BeatrizFonseca1 09/04/2023
Hobbsean, Eric: Sobre História, Companhia das Letras, ano; 2006 , 330 paginas.
Citações
“É sempre mais fácil culpar o de fora” (17)
Nadamos no passado como o peixe, na agua e não podemos fugir disso”(p.35)
“Isso ocorre em parte acontece porque os seres humanos, são quase os mesmos , e as situações humanas, são de tempos em tempos recorrentes “(p. 39)
“se os historiadores progressivamente recorram a várias ciências sociais em busca de métodos e modelos explicativos , as ciências sociais progressivamente tentaram se historicizar e com isso recorrem aos historiadores”(p.75)
; “A história da sociedade é, portanto, uma colaboração entre.
modelos gerais de estrutura e mudança social e o conjunto específico de
fenômenos que de fato aconteceram.”(p.77)
“Os economistas e historiadores, portanto vivem em uma incômoda coexistência” (p.91)
“A história, por outro lado , não pode decidir excluir nenhum aspecto da história humana, a priore , embora optando , de tempos em tempos, por se conectar em alguns e negligenciar outros “(p.102)
“É tão absurdo transformar países em não países nos mapas quanto transformar pessoas em não pessoas nos livros de história.”(p.121)
Texto Crítico
O autor escreveu nesse livro baseado em vários ensaios a respeito de reflexões sobre a história, ele analisa o valor da história para a sociedade, o seu uso e abuso, frisa que o passado é uma construção do historiador , com base nas fontes e não a verdade em si.
“Sobre História” escrito pelo historiador marxista Eric Hobsbawn aborda, que na guerra fria, o sistema socialista teve um declínio e veio a cair, porque os próprios países, não acreditaram que sua ideologia, era superior a capitalista. As ideologias e o nacionalismo exagerados, eram territórios férteis para que existissem a xenofobia e o preconceito e assim começasse o Nazismo , porque “É sempre mais fácil culpar o de fora” (17) Eric salienta que acreditava que o trabalho do historiador não podia produzir nenhum mal para a humanidade, como o do físico entretanto é o historiador que produzir ideologias, que vão se expandir para a população, e um aspecto que tem o deixado preocupado é o fato que a nova fase dos escritores de romances escreverem livros unindo ficção e realidade, o historiador não pode inventar fatos , ele tem que dar uma resposta clara, sobre o fato com base nas evidencias(fontes) e nos métodos.
Os mitos e as invenções estão na politica, identidade das pessoas, mas eles podem ser perigosos, já que podem dar a impressão que um povo é melhor ou pior do que o outro, Hobsebawn, salienta que história é que as pessoas aprendem com os professores, padres, e principalmente com os historiadores, e que eles mesmo sendo humanos devem se livrar de paixões e preferencias.
O presente tende a seguir o passado, já que as estruturas e modos de pensar das pessoas tendem a demorar um longo tempo para serem modificadas, a velha moralidade existe, mas existem pessoas, que a quebram, se não fosse assim nenhuma garota perderia a virgindade, antes do casamento ou todo mundo ia para assistir as missas. As estruturas do passado, ainda ficam em nossos comportamentos e modos de pensar, mas chega um ponto que ele não pode ser mais reproduzido ou restaurado e se torna apenas um código histórico conservador. Rejeitar completamente o passado pode gerar um problema, porque pode desencadear uma revolução, ou seja o ser humano controla a tecnologia, a ciência e o conhecimento aspectos que se forem bem usados podem gerar males ao indivíduos.
“Nadamos no passado como o peixe, na agua e não podemos fugir disso”(p.35) porque ele que orienta nossas formas de pensar, agir e falar no presente.
No capitulo três, intitulado “O que a História tem a dozer-nos sobre a sociedade Contemporânea”? O autor traz á baila, que História é todo minuto, são todos acontecimentos que já foram vivenciados, mas cabe ao historiador analisar, as partes mais importantes e que tiveram mais relevância para a humanidade, passado representa sabedoria e conhecimento, as pessoas mais velhas sabem a respeito de como era a sociedade, como os indivíduos pensavam, agiam e como ela estava organizada.
“Isso ocorre em parte acontece porque os seres humanos, são quase os mesmos , e as situações humanas, são de tempos em tempos recorrentes “(p. 39) a experiência humana, nos diz muito sobre quem somos, como pensamos, e alguns eventos, econômicos por exemplo podem ser supostamente previstos, segundo Eric, através de um padrão, ou ciclos de longa duração de Kondrative” , Hobsbawn salienta que previu uma grave crise econômica para 1968, e de fato ela ocorreu em 1970, essas supostas previsões são feitas por dois métodos, que são a generalizações, ou modelagem, ou analise dos fatos, para verificar as possíveis consequências, já era sábio que os EUA e URSS, se tornariam duas grandes potências econômicas, entretanto não se podia fixar uma data para isso.
Eric, salienta que História, não é apenas o que ocorreu no passado, mas o que está acontecendo agora, frisa que no século XX, os Historiadores, conservadores e ordotoxodos em 1980 possuíam um medo terrível, da História se aproximar das ciências sociais, “se os historiadores progressivamente recorram a várias ciências sociais em busca de métodos e modelos explicativos , as ciências sociais progressivamente tentaram se historicizar e com isso recorrem aos historiadores”(p.75) , a história deixou de ser meramente narrativa e descritiva e passou a ser problematizada, analisada e explicada, deu destaque as singularidades , e os indivíduos que mais contribuíram para que isso ocorresse foram Lucien Febre e March Bloch, com a criação das escola dos Annales em 1929, e que os conceitos marxistas de estrutura e superestrutura ficaram confusos por causa do indistinto dos dois conceito, a partir de 1950, o mundo passou por bruscas transformações , como a diminuição do numero de católicos, o rock roll, teve destaque no mundo musical, e outros elementos , e essas mudanças tiveram a haver com aspectos econômicos e políticos.
Eric frisa que não havia uma grande preocupação entre os historiadores de escreverem uma história social, pois eles se preocupavam muito com aspetos econômicos e estruturais, autores como Clapham, argumentam que a economia era o fundamento da sociedade, e todos os outros aspetos como os culturais, sociais e mentais, deveriam ser analisados de uma perspectiva econômica e que seria impossível , separar questões econômicas, de sociais , a historia social não pode se isolada como outros campos, pelo fato que ela tenta analisar o todo, o global o historiador social deve por obrigação unir economia, cultura e outros aspetos, enquanto o econômico pode não se importar com esses elemento, a historia social , reforçou seus métodos e teorias, a partir da década de 1950, pelo fato que as instituições acadêmicas e os alunos exigiram isso .
Houve um aumento considerável de pesquisas, relacionadas à revolução industrial, inglesa, para compreender quais foram os fatores econômicos e social, que motivaram a revolução , quais foram os grupos que estavam envolvidos, quais seriam suas intenções, entre outros questionamentos. A historia das mentalidades é complexa de ser feita, pelo problema com relação às fontes, que são fragilizadas, e pelo fato que busca entender de uma perspectiva mais micro, como os indivíduos pensavam e se comportavam em determinada sociedade e no determinado período cronológico, eles tratam de temas como o medo , a infância e a morte. Existem momentos históricos, como a revolução industrial, que modicam as mentalidades das pessoas e a forma que a economia flui perante a sociedade pois esse processo supostamente trouxe desenvolvimento para os indivíduos; “A história da sociedade é, portanto, uma colaboração entre.
modelos gerais de estrutura e mudança social e o conjunto específico de
fenômenos que de fato aconteceram.”(p.77) a historia das sociedade humana, se contrapõe, a outras espécies animais, e as relações entre as pessoas, se modificam , possuímos mais de uma definição de sociedade, de acordo com tempo cronológico estudado ou lugar, por exemplo sociedade no Japão vai se definir de uma maneira e enquanto na Inglaterra vai se classificar de outra visão. Uma sociedade pode possuir estruturas politicas e econômicas semelhantes, entretanto não são iguais nas questões sociais e culturais, as divergências culturais das sociedades, estão sendo perdidas, e dando lugar há uma unificação e hominização das culturas, as tenções e embates sociais tendem a dar novos significados a estruturas sociais, que os historiadores analisavam anteriormente, devemos criar vários modelos de se analisar as sociedades, unir teoria e pratica e generalizar todas as informações, entretanto devemos ter a consciência que o pesquisador pode errar aos fazer essas generalizações.
Os aspectos que os historiadores mais tem se preocupado em analisar são: demografia e parentesco, estudados urbanos , classes e grupos sociais, historia das mentalidades, a transformações sociais, causadas por revoluções como a revolução industrial e movimentos sociais e protestantes, o assunto da demografia já se tornou um tema consolidado na historiografia, com métodos e teorias apropriados para seu estudo, ele é um tema que tem dado nossos significados a fontes paroquiais, que antes eram consideradas fontes que já estavam perdendo sua importância, porque estava se tornando desgastado , através do estudo demográfico, podemos analisar a forma que as pessoas se relacionam, como se descolavam e porque se descolam de um pais para outro, ou de uma região para outra, influenciando em sua cultura e seu modo de ver o mundo . Esse tema incentivou que os historiadores, trabalhassem com dados quantitativos, como gráficos e tabelas.
Pesquisar a historia da urbanização também é de estrema importância, porque pode-se analisar os problemas urbanos, como o índice de violência, os motivos da violência, entretanto cada cidade possui suas peculiaridades e limitações geográficas, por isso para analisar –las de forma coerente, é necessário uma pesquisa bem organizada e grande, a nível de um PHD, nessa área. . “Os economistas e historiadores, portanto vivem em uma incômoda coexistência” (p.91) os economistas , que não fazem um trabalho voltado para a analise de dados, e operações econômicas, não são economistas reais , estão mais para serem filósofos ou matemáticos, já há história, não pode ser aplicada, porque o historiador não pode regressar ou resgatar o passado para modifica-lo, os economistas necessitam da história para buscar respostas no passado , que não são encontradas no presente. “A história, por outro lado , não pode decidir excluir nenhum aspecto da história humana, a priore , embora optando , de tempos em tempos, por se conectar em alguns e negligenciar outros “(p.102) porque todos os aspectos sejam eles econômicos, culturais, mentais vão ter sua importância para a humanidade , escrever história é também quantificar, devemos analisar aspectos como a quantidade de escravos, que vieram para os EUA, por quanto eles eram vendidos, qual o índice de escravos que faleciam nos navios , etc.
Eric argumenta a respeito da economia, que está em todos os setores da sociedade, como nos casamentos, nos funerais, nas missas, na cultura entre outros ascptos , argumenta que alguns indivíduos não querem que a ciência e a politica, sejam separadas , mas na prática existe uma certa fragmentação entre ciência e politica, os mapas e cartografrias, usadas pelos geógrafos podem ser analisados de duas perceptivas, que são territoriais e politicas, já que quando um governo ou prefeito cria uma divisão de território através de uma ponte, isso já está sendo ligada para o campo politico, de analise.
“É tão absurdo transformar países em não países nos mapas quanto transformar pessoas em não pessoas nos livros de história.”(p.121) , ou seja os países devem ser encarados como tal, quando os geógrafos estão delimitando que determinado território pertence a Argentina e não a Alemanha, por exemplo , ele está agindo como politico e não como geografo e quando tomam a decisão de delimitar, usam argumentos políticos ou filosóficos, mas não geógrafos .
Vamos abandonar a discursão de que Marx, analisou a cultura e as mentalidades, ou não, mas na opinião de Eric, ele não se limitou apenas ao aspecto econômico, e para analisar uma sociedade, deve-se começar por seu modo de produção ou o “metabolismo, entre homem e natureza”(p.150) e o modo como o ser humano lida com a natureza e a transforma, a teoria do conflito, vulgarmente chamada de marxismo, recebe outra critica, pelo fato que argumenta, que a superestrutura deve se conformar, com as distinções entre os seres humanos, provocadas pelo modo de produção.
Eric salienta, que os historiadores, faziam sua historiografia a partir de grandes nomes políticos, toda via isso está mudando em decorrência da moda, da história “vista de baixo”, ou seja a analise e o estudo das classes sociais, menores, ou ditas minorias sociais, como negros, mulheres, índios, etc, frisa que os pobres geralmente aceitavam sua classe social e pouco ou nada faziam para mudar essa realidade, exceto em casos extremos como a revolução francesa, a qual faltou comida, para eles e estão sendo influenciados pela classe burguesa , a lutar pelos seus direitos.
Para concluir essa obra é muito interessante, complexa em alguns momentos, mas depois de ler novamente compreendi a ideia proposta pelo autor, ele salienta que todas as classes, que enfrentam a burguesia, apenas o proletariado é radical e revolucionaria, porque eles lutam por direitos e melhorias em sua forma de trabalho e em sua vida pessoal.