Ju 08/09/2012O Morro dos Ventos UivantesSim, eu ouvi falar desse livro pela primeira vez por causa da saga Crepúsculo. Dei de cara com ele há pouco tempo em uma livraria e fui praticamente obrigada a comprá-lo. A edição que eu tenho traz estampada na capa a mensagem: "O livro favorito de Bella e Edward da série Crepúsculo". Um lembrete pra mim de que eu queria lê-lo há tempos!!
No início da narrativa, o sr. Lockwood aluga a "Granja dos Tordos" (ou simplesmente, a Granja), propriedade vizinha ao "Morro dos Ventos Uivantes" (conhecido como o Morro). As duas fazendas pertencem a Heathcliff, um homem amargurado e que vive quase em total isolamento.
Isolamento é o que busca também o locatário, mas resolve se apresentar a Heathcliff e, ao chegar ao Morro, se espanta com a falta de luxo e a aparente desarmonia em que vivem seus habitantes. Sua curiosidade lhe faz interrogar a criada, Nelly Dean, a atual governanta da Granja, que viveu toda a sua vida cercada pelos envolvidos na história.
Em seu relato, Nelly atravessa várias gerações de algumas famílias, e nos faz entender as transformações ocorridas com as personagens.
Tem um pouco de spoiler a seguir, nada que você não vá descobrir mais ou menos até a página 70. Caso você prefira não se arriscar, pule para o último parágrafo.
Não concordo muito com a afirmação da sinopse de que o amor entre os protagonistas seja um amor proibido. Acho apenas que faltou coragem e desprendimento a Catherine. E me parece que Heathcliff concorda comigo:
"Por que traíste o teu próprio coração? (...) Pois não foi a miséria, nem a degradação, nem a morte, nem algo que Deus ou Satanás pudessem enviar, que nos separou. Foste tu, de livre vontade, que o fizeste. Não fui eu que despedacei teu coração, foste tu própria".
Catherine escolhe se casar com Edgar Linton, um vizinho seu, porque vai "gostar de ser a mulher mais importante das redondezas e terá muito orgulho do marido" que conseguiu arranjar. Desde o momento de sua decisão, ela sabe que está errada, pois diz: "Sinto na alma e no coração que faço mal!" E ainda completa: "(...) se esse monstro que está lá dentro (Catherine se refere a seu irmão, Hindley) não tivesse feito o Heathcliff descer tão baixo, eu nem teria pensado nisso: seria degradante para mim casar agora com Heathcliff; por isso, ele nunca saberá como eu o amo; e não é por ele ser bonito, Nelly, mas por ser mais parecido comigo do que eu própria. Seja qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais, e a do Linton é tão diferente delas como um raio de lua de um relâmpago, ou a geada do fogo."
Para mim a história de amor entre Catherine e Heathcliff não é a melhor do livro, nem a que eu consideraria eterna. Tive uma decepção tremenda com eles. Uma troca o amor de sua vida por outro para não correr o risco de perder seu dinheiro ou sua posição social. E o outro, ao invés de tentar conversar com ela ao saber disso, foge do problema. Na minha opinião, o que eles sentem podia ser amor no início, mas acaba se transformando em uma obsessão que não faz bem a eles nem a mais ninguém. A autora expõe com maestria sentimentos da natureza humana como o ódio, o desejo de vingança e a mesquinhez.
Tem uma outra história no livro (que não vou revelar aqui) que para mim representa o que é o amor. Que mostra que devemos engolir o orgulho e lutar por quem amamos. Que precisamos ver além das atitudes das pessoas, procurar entender o que gera essas atitudes. E que, cuidando da causa, a situação geralmente se resolve.
Gostei bastante do livro, é intenso e muito bem escrito. Tem uma linguagem própria da época e por isso prepare-se para encontrar palavras incomuns. A história me prendeu desde o início, apesar de ter sentido uma imensa raiva de algumas personagens. É um clássico e com certeza existe um motivo para ter sobrevivido por tanto tempo.