Léo 05/11/2023
Conheço -- e admiro -- o Otto cronista, que usa e abusa do cotidiano para narrar causos que são atemporais. Não conhecia, entretanto, o Otto romancista, ficcionista, que escreveu estas duas novelas. Ainda que, na minha opinião, menor, este, tal qual aquele, também tem muitos tesouros a revelar.
A testemunha silenciosa, que dá nome ao livro, é uma novela simples, que acompanha a vida de um menino, Juquinha, junto de sua família no interior de Minas. Vemos ele amadurecer e criar consciência do mundo que o rodeia, repleto de maldade e de morte, até que algo impactante acontece em sua vida. Há alguma saída? A novela é, até certo ponto, misteriosa, pois não sabemos muito mais que nosso protagonista, que é também o narrador.
A cilada, por sua vez, é uma novela sobre o arquétipo do avarento. Para Tibúrcio, "viver é possuir". A genialidade dessa história reside na narrativa, como se fosse um reflexo da opinião popular sobre a figura exótica e malquista.