Carla.Parreira 09/11/2023
O advogado de Deus (Zibia Gasparetto/Lucius).
O livro é uma história cujo tema gira em torno de dois jovens advogados que, a despeito das poderosas forças econômicas envolvidas, resolvem aceitar o caso de um herdeiro de uma fortuna, que foi injustiçado e espoliado, tendo perdido sua família precocemente, assassinada em nome do dinheiro. A história de Daniel demonstra que ainda se pode confiar em alguém que respeita a ética, na procura da verdade, e eficientemente promove a justiça. Estes são anjos chamados de "advogados de Deus".
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Melhores trechos: "...Na adolescência, sempre que alguém criticava uma falha sua, sentia revolta e rancor. Não errava de propósito, mas por não saber fazer melhor. Sentia que as críticas não o ajudavam em nada, davam-lhe apenas uma visão de incapacidade que se ele aceitasse acabaria por incapacitá-lo ainda mais... As pessoas não amam a si mesmas, como podem amar o próximo? Ainda estão muito longe do amor verdadeiro. O que se vê no mundo é o bem por obrigação, pelo medo de ir para o inferno, é a vontade de ganhar alguns pontos diante da sociedade e de Deus. Contudo, a alma deles está abandonada, sem conforto, sem alegria, sem carinho, sem amor. Como alguém pode ser bom sem sentir amor? Como alguém pode dar aos outros o que não têm? E por isso que a violência e a crueldade andam soltas no mundo... Se a violência e a crueldade refletem a falta de amor dos corações, a dor, as tragédias, as doenças são meios que a vida usa para sensibilizar, abrir as consciências e mostrar os verdadeiros valores. Tenho a certeza de que um dia todos iremos aprender... O conflito aparece quando você se reprime e não age de acordo com o que sente... Não é a cabeça que decide seu caso. Ela está demasiado cheia de racionalidade, de idéias e regras que aprendeu na sociedade. Você acredita que precisa resolver suas emoções por meio do raciocínio. Que isso é ter bom senso. Que fazer o que sente pode ser ruim. Não confia em si mesmo. Só acredita no que lhe disseram ser o melhor... Não adianta querer explicar sentimentos através do raciocínio. Emoções talvez possam ser entendidas, mas sentimentos, não. Eles surgem e não têm explicação. O amor, as afinidades e preferências, as vocações são manifestações da alma. Quando você tenta reprimi-las, anula-se, deprime, cria conflitos, empobrece... Emoções são reações de pensamentos, refletem a maneira com que você vê e julga determinados fatos. Os sentimentos, não. Eles vêm da alma. Aparecem e extravasam simplesmente. Refletem-se no cultivo do belo, no capricho de fazer coisas, no carinho e na ternura por tudo e por todos. É o prazer exteriorizado. Quando você ama e expressa livremente esse sentimento, seu carisma envolve tudo que você toca e o prazer, a alegria que você sente faz sua felicidade... O sentimento de injustiça aparece por nossa incapacidade de conhecer a verdade integral dos fatos. Pense nisso e não se aventure a julgar. Quando estiver amadurecido e esse conhecimento chegar, tenho certeza de que se sentirá feliz por haver perdoado e esquecido. Ainda uma coisa: lembre-se que cada um só dá o que tem. Não espere dos outros o que ainda não têm para dar. Por isso, não exija o impossível e compreenda... Ninguém nega a beleza das leis humanas tentando estabelecer os direitos, para que a melhor justiça seja feita. Porém muitos profissionais do Direito que juraram defendê-las afundaram-se na ganância e nos abusos do poder, perdendo-se na desonestidade. Por isso há tanta descrença na justiça dos homens..."