Viagem

Viagem Graciliano Ramos




Resenhas - Viagem


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Jorge Luiz da Silva 19/09/2023

Envolveu política, complicou
Alguns comentários dizendo que muita coisa escrita foi o contrário da realidade. Outros disseram que ele deve ter contado o que mostraram pra ele e o que permitiram que ele visse. O que envolve política realmente é complicado...
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Jotta Cavalcanti 18/08/2023

Um Olhar Positivo
Não conhecia Graciliano Ramos. Na verdade não me interessava até um tempo atrás literatura brasileira (se lia era à escola, às vezes, que obrigava), mas depois de uma profunda reflexão em 2022 (ao qual não citarei toda) fiz uma pesquisa de todos autores que temos no Brasil e selecionei apenas os clássicos e prometi, pelo menos, ler um livro de cada um deles, não só para me conhece-los mas, entender um pouco mais o ponto de vista deles ao aspecto brasileiro entre outros - levando em conta que alguns deles são de tempos diferentes.

É difícil julgar esse livro que li escrito pelo o autor. É claro, que por este dá para conhecer um pouco mais quem é o autor, quais são as suas crenças, preferencias etc. E nem quero falar sobre o tema em questão e sua opinião sobre A Viagem que fizeste a União Soviética no ano de 1952. É nítido que o autor, ele mesmo diz com suas palavras, "escolheu" ver o lado bom das coisas e do principio ao fim da sua viagem não é diferente e nada contra a isso. Fosse eu faria a mesma coisa. Não ignoro o mal que nos cerca, mas também não vou me impedir de viver; de continuar marchando até o meu objetivo e é por isso que também faço o mesmo de escolher ver, as coisas boas.

Uma surpresa é que o autor mostras conhecer da parte geográfica da Bíblia e isso é plausível, pois é raro autores hoje em dia buscar conhecimento fora da sua caixa para criar a sua obra. Acredito que é isso que faz um excelente autor, independente de sua etnia, conhecimento sem distorcer nada do que é fato, sendo honesto (e acredito que o mesmo se faz de um bom leitor não julgar o livro pela capa, mas buscar conhecer e saber discernir).

Todavia, vale a pena conhecer a obra!
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Tiago 05/04/2023

A viagem de Graciliano à URSS
O último livro escrito por Graciliano e publicado postumamente. É uma literatura de viagem em formato de diário sobre uma viagem a União Soviética em 1952 para assistir as comemorações do 1 de Maio. Graciliano já começa em grande estilo: "Em abril de 1952 embrenhei-me numa aventura singular: fui a Moscou e a outros lugares medonhos situados além da cortina de ferro exposta com vigor pela civilização cristã e ocidental. Nunca imaginei que tal coisa pudesse acontecer a um homem sedentário, resignado ao ônibus e ao bonde quando o movimento era indispensável.?

A viagem foi organizada pela Voks (uma espécie de escritório para relações exteriores focado na área cultural) e foram junto com Graciliano outros expoentes da cultura brasileira simpáticos ao socialismo/comunismo (Jorge Amado, Arnaldo Estrêla entre outros), além de políticos como Sinval Palmeira. A viagem começa pela Tchecoslováquia (Praga e arredores) e logo chega a União Soviética. Graciliano visita Moscou, Leningrado, dá uma passada rápida pela Ucrânia a caminho da Geórgia e no Cáucaso visita várias cidades na Geórgia e na Abkhazia.

Apesar da simpatia aberta que tinha ao regime soviético, o relato de Graciliano é bastante honesto. Ele menciona no texto: "Sinto-me no dever de narrar a possíveis leitores o que vi além dessas portas, sem pretender de nenhum modo cantar loas ao Governo Soviético. Pretendo ser objetivo, não derramar-me em elogios, não insinuar que, em trinta e cinco anos, a revolução de outubro haja criado um paraíso, com as melhores navalhas de barba, as melhores fechaduras e o melhor mata-borrão."

Graciliano se mostra incomodado com certos 'tiques' dos seus anfitriões, nomeadamente, a regurgitação de números e estatísticas para propagandear o regime. A grandisidade dos eventos (tanto de tamanho quanto de duração) também cansou Graciliano. O desfile militar interminável do 1 de Maio é o principal exemplo que ele relata. Por outro lado, ele se mostra muito bem impressionado com o sistema educacional soviético e com o hábito de leitura dos alunos nas escolas que visita.

Da mesma forma que John Steinbeck em "Um Diário Russo", Graciliano ficou bem impressionado com a Geórgia e seus habitantes. Lá ele visita 'resorts' de férias dos trabalhadores e também conhece os kolkhozes, uma espécie de cooperativa agrícola e fica impressionado com a beleza da mulher caucasiana.

O livro termina de forma meio apressada com um relato 'telegráfico' dos últimos dias de viagem. Mesmo não sendo tão bom quanto o livro de Steinbeck, para quem gosta de relato de viagem é uma leitura bem interessante. Nota: 3,5/5
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Maria 15/01/2023

Delicado, sagaz e sensível
Graciliano Ramos tem uma escrita que nunca vi em outros autores. Suas frases claras, organizadas, poéticas e metafóricas alimentam a imaginação de quem se propõe a acompanhar essa viagem à União Soviética em plena Guerra Fria. Apesar de ser um comunista e que viveu diversas situações penosas no Brasil, o autor conseguiu fazer um diário de viagem de forma quaaaase imparcial, embora tenha (sob a minha ótica) associado ao socialismo soviético, a gana e seriedade nos estudos, leitura e formação de indivíduos. Quando ele visita uma fábrica de meias, é possível sentir a distância entre formação de indivíduos para o trabalho e indivíduos para a sociedade. Foi uma das partes que mais me marcou.
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Henrique Fendrich 11/09/2019

Graciliano e o vírus
Em meados de 1952, pouco antes de morrer, Graciliano Ramos fez uma viagem à antiga União Soviética, mais precisamente à Rússia e à Geórgia. E fez a viagem à convite do Partido Comunista Brasileiro, do qual fazia parte, embora manifestasse certa independência de pensamento. Assim é que as crônicas que escreveu a respeito dessa visita, reunidas postumamente sob o título de “Viagem” (Record, 2008), não constituem uma propaganda laudatória do sistema de governo daqueles países. Graciliano já havia saído do Brasil pensando em escapar das doses de morfina aplicáveis ao estrangeiro. E, embora simpatizasse com muita coisa do que via, não deixou de causar embaraço com as dúvidas e questionamentos que fazia diante dos discursos oficiais que ouvia.

Na URSS, Graciliano mostrava interesse, sobretudo, pelo pensamento das figuras anônimas. Por vezes flanava sozinho pela cidade, experimentando a curiosa sensação de ter se tornado surdo, vagando a procura de algum personagem de Tolstoi. O escritor, no entanto, também faz relatos pormenorizados dos lugares que visita, citando eventos e datas na medida em que permeia o texto com impressões pessoais de notável senso de humor. E Graciliano teve mesmo experiências singulares por lá, como a de observar Stálin durante um evento de comemoração dos trabalhadores. Também viu o corpo de Lênin, embora achasse muito curiosa aquele tipo de peregrinação.

Na verdade, Graciliano tinha dificuldade em aceitar o culto à personalidade em terras soviéticas, julgando ser algo impossível para os latinos. Mas não foram estas as maiores diferenças que o escritor encontrou em relação ao seu próprio país. O incrível índice de leitura dos trabalhadores da Geórgia, onde regurgitavam teatros e multiplicavam-se escolas, por exemplo, o fez lembrar-se dos analfabetos brasileiros.

Havia na época a ideia de que quem fosse para os países da cortina de ferro seria contaminado pelo vírus do socialismo. Ao encontrar uma realidade social que, sob vários aspectos, se mostrava superior à existente no Brasil, Graciliano observou com ironia: “Se respirarmos isso aqui acabaremos doentes, julgaremos razoável uma cidade isenta de mendigos e prostitutas”. E à medida que reflete sobre nossas tão prezadas individualidades, o escritor pondera:

“Embora vivamos do nosso trabalho, fomos criados na reverência aos tipos hábeis que vivem do trabalho dos outros. E admiramos haverem-se apagado aqui as divergências (…). Achamos vantagem nas discrepâncias, receamos tornar-nos rebanho. E nem vemos que somos um rebanho heterogêneo, medíocre, dócil ao proprietário. Queremos guardar o privilégio imbecil de não nos assemelharmos ao vizinho. Enfraquecendo-nos, julgamo-nos fortes. Realmente, somos bestas”.

Por outro lado, também Graciliano e os brasileiros que o acompanhavam chamavam a atenção de moradores locais, pasmados por não serem eles os selvagens que supunham. O curioso é que, mesmo com meios diversos, hábitos diversos, divergências constrangedoras, sociedades antagônicas, separados por distâncias imensas, externas e internas, aqueles soviéticos se avizinhavam de criaturas tão diversas como elas. Um incidente que tocou particularmente a Graciliano foi a da menininha que se aproximou dele e, com curiosidade, pegou o seu caderno de anotações, desejosa de entender e se comunicar.

Apesar dessas aproximações, Graciliano achava que a sua própria literatura de nada serviria em países como aqueles. Considerava que, ali, seus textos não passavam de coisas miúdas, casos vagos de uma região quase deserta. Igualmente, não conseguiria ler os livros da Geórgia que lhe entregavam.

É engraçado que, tendo a oportunidade constatar in loco tudo aquilo que se dizia respeito do socialismo na Rússia, descobrindo coisas que não imaginava, como o “repouso forçado”, Graciliano não tenha conseguido convencer muitas das pessoas que ficaram no Brasil. Ao contrário, teve que ouvir delas que tudo o que considerou digno de elogios durante a sua viagem foi o resultado de uma complicada encenação com objetivos propagandísticos. E então, essas pessoas, que nunca haviam estado na URSS, pacientemente passaram a explicar a Graciliano como era a URSS de verdade. Com isso mostraram não apenas duvidar da capacidade de discernimento do escritor, mas também evidenciaram a sua idealização de um mundo sem contradições, em que o certo e o errado são facilmente distinguíveis. E isto, infelizmente, sobrevive à Guerra Fria.

site: http://rubem.wordpress.com
Thiago275 11/09/2019minha estante
Gosto muito de suas resenhas. Nunca tinha ouvido falar desse livro. Fiquei com vontade de ler!


Henrique Fendrich 11/09/2019minha estante
Valeu! Estou organizando minhas resenhas antigas hehe. Esse livro permite uma boa viagem na companhia do velho Graca.




Glauber 19/10/2010

Relato de primeira mão sobre a pátria socialista
Não é de se admirar que este seja um dos livros menos conhecidos de Graciliano Ramos. Sua visita à URSS, já na época da guerra fria, época de intensa campanha anticomunista aqui no ocidente, lhe permitiu ter uma visão completamente diferente do socialismo.

Graciliano chegou muito próximo do próprio Stálin, como relata em um dos capítulos - viu que ao contrário do que diziam por aqui, ele não saía às ruas escoltado em carros blindados.

Em sua estadia visitou escolas, creches, fábricas, bibliotecas, teatros, etc. E se admirou ao encontrar simples trabalhadores assistindo a um balé, quando décadas antes aquilo era um privilégio apenas para os ricos daquele país.

Se admirou ao saber que um trabalhador comum tinha uma média de leitura de 40 livros por ano, e que eles gostavam muito de cultura e arte. Não havia nenhuma lei que os forçava a comparecer em teatros. Então iam por sua própria vontade, porque tinham essa oportunidade na pátria socialista.
Tiago675 19/10/2013minha estante
Errado! Muito intelectuais, inclusive Bertrand Russel, forma levados a crer que a URSS era "um paraíso". O que vimos, porém, foi um regime cruel e explorador. Tanto que todas as ex-repúblicas têm um grande ressentimento contra os russos. O que não falta é material sobre a verdade.
Quanto a farta leitura dos russos: eles SEMPRE foram assim. E se o comunismo não tivesse tido sucesso, hoje eles seriam uma grande superpotência!


Glauber 20/10/2013minha estante
Como assim "o que vimos"? Você foi lá? Quem viu isso que você está dizendo? Mas este livro do Graciliano, ao contrário, é um relato em primeira pessoa, assim como o livro do Jorge Amado chamado "O mundo da paz", que também é o relato de uma viagem desse autor à URSS. Você está apenas ecoando a versão estadunidense da história, de forma acrítica e sem estudo aprofundado. Essa versão eu também conheço, todo mundo conhece, basta assistir às porcarias produzidas em Hollywood. A Rússia só se desenvolveu devido ao socialismo, você está dizendo tudo ao contrário. Você não conhece a história da URSS.


Glauber 20/10/2013minha estante
E outra: a relação da Rússia com as ex-repúblicas soviéticas é muito mais antiga do que a URSS. Você tem que conhecer o contexto histórico antes de repetir essas bobagens. Porque fica mal é para você, no final das contas. Parece que é você quem acredita em papai noel. E por fim: ninguém NUNCA acreditou que a URSS era um paraíso. Quem acredita em paraíso são religiosos, e esse paraíso só depois da morte. Comunistas não acreditam em paraíso na terra, mas simplesmente em uma sociedade menos desigual.


Tiago675 14/01/2015minha estante
Leia novamente esse livro. Graciliano escreve que era acompanhado para aonde ia. Poxa, por quê? Para ver apenas o que os poderosos queriam. Se era um regime tão agradável, por que seus cidadãos eram proibidos de viajar para o exterior? E o tanto de intelectuais presos, como o próprio Soljenítsin? Sim, a URSS se desenvolveu, mas a que preço? Quantas vidas forma perdidas em uma revolução que, no máximo, na década de 1970, deu uma qualidade de vida próxima aos dos EUA daquele tempo. Fora as perseguições religiosas, como as destruições de muitas igrejas. A URSS é apenas uma sonho morto. Hoje, sua filha é uma Rússia autoritária e que, ironicamente, está nas mãos da Igreja Ortodoxa e grandes capitalistas. Mataram à toa.


Tiago675 14/01/2015minha estante
Sem contar o que é dito de Stálin. Poxa, logo que esse ditador fedeu seus próprios aliados trouxeram ao mundo os seus crimes e a esquerda mundial reviu tudo o que pensava. Cara, você está 70 anos atrasado.


Ronaldo 25/04/2019minha estante
Ti...Ti...Titica.




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