Nan ® 16/08/2020
Um livro repleto de ação, mas ações vazias não levam a nada...
Num mundo dominado por guerras e discriminações, uma mãe confere à filha o seu último desejo: “Fuja + Espada do Poder = Merlin”. Entre feéricos, reis e igreja... quem terá a Excalibur? – sem spoilers! Por ora, cabe a Nimue, a Dama do Lago, o destino tanto da lendária espada quanto do seu povo, os feéricos. E quem diria que essa história já foi contada também com uma pedra e uma espada enfiada nela!
Resumidamente, foi-me uma relação de ódio e amor – nessa ordem clara, embora incerta até hoje.
Sou eu ou a história? A premissa intriga, e é boa. Afinal, antes do destinatário final a que presumamos, uma mulher empunhou a Excalibur. Intrigou-me bastante.
Já o livro não é ruim, embora certos personagens sejam fracos... quem sabe não os personagens os fracos, mas seus acabamentos.
Qual seja o quanto gostei, a obra em si não empolga. Mesmo quando começa a engatar e pensamos: “Agora vai. Só vem, ó delícia!”, recebemos um tiro nos olhos e outro perdido no pé. Literalmente isso. O sentimento de tornar-se refém do livro – pois não é ruim.
Achei fraco e sem sal.
Falando nisso, convenha-se, Niume e Arthur não perecem funcionar nem como amigos ou aliados, quem os dera um casal... lembrou-me os “casamentos” forçados em Trono de Vidro! – só que a um nível abissal: Sara J. Maas, depois de Cursed, eu perdoo você... amigos?!
Que relação maldita de ódio e amor a que tive com essa obra, meu deus!
Grande parte da estrutura de Cursed e dos diálogos são clichês puríssimos. Embora também fazem com que a obra seja boa, não seja ruim, mas é ruim. Ela não sabe se caga, ou saí da moita; e pensa ter saído da moita(?!).
Ora quer ser jovem, “YA”, e aborda da pior maneira possível com “imprudências” por parte da protagonista, por “leveza” desnecessárias, por “racionalidades questionáveis”... Ora quer ser adulto, “NA”, e só atira questões sem aprofundamentos no ar, de modo que se perde no ar.
A trama podia ser complexa, mas é fraca, e ainda tenta ser complexa(?!).
E as ilustrações... não me empolgaram. Será que ninguém cogitou um toque mais humano, ou a minha versão veio estragada? – ei, Procooonnn! Todavia, se a ilustração fosse mais humana, com essa “narrativa robótica”, tornaria o livro perfeito, a meu ver. Há várias maneiras de interpretar a arte, desde que se casem. Não foi o caso.
Sinto-me mal por apedrejar Cursed aqui, mas não consigo elogiá-la... estou gritando para todos os lados, minha mente encontra-se numa bagunça sem fim, pois queria demasiadamente elogiar a obra... e não consigo.
Sou eu ou a obra? Não sou capaz de pensar noutra coisa agora...
Faltou... sei lá, tanta coisa. Pontuo um trabalho melhor com a trama e os personagens no topo dessa lista. Abruptamente, ação e ação e mais ação... oras, morram. Podem morrer, qual a diferença? Se sequer há uma estrutura na obra para sentir a diferença – pelo menos eu e ela não fomos apresentados, caso exista.
E a ação também não foi lá aquelas coisas...!
Sabe o que me lembra? Meu primeiro contato e agonia com uma obra literária derivada dum jogo: “Assassin's Creed: renascença”, de Oliver Bowden – ainda em 2020, se não me engano... droga, como o protagonista foi um dos melhores que já conheci, mas o restante...! Finalmente percebi, esta revolta agoniante é igualzinha. Caso quisesse a história do jogo, jogava o jogo ou procurava as cinemáticas no Youtube – caso ainda exista canais disso...
Cursed é originalmente uma série, filme, HQ ou jogo? Pois livro não parece. O mesmo bendito maldito sentimento de Assassin's Creed. É bom, tem potencial, mas é ruim e não tem. A narrativa, a estrutura de Cursed não vendem uma originalidade literária, não parece adaptada à literatura – estou falando besteira ou alguém pensou igual?
Agora até questiono-me se o autor lê literatura, porque... não é possível, não pode ser!
Pois bem, exagerei. Desculpe. Possivelmente o autor habituou-se a outras mídias de publicação. Acontece. E o resultado foi... uma série, um filme, uma HQ escrita? Qualquer quimera dessas aí, exceto um livro.
Nada contra essas mídias, pelo contrário. Todavia, quero ler a droga maravilhosa que me é um livro! Custa adaptar a mídia de publicação?
Lá se vai o meu amor agora em diante, preciso pesquisar mais antes de adquirir um livro, não preciso? Culpado, e sem sarcasmo.
Uma pena ter caído na armadilha doutro Assassin's Creed – agora... fui sarcástico e mal percebi!
Cursed tem seus clichês, mas quererá conhecer o final desse quebra-cabeça. Há várias questões de interesse – “Monge Choroso (eis um mistério que carregou a obra nas costas e o autor acertou em cheio)”, “Quem casará com Arthur”, “Destino da Nimue”, “Arthur será mesmo um rei (pois até onde lembro, há hipóteses históricas de que não foi... essa é mais a minha curiosidade pessoal)”, enfim... – que prendem a atenção e alimentam as expectativas.
Tudo bem. A meu ver, o ponto forte de Cursed foi o fim.
Perceber-se-á desde o princípio que a obra caminha para uma continuação – questões como manter a identidade de certos personagens até o limite em sigilo, possibilidades diversas para os caminhos que os personagens tomarão (como sentir um ar de originalidade nascendo em Cursed, ou talvez eu esteja me iludindo...), enfim! –, estava certo de que não leria a continuação, até o final do livro.
Foi um final... empolgante, inegável. Isto concedeu uma gota de interesse e estima pela obra, devido à possibilidade da originalidade que poderá nascer no volume seguinte.
Maldita obra! Ora parece incrível e épica, ora forçada e impensada.
Ainda sofro em descobrir se continuarei ou não; porque o gosto ruim que tive... quebra a mais pura e bela magia que Cursed instalou no fim. Parece melhor não me arriscar mais do que já me arrisquei, mas ao mesmo tempo cheguei tão longe para não mergulhar de cabeça...
E há um personagem muito interessante, quem sabe o único personagem mais interessante de Cursed após o Monge Chorão, Arthur... e, odeio admitir, mas isso cobriu os deslizes que senti no livro. Arthur e o Monge Chorão são personagens carismáticos por natureza, devido a todas as outras histórias relacionadas a eles – não necessariamente a Cursed, mas a Cursed o Monge Chorão conquistou em muito o meu interesse. E Arthur... sempre poderá ser o nosso Arthur, a possibilidade alimenta o desejo, e odeio ela.
AH! COMO EU ODEIO AMAR A MINHA VIDA LITERÁRIA!! É um misto de sentimentos que sequer sei por onde começar ou terminar...
Pronto. Estou mais calmo agora. Sinto a serenidade do desabafo, obrigado!
Isto posto, declaro: geralmente concedo 5 ou nenhuma estrela às minhas leituras; desta vez, contudo, marcarei três neste livro e com orgulho.
Lerei o segundo volume? Muito possivelmente. Já cheguei até aqui. Que seja... todavia, que fique salientado o meu desprazer e a dificuldade com Cursed.
Devia conceder menos estrelas, mas três reflete o que ainda nutro no peito – e salienta o que não gostaria de ter sentido no peito.
Considero três estrelas como um ato de fé e esperança ao potencial da série... que deus me proteja!
Por fim do fim, caso principiou na literatura, possivelmente amará Cursed. Leitores mais experientes e com pesares existenciais perante os clichês... leia, mas sem expectativas e com muita paciência. Essa obra é uma quimera de YA com NA que ainda está cagando na moita, mas não fede tanto quanto parece – e você pode até cagar ao lado, se quiser!
Acredito que é outra daquelas obras que dividem um público, pois o final realmente valeu a leitura.
Portanto, leia. Tire as próprias conclusões.
Abraços!