Helder 28/10/2014Livro adultoNão sei dizer se gostei deste livro. É a primeira vez que leio Le Carré, e esperava um livro de espionagem com aventuras e grandes reviravoltas, porém o livro não é nada disso.
Na verdade parece um manual burocrático da espionagem ou um artigo cientifico sobre a atual politica mundial. Esqueça James Bond e pirotecnias. O máximo que existem são grampos e câmeras, mas não existem mais perseguições. Hoje a espionagem é feita atrás de mesas, e é difícil saber quem é o real inimigo.
O livro tem poucos personagens, mas as ligações entre eles são tão complexas, que para mim parecia que existiam centenas de personagens. Porém é tudo tão atual, que parece que estamos lendo uma aula de história atual. Todos os problemas mundiais que para nós parecem tão longe quando vemos no Jornal Nacional aparecem por aqui. Temos o terrorismo, o preconceito religioso, os imigrantes ilegais, muçulmanos, etc.
A estória começa com Issa, um refugiado Checheno muçulmano que foge da Russia e acaba chegando a Hamburgo com um objetivo que demoramos a entender. Tem todo o perfil de terrorista homem bomba. Em Hamburgo, se refugia na casa de uma família turca que também está ilegal na Alemanha, e por intermédio desta família conhece uma entidade que ajuda refugiados, e ali conhece Annabel, uma advogada filha de um advogado e uma juíza e a procura de seu lugar na carreira, com um extremo senso de justiça.
Devido a problemas no passado, ela acredita que Issa seja realmente um inocente que tenha sido torturado por diversos regimes e que agora só busque expiar os pecados realizados pelo seu pai no passado. E para isso ele precisa de um dinheiro que se encontra com Brue, um banqueiro quase a falência, cujo pai criou contas escusas em épocas de guerras, com o auxilio da espionagem britânica.
Mas será que Issa é assim tão inocente? Logo descobrimos que existe um grupo de espionagem Alemão que prefere desconfiar do rapaz e ver até onde ele chega. E ai temos o manual burocrata da espionagem no século XXI. A função destas pessoas pós 11 de setembro é simplesmente procurar pelo em ovo. É muçulmano? Com certeza pode ser um terrorista. Entao vamos dissecar a vida desta pessoa.
Samba do Europeu doido?? Mas ainda não terminou. Temos ainda o serviço secreto britânico que também sabe que Issa se encontra em Hamburgo e deseja ter acesso ao rapaz.
E no fim percebemos que existe sempre uma força maior, ou seja, não existe terrorismo sem dinheiro, portanto tem que existir algum financiador e parece que Issa é um peixe pequeno , mas que pode chegar em um peixe bem maior.
E é engraçado ver como não existem segredos. As inteligências alemãs, inglesas e até americanas se detestam, mas todas tem acesso às mesmas informações, condenando pessoas de forma mundial.
Tudo isso é descrito em frases secas, com momentos subentendidos, e sem grandes ações. Aos poucos você vai percebendo quais são os reais objetivos dos personagens, e fica sempre um suspense no ar. Fulano vai fugir do script??
E quando no fim isso acontece, acabamos tendo uma surpresa ruim, ao perceber que o poderio desta gente ainda é muito grande por ai e ficamos com um gosto amargo na boca, ao perceber que justiça é simplesmente uma palavra no dicionário.
Leia se procura grandes pensamentos.
Fuja se procura grandes emoções.