua resenha e do trecho selecionado: grandes incentivos para ler O engate logo logo.

Abraço, da Nanci.


jota 13/01/2014minha estante
Olá, Nanci
Foi justamente a resenha do Coetzee (que se é crítica nalgumas coisas é ainda mais elogiosa no todo) que me levou a ler o livro. Embora eu já tivesse lido de Nadine, em 2011, De Volta à Vida, que também achei excelente (eu acho quase tudo excelente...). São duas grandes mulheres aqui: Julie, personagem marcante, e a própria Nadine Gordimer exibindo seu enorme talento de escritora. Penso que você vai apreciar também. Também um abraço.
J.




José Carlos 24/05/2020

Salvo nas últimas páginas!
Não estava entendendo o porque da boa avaliação deste livro no Skoob! A escrita é fora dos padrões, onde não se sabe se está havendo um diálogo ou um pensamento, pois está tudo misturado no meio dos parágrafos! Não há travessões, aspas, nada! A personagem principal, Julie, é a legítima mimada, rebelde que recebe mesada do papai! Abdu, o pobre coitado, imigrante ilegal! Antes das dez páginas finais, estava prestes a atirar esse livro longe, mas a reviravolta final mudou meu pensamento, e então entendi a verdadeira mensagem do livro!
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ElisaCazorla 17/03/2022

O que nos faz pertencer?
Este é o meu primeiro encontro com esta autora e a primeira impressão não poderia ser melhor. Gostei muito do estilo da narrativa que mistura diálogos, narrador onisciente e fluxo de consciência, muitas vezes até, no mesmo parágrafo e, não, você não fica confuso. É tão bem escrito que nos surpreende o controle absoluto que a autora tem sobre a sua obra. Belo trabalho!
Sempre quando leio um livro estou me perguntando: o que o autor quer nos passar? O que o autor quer deixar? Qual é a proposta? Quais são os questionamentos desta obra? E nem sempre essas respostas são facilmente encontradas. Este, talvez, seja um desses livros difíceis de desmontar. Por isso, deixo minhas impressões baseadas unicamente nas minhas interpretações.
Acredito que o livro fale sobre o pertencimento, a importância de se sentir pertencente à uma terra, à um lugar. Temos aqui duas pessoas que se sentem angustiadas estando em dois mundos antagônicos. Aquilo que ela é e que ela tem são as coisas que ele busca e que ele acredita ser as coisas que lhe faltam e que lhe trarão paz e estabilidade, por isso, ele está sempre em direção ao desconhecido, sempre se deslocando e, infelizmente, sempre tendo as portas fechadas ou sendo expulso.
Ela, por outro lado, tem as portas abertas em qualquer país, em qualquer continente. Ela possui todos os traços físicos e familiares desejáveis por outras nações. Seu passaporte é "bom", abre portas. Mas, todo esse privilégio não é capaz de impedir uma angústia, não lhe garante estabilidade, paz. Ela se agarra à ele na primeira oportunidade em busca daquilo que sua cor e seus privilégios não lhe dão: pertencimento. Ele continua sua busca por oportunidades que poderão lhe oferecer a chance de pertencer ao lugar desejável.
O que falta para que ele se sinta em casa em sua casa?
O que faz com que ela se sinta uma turista em sua terra?
Esse desfecho é possível? Não sei. Não consigo concluir se a decisão da protagonista é fantasiosa demais, mas consigo entender sua angústia, pois todos nós precisamos pertencer.
Evidentemente que a obra traz outras questões muito interessantes sobre racismo geográfico (será que posso chamar assim?) mas deixo apenas essas poucas palavras que foram as impressões que mais falaram comigo durante a leitura.
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Ricardo Rocha 13/09/2011

o.o
Aí está você. Não sei se estará pronto para Nadine. Não que
escreva difícil. Longe disso, acho. Mas uma mulher
politizada cujos romances falam sempre sobre o mesm
tema. Não é política, mas o amor. Já li quatro. Deles
sempre me lembrarei e sobretudo desse “O engate”. Ou
será sobre Destino? Sobre diferenças culturais? O que é ou
não inexorável? Ou haverá mais alguma coisa? Nadine
Gordimer. Uma mulher como poucas.
Claire Scorzi 13/03/2016minha estante
Na pilha a ler, na pilha a ler...


Ricardo Rocha 21/03/2016minha estante
tem policial dela, a arma da casa. ou nao será? é de tribunall pelo m,enos


ElisaCazorla 02/02/2021minha estante
Ricardo, gostei muito da sua resenha :) Poderia, por favor, elencar os livros da Nadine que você já leu por ordem de preferência? Comprei 3 dela em uma tacada só e ainda não li nada dela. Comprei O melhor tempo é o presente, De volta à vida e O engate. Gostaria de saber qual seria o melhor para começar a ler a autora, na sua opinião. Obrigada! Abraços.




Bru 30/11/2021

O livro tem uma escrita quase poética e também quase não faz separação de diálogos, o que faz ser preciso uma atenção a mais. Achei uma leitura muito boa, os personagens são reais e diversos aspectos. Abdu que sente uma sede de buscar algo melhor e acha que qualquer lugar é melhor que seu país, já Julie despreza a ambição, a riqueza e a superficialidade da classe a qual pertence, mesmo quando ela ainda é beneficiada com esses privilégios. A relação de ambos é permeada de preconceitos e é retratado como um amor ambíguo, já que não se sabe estão juntos pelo que representam um para o outro, ou pela paixão carnal, ou pela comodidade ou por tudo isso juntos. O final é aberto, mas deixa a sugestão de algo se repetindo.
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Melissa Padilha 25/05/2014

Nadine Gordimer é uma escritora sul-africana nascida em 1923, vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 1991, publicou O Engate (The Pickup) em 2001, no Brasil foi traduzido pela Companhia das Letras em 2004.

Nadine é conhecida por ter um tom político em suas obras, principalmente as que são anteriores ao fim do Apartheid. O Engate faz parte da sua produção pós-apartheid e por isso um caráter menos ligado as questões políticas e raciais, porém ainda carrega em si um discussão sobre a imigração para Africa do Sul.

O Engate fala do relacionamento entre uma sul-africana de família rica, Julie Summers, que rejeita todo dinheiro, a fama, e a vida social privilegiada em consequência de sua origem, para viver especialmente entre um grupo de pessoas, que a seu modo contestam a sociedade sul-africana e a política do país. Do outro lado temos um imigrante ilegal de algum país árabe (que não é esclarecido no texto), Abdu um suposto mecânico, que conhece Julie, quando ela leva seu carro para conserto na mecânica que Abdu trabalha.

Ambos se encontram e começam uma relação improvável, em diversos sentidos, tanto quanto à origem, a religião, e mesmo quanto a sensação que o leitor tem, ao ler narrada a história de ambos, a construção desse amor não é algo explosivo ou extremamente evidente, é sorrateira e discreta, assim como ambos personagens.

É interessante a história de amor de Julie e Abdu porque, ao decorrer da leitura, percebemos que cada um anda de um lado da estrada, ambos querem se afastar de suas raízes, renegando relacionamentos e se mantendo-se longe de tudo aquilo que está relacionado com suas origens, inclusive de certo modo suas famílias. Mas, cada um anda de lados opostos, porque daquilo que Julie quer se afastar, Abdu quer se aproximar, entretanto essa contramão dos desejos de cada um, não é o suficiente para tornar a relação impossível.

Julie tem uma péssima relação com o pai, no qual ela projeta todo o "mal de uma sociedade baseada no dinheiro", Abdu quer se afastar da pobreza extrema e da "falta" de oportunidades que diz ocorrer em seu país. Por isso, digo que esta é uma relação na contramão de desejos, que se mantém apenas por um amor pessoal e totalmente isento das influências (até certo ponto) externas.

É interessante como neste livro, apesar da questão racial, do apartheid, estar um tanto fora de questão, a imigração sim é discutida no livro, a entrada de cidadãos de outros países e a busca por novas oportunidades nesta África do Sul pós-apartheid, que promete (mas não cumpre) oportunidades iguais a todos. Nada que os maiores países do mundo não sejam exatamente iguais.

Eu enquanto lia o livro, me aproximei demais de Julie, e me afastei de Abdu, por diversas razões, talvez mais por questões pessoais minha como leitora, do que por uma racionalização de qualquer questão literária que envolve ambos. Julie é aberta, tem olhos que querem enxergar além daquilo que a situação propõe, enquanto Abdu é pragmático e levemente insensível, e basicamente está atrás do "sonho americano". É um resumo injusto é verdade, mas não há como dizer mais, sem soltar um spoiler qualquer.

Li o final do livro, pouco antes de ir dormir e quase não dormi, pensando nos destinos escolhidos por aqueles personagens, cada vez mais eu acho que o bom livro é aquele que mexe conosco de alguma forma, que te sensibiliza, que te faz pensar, que não te deixa dormir, aquele que atormenta ou que te torna levemente obsessivo. Bom livro é aquele que fala com a gente, que toca num ponto sensível e que nos persegue por dias e dias. Nadine Gordimer fez isso comigo depois de terminar O Engate, ainda penso em Julie e Abdu e nas suas escolhas.



site: http://decoisasporai.blogspot.com.br/2014/05/o-engate-de-nadine-gordimer.html
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Brenda1192 27/01/2024

Resenha de: O engate por Nadine Gordimer
A história de "O Engate" é complexa e multifacetada, explorando temas de amor, política e as nuances da sociedade sul-africana. Gordimer, conhecida por sua capacidade de retratar a realidade social e política do seu país natal, consegue mais uma vez criar um universo rico em detalhes e personagens bem construídos. A maneira como ela entrelaça as vidas dos personagens com os acontecimentos históricos e sociais é, sem dúvida, digna de nota.

No entanto, preciso ser honesta sobre minha experiência com este livro. Enquanto reconheço o talento inegável de Gordimer e sua habilidade em criar uma narrativa complexa, achei a leitura um pouco desafiadora. Em certos momentos, a história pareceu-me um pouco arrastada, com um ritmo que nem sempre conseguiu sustentar meu interesse.



site: https://www.brendadelimapaiva.com/post/desafio-liter%C3%A1rio-de-janeiro-viagem-pelo-mundo-liter%C3%A1rio-o-engate-de-nadine-gordimer
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Marina.Cotrim 11/04/2017

Decepção
Estava com muitas expectativa para essa leitura, por se tratar de uma ganhadora do Nobel. Infelizmente, o livro não esteve à altura delas. Começando pela linguagem utilizada, que achei de um lirismo meio forçado, achei todo o conjunto do livro um tanto artificial.
A protagonista não é uma pessoa muito cativante. O homem pelo qual ela se interessa é descrito como um ser exótico, um "bom selvagem"; misterioso e belo. Os demais personagens pouco mais fazem que simplesmente desempenhar papéis para que os protagonistas possam existir.
Quanto à história, demora muito a se desenvolver e quando os eventos começam a ficar mais interessantes, ficamos com a impressão de que tudo só ocorre para provar um certo ponto, sem maiores complexidades.
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Carla Verçoza 12/06/2022

Um livro muito bem escrito, conta a história de Julie, moça branca de família rica, que conhece o imigrante Abdu (muçulmano), na África do Sul.
Não é daquelas leituras rápidas, porém é num ótimo livro. A narrativa é bem bonita e construída de forma interesante, narrador na terceira pessoa.
A Julie que tem a vida totalmente revirada por causa do estrangeiro, acaba se conhecendo melhor e se descobrindo uma pessoa com outros interesses e apaixonada pelo deserto. Confesso que sento um pouco de raiva dela no final.
Gostei muito e pretendo ler outros da autora.

"O pai apareceu quando estavam indo para o carro. Eles já tinham feito as despedidas obrigatórias. Ele a deteve um instante com um gesto que mal lhe tocou o ombro. Ela virou-se para um rosto que conhecia da infância. -Tudo bem com você? - A voz para ela apenas. E naquele momento, que iria instanta neamente parecer jamais ter ocorrido, houve no olhar que ela lhe deu de volta, só para ele, o entendimento de que pergunta va o mesmo: sobre ele, seu pai, de que havia entre os dois essa pergunta a ser partilhada, a ser feita, sobre ele, sobre a vida dele também." Pág. 59
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Tiarajú 22/03/2024

Reflexões a cada página
É um ótimo livro, que narra o encontro de um casal na África do Sul: uma mulher branca, herdeira de uma família rica, e um homem negro, imigrante ilegal naquele país. Eles namoram, casam e acabam morando numa realidade muto diferente daquela em que a protagonista conhecia.
O livro é muito bem escrito e leva a reflexões a cada página. Vale a leitura.
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