@thereader2408 11/08/2021É sobre complexidade humana"Eu conheço essa mulher. Ela morava com um bando de pássaros na avenida Lenox. Conheço o marido dela também. Ele ficou caído por uma garota de 18 anos, um daqueles amores de espantar, lá no fundo, que fez ele ficar tão triste e feliz que matou a moça para o sentimento continuar." E foi assim que a Toni Morrison capturou toda a minha atenção, logo no primeiro parágrafo da primeira página do livro publicado em 1992, um ano antes de a autora ganhar o prêmio Nobel.
Jazz não é um livro fácil de ler, até porque pelo pouco contato que tive com a autora, percebi que a escrita dela não é nada convencional, mas cativa pela profundidade com que cada parágrafo é construído, em muitas das vezes pode confundir com as diferentes interpretações possíveis de sua narrativa multilinear.
A própria autora define seu trabalho como: "É um Jazz. Uma profusão de sons e nuances, altos e baixos. Tons. Daqueles que se estivermos perto demais da caixa de som, ouvimos mais a vibração que a música." E a autora soube bem como compor essa história, é genial, mas vá com calma. Apesar de pequeno o livro é denso, afinal é um Jazz, dinâmico e caótico e esse Jazz é, sobretudo, um livro sobre complexidade humana, sobre mulheres complexas.
Violet mora no Harlem com o marido, bairro negro de Nova York, em 1926. Os dois vieram do campo, assim como muitos outros, em busca de novas oportunidades. Joe, marido de Violet, em um rompante de ciúme mata a namorada adolescente, Violet em um arroubo de ciúme tenta matar a moça morta. Isso mesmo que você leu. Jazz também é uma história de amor, nada clichê, que avança e recua no tempo e escancara a dura realidade da vida do povo preto das cidades dos EUA na primeira metade do século XX.
"É. Do jeito que você quiser. Você não quer que o mundo seja alguma coisa mais do que ele é?
’Para quê? Não dá para mudar o mundo.
Por isso mesmo. Se você não inventa o mundo, ele muda você e o azar é seu se você deixa. Eu deixei. E estraguei a minha vida.
Estragou como?
Esqueci.
Esqueceu?
Esqueci que era minha. Minha vida. Fiquei correndo pela rua para cima e para baixo querendo ser outra pessoa."
Quem mais levou um tapa na cara ao ritmo de Jazz?
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