spoiler visualizarBela 14/06/2023
Minhas impressões (literalmente impressionada)
Faço as palavras de Isabela Boscov as minhas: ?Que experiência, ao mesmo tempo, avassaladora, fascinante e viajante. ?
O livro ?A Ilha? é uma ficção-científica cheia de mistérios. Tudo começa quando três garrafas enigmáticas aparecem em uma ilha, seus habitantes acreditam que apenas em sua ilha há vida e seres humanos, pois na memória de cada um deles há informações de que houve uma destruição mundial, uma catástrofe acabou com os continentes, no qual apenas uma ilha com poucas pessoas conseguiram sobreviver e continuar com a vida humana. Todavia, entretanto, no enquanto... será mesmo? Será mesmo que são os únicos em todo planeta? E em todo universo? São esses os questionamentos dos nossos personagens. Cada um acredita e ouve teorias diferentes, têm aqueles que pensam em um continente que ainda existe. A teoria de um continente existente somente cresce quando três garrafas e um baú surgem na praia da ilha, habitantes diferentes encontram as garrafas em tempos diferentes. Dentro de cada garrafa contém um mapa, um mapa da ilha e adivinha do que mais...? DE UM CONTINENTE! E digo mais!! Em cada mapa continha um versículo bíblico, os três versículos são os primeiros da Bíblia, do livro de Gênesis. E foi aí que o mundo deles começou a virar de cabeça pra baixo! Será possível? Um continente com vida? Ou será que esse continente não existe mais? Isso é ainda pior do que se pode imaginar! Muito além. Investigações começam, juntamente desaparecimentos também. Estranhos ocorridos, pessoas e lugares simplesmente vão desaparecendo sem explicações.
Uma distopia muito louca, sai mais doida do que quando comecei a ler. Então se você for ler se prepara, pois vem bomba. O fato do narrador conversar diretamente com o leitor é incrível e amei, suas descrições e intimidade com o leitor leva a leitura a ser genial, com uma facilidade enorme de imaginar tudo e sentir-se dentro do livro, dentro daquele mundo, como se estivesse vivenciado de pertinho. No início da leitura o narrador me colocou como sua única saída, durante como sua parceira de observação (senti-me ser uma amiga e confidente fiel), mas no fim ele pôs-me como uma suspeita! Acredita? Duvidando da minha pessoa, desconfiando que sou um dos cientistas malucos e bandidos. Porém, entendo o porquê dele pensar assim, até porque... o recado era para um dos cientistas bandidos que leu o relato, e não para uma camponesa inocente (que no caso sou eu). Falo tanto em cientistas porque ao decorrer da leitura os mistérios vão sendo revelados e compreendidos. Aquela ilha na verdade não era nada mais que uma simulação, tudo era falso (sério, nem Judas foi tão falso assim), as coisas, aquelas pessoas e tudo que possuía vida eram clones. Uma ilha artificial elaborada para um experimento de vários cientistas e do governo, chamado de "O Projeto Gênesis", por essa razão as citações bíblicas, fizeram então clones para serem suas cobaias. A história passa em um futuro onde a tecnologia é mega avançada e a clonagem é quase perfeita. Com os clones começando a apresentarem defeitos os cientistas tiverem que inventar uma antimatéria, por causa disso tudo na ilha começou a sumir de repente, a antimatéria fazendo o seu trabalho.
Fiquei triste porque no final a ilha e os personagens desapareceram todos, meu brilho sumiu e a emoção foi forte. O livro nos leva a pensar que mesmo não sendo clones muitas vezes somos controlados pelo governo e que nem imaginamos os experimentos obscuros que ele e cientistas fazem por aí. Tudo muito secreto e sem empatia. Lendo essa obra maravilhosa de Flávio Carneiro acabei tendo lembranças boas de outras leituras, sua escrita é fluida e cheia de um toque que nos prende a atenção, que chega em um nível de não conseguir parar de ler até terminar. A curiosidade para saber toda a verdade e desvendar os enigmas é gigantesca que é possível terminar a leitura em um piscar de olhos e se perguntar "como assim já acabou?". Algo também que considerei interessantíssimo foi que os personagens encontraram na biblioteca o próprio livro que eu segurava nas mãos! E assim eles leram a própria história (isso é bem louco e incrível ao mesmo tempo). Assim criei minha teoria, se eles estavam lendo o que acontecia com eles, poderia eu também está lendo o que acontece com a humanidade? Por alguns momentos estava super acreditando que tudo aquilo era real, de tão persuasivo que é o autor (será mesmo uma ficção?). Teoricamente pensando, eles lendo o mesmo livro que eu lia enquanto eles estavam lendo, poderíamos também sermos clones e cobaias de um experimento maluco? Se tudo começar a desaparecer foi porque estamos descobrindo a verdade e nossa memória verdadeira está se misturando com a memória falsa que os cientistas aplicaram em todos nós. Fiquem atentos, e salve-se quem puder.
Essa tornou-se uma leitura inesquecível, assim como outra obra do mesmo autor - A Distância das Coisas. A Ilha, és uma aventura perigosa, com suspense (algo que amo muito), catástrofes, investigação, mistérios, emoção e preocupação. "Fui dormir muda, acordei calada de tanto choque", foi exatamente o que aconteceu comigo quando terminei de ler, por ser um livro muito surpreendente e chocante. Quando citou o ano de 2052 se referindo ao passado distante fiquei refletindo como vai ser esse futuro que nos aguarda, e esses próximos séculos que aguardam nossos descendentes (se a humanidade conseguir viver tanto assim, pois como andam as coisas...). Muitas reflexões para serem feitas e lições para serem aprendidas, da maneira como o escritor costuma fazer em seus livros. Recomendo ler pela noite também, senti um pouquinho de medo e alguns barulhos não estavam ajudando, pensei que sumiria junto com os personagens. Indicadíssimo! Do meu ponto de vista pessoal... É UMA OBRA PRIMA!
E deixo aqui algumas citações do livro:
?Só me restou uma alternativa, a de subir a torre do convento e me trancar na biblioteca, na tentativa de contar a verdadeira história da ilha a alguém que não conheço e não sei onde está, em que lugar, em que século, alguém que não sei se existe. Só me restou uma saída: você.?
?Um único livro pode servir de abrigo ou perdição, não é preciso ir muito longe para isso, e portanto não é nenhum absurdo dizer que, embora modesta, a biblioteca é todo um universo (alguns diriam o universo).?
?Destas cidades restará somente o vento que as atravessa.?