Andreia Santana 17/10/2011
Minhas leituras de Neil Gaiman: Sandman - O livro dos sonhos vol. 1 e 2
“Somos o animal contador de histórias”(Frank McConell)
.................
Conheci o universo de Sandman e dos Perpétuos através de minha irmã, fã e ávida colecionadora dos quadrinhos de Neil Gainman. Através do que ouvia dizer de Sandman e dos Perpétuos, conheci a obra em prosa de Neil Gaiman e as primeiras coisas que li dele foram escritas para crianças e adolescentes, Morte – A Festa e Os lobos dentro das paredes. Fascinante é pouco para descrever o impacto. Minha fila de leitura é longa e eclética e muitas vezes, demoro anos para ler um determinado livro, embora o namore diariamente.
Com a prateleira de Neil Gaiman, no quarto de minha irmã, aconteceu um namoro cheio de jogos de “cerca lourenço”. Quem não sabe o que é, cerca lourenço é aquele jeito meio sonso de cortejar, querendo e desdenhando ao mesmo tempo. Diante das infindáveis opções, ela tem praticamente toda a obra do escritor em edições de luxo ou de banca de revista, me decidi por uma leitura fácil para não iniciados.
O Livro dos Sonhos reúne contos de diversos autores americanos e britânicos que traduzem o universo onírico de Morpheu e seus irmãos Perpétuos. Para quem não está por dentro de todas as intrincadas tramas do reino do sonhar, embora seja uma sonhadora por instinto, é um bom começo. A frase de Frank McConell no prefácio do volume 1 (O livro dos sonhos tem dois volumes) “Somos o animal contador de histórias” me fez perceber que, ao avançar pelas páginas que misturam realismo fantástico, um pouco do terror sombrio do século XIX – muito mais de mistérios que de sangue e gosma – e principalmente, uma forma tão simples de contar histórias que está tudo ali, bem ao alcance, mas sem ser rasteiro, me encontrei em meu elemento.
Os contos vão do doce e ingênuo como Sete Noites na Terra do Sono, de George Alec Effinger; aos mais crus e realistas como O Ilusionista (Caitlín R. Kiernan); passando ainda por ternas histórias de amor – Farsa com Maré Alta (Collin Greenland).
O meu conto preferido é Chain Home, Low (de John M. Ford), do volume 1, porque é ambientado na II Guerra, porque mistura noticias do front e pacientes com encefalite, a doença do sono; e, porque como nenhuma outra história da coletânea, permite embarcar na nebulosidade daquela nossa outra vida, a que compartilhamos com Morpheu e seus irmãos todas as noites, durante, dizem os cientistas, um terço de nossas existências.