Neon Azul

Neon Azul Eric Novello




Resenhas - Neon Azul


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Ogha 09/11/2010

Um drink sombrio
Quando eu era mais novo fiz parte de um grupo asssitencial a moradores de rua. Em uma de nossas "missões" eu conheci um mendigo cuja trágica história me pareceu impossível.
Ele era fundador de uma empresa de distribuição de algum renome em São Paulo, ou algo assim, e tinha muito dinheiro. Fala inglês, alemão, francês, italiano e espanhol (e conversou com amigos meus que falavam essas linguas, para provar). Morava em um condomínio de luxo (Alphavile ou São Paulo 2, não lembro agora..) e tinha um belo carro.
Até que um dia, voltando para casa completamente bêbado ele atropelou a própria filha e a matou. A família, incapaz de perdoá-lo, praticamente o baniu. Ele, sentindo-se culpado, foi morar na rua...

É aqui que a arte imita a vida...

Quando li Neon Azul, de Eric Novello, fiquei impressionado com a semelhança entre este homem que conheci e o personagem do primeiro conto do livro "invisibilidade". Daí para devorar o livro em apenas algumas horas foi um pulo. Não só pela curiosida em saber qual seria o destino daquele primeiro personagem, como de todos os outros.
Neon Azul é uma daquelas obras raras que mistura cenário, música, personagens entrelaçados, boas doses de uisque, mistérios e sensualidade. Um livro relativamente fácil de ler e cheio de boas ideias.
Mas Neon Azul não é um romance convencional. Ele está na categoria "romance fix up", ou seja, vários contos com focos diferentes e interligados, mas tratando de pontos de vista variados e diversos personagens.
A fórmula é muito interessante, porém um leitor menos acostumado ao estilo pode se perder na leitura, já que a explicação e a história de certos personagens ou ideias estão espalhados pelo livro, e não linearmente contados.
Isso também pode ajudar um leitor mais ousado a se permitir leituras diferentes de Neon Azul: você não precisa ler os contos em ordem, pode abrir o livro em qualquer um deles e começar sua leitura. claro, de qualquer modo você será obrigado a ir até o fim e sorver cada gole desta bebida literária.

Ficou curioso? O livro está a venda nas melhores livrarias e com desconto!
Tainã Almeida 28/08/2014minha estante
eu nao entendi o livro ( da forma convencional heheh ) e ate hoje me pergunto : o que aconteçeu com a Jéssica ? hahahahah é engraçado, mas é verdade :p o estilo é bem diferente ,apesar de nao gostar de contos esse me surpreendeu positivamente .Pena que teve alguns finais que não eram ''finais'' mesmo




Lucas Rocha 09/09/2010

Desejos em néon
Seja benvindo ao Neon Azul. Qual é o seu desejo?

“Neon Azul” (Editora Draco, 166 p.) é o mais novo lançamento do autor carioca Eric Novello. Lançamento bastante aguardado por mim, devo confessar. Em primeiro lugar, por se tratar de um romance de fantasia urbana, gênero ainda tão pouco difundido nos livros de literatura nacional; em segundo, pelo tema envolvente e pela atmosfera sedutora que o livro, desde antes do seu lançamento, criou.

Deixe-me explicar: Neon Azul é o nome de um clube, boate, inferninho ou bar (escolha um dos substantivos ou use-os todos de uma vez, não faz tanta diferença assim) localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Um lugar onde os desejos mais íntimos e particulares afloram de forma perturbadora, no convívio com notas de piano e drinks luminescentes. Entre as figuras frequentadoras do bar, encontramos um homem que nunca dorme, um advogado com um boneco de estimação dentro de uma garrafa e um mendigo com um passado bastante intrigante. E como figura principal temos ‘O Homem’, criatura incógnita de chapéu panamá e anéis nos dedos, sempre com uma proposta irrecusável para os seus clientes.

É nesse clima de fumaça de cigarros, reflexos de espelhos e néon azulado que somos apresentados aos dez contos do livro. Neles, os personagens e as histórias se cruzam de forma não-cronológica, deixando o leitor confortavelmente confuso. O formato fix up torna tudo ainda mais interessante: é um livro sem início ou fim, que pode ser lido em qualquer ordem sem que sua essência seja perdida.

“Neon Azul” não é nem de perto um livro feliz. Os personagens são pessoas que apanharam da vida e estão sem rumo, perdidas por entre lágrimas e solidão. E essa ausência de chão, de ter algum lugar em que se firmar, é assustadoramente real e – acredito – compatível com o que muitas pessoas sentem. O Neon Azul é a fuga da tristeza, a alternativa para aqueles que estão cansados de se sentirem sós, e ‘O Homem’ é o objeto materializador desses anseios e desejos. No entanto, tal qual um agiota, ele sempre cobra juros altíssimos por seus empréstimos de felicidade momentânea.

A fantasia se apresenta de forma muito sutil em “Neon Azul”. Não sabemos se ela de fato existe ou se é mera especulação dos personagens, produto de suas mentes e de seus delírios. Essa sensação suspensa de dúvida, de não saber exatamente o que ou como as coisas acontecem, torna a história mais atraente. O autor não desafia a inteligência do leitor com explicações minuciosas sobre os acontecimentos; prefere, ao invés disso, deixar que cada um tire uma conclusão e uma interpretação própria.

Outra coisa que adorei no livro foram as referências, que vão desde Charles Chaplin e Orson Welles até Massive Attack e Jay Vaquer. Eric sabe colocar as suas influências cinematográficas, musicais e artísticas no lugar certo. Quem não ficou com ‘Só tinha que ser com você’ retumbando na cabeça depois de ler a história de Jéssica? Eu fiquei.

E a Editora Draco, como sempre, dá um show na produção editorial – e eu não vou me cansar de dizer isso. A capa está maravilhosa e a apresentação dos contos também. É quase como se você pudesse ver as luzes em néon se acendendo depois daquela piscadela e daquele barulho da corrente elétrica atravessando os fios.

“Neon Azul” é um livro que não deve ser lido apenas uma vez. É cheio de paixões, amores e desastres e, apesar da solidão e da amargura que os personagens sentem, é daqueles que você não consegue parar de ler até que chegue ao fim.

E aí reside outro grande problema: o livro não tem fim nem começo. Posso, então, dizer que cheguei ao fim?
Tainã Almeida 17/12/2011minha estante
hahhaah ai esta, chegamos ao fim? nao sou chegada a contos,sao vagos.prefiro historias, com personagens bem relatados. só comprei pq me chamou atençao o fato de os contos se interligarem




Élinson 06/10/2020

Anti Resenhas Longas - Neon Azul
O nome, a capa, as cores. Tudo me atrai.
O modo de escrita fix up. Os tantos personagens, as diferentes vozes e versões. A inteligência de vários diálogos e colocações. Aquele clima noir, aquele mistério, a trilha, o Homem, o cachorro do mendigo. Tudo realmente, é o que me atrai. Não dá pra largar, pois, pra mim, são vários contos (que adoro) de um mesmo bom tema (a Neon Azul). Porém, sabendo que cada capitulo, era um tipo de conto do mesmo autor, esperei um entrelace maior. Bem maior! Assim como menos ?cacos? que me soaram mais como piada interna do que algo a acrescentar na narrativa. Eles apenas me ?bugaram?, me deixaram desconsertado, tentando entender de onde saiu aquilo. O bom é que essa mão solta do autor, também lhe permite um tanto de poesia e muitas imagens. Vi algumas ali, muito especiais, dignas de um belo filme. Quero ler mais. Inclusive leria outros capitulos sobre a Neon Azul!
E você: ?estaria disposto a vender o que não é seu para conseguir o que deseja??
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Lethycia Dias 06/09/2020

Um livro diferentão
Já faz algum tempo que eu tinha no meu Kindle o e-book "Neon Azul". Depois de ler "Ninguém nasce herói", eu tinha muita vontade de ler os livros anteriores de Eric Novello, começando por esse.
O livro acompanha os personagens que frequentam ou trabalham numa boate chamada "Neon Azul", que à sua maneira é também um personagem da história - e, arrisco dizer, sua protagonista. Cada capítulo nos apresenta o ponto de vista e a história de um personagem que gira em torno deste lugar.
O advogado rico que abandona a vida de luxo e passa a viver nas ruas; o gerente do bar que não dorme há anos; o pianista que encontra o lugar ideal para trabalhar; o assassino que procura novas vítimas nas noites de fim de semana; o escritor que deseja escrever sobre um lugar recém-descoberto; entre outros.
É um tipo de romance composto por vários pequenos contos que se interligam. No começo, fiquei um pouco perdida com as mudanças de ponto de vista a cada capítulo, mas passei a me interessar pelas diferentes histórias e a tentar encontrar o ponto em que elas se conectavam. Para mim, a mais interessante foi a de Jéssica, a empregada doméstica evangélica que tem estranhos sonhos em que é uma dançarina da boate.
Outros capítulos (ou contos) dos quais gostei muito foram "A última nota" e "A dançarina e o sexo". Este primeiro, pelo carisma do personagem; o segundo, pela dramaticidade e erotismo e também por encerrar o livro não só com uma informação inesperada para o leitor, mas também com um questionamento instigante.
Enfim, é um livro que você não sabe até onde pode confiar nos personagens e no que eles contam. É preciso confrontar as histórias umas com as outras e ver até onde elas te levam.

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Bruna.Mateus 04/08/2011

Fix-up
Um livro diferente! Com uma escrita no estilo noir e com o gênero de romance fix-up, Neon Azul é uma boate na qual atrai as mais diversas personalidades humanas e faz com que as pessoas se sintam bem.
Não tinha ideia de como era um romance fix-up e até agora não encontrei sua definição, então para mim a definição deste estilo de leitura é uma narração de 3ª pessoa sobre várias pessoas em relação a um local em comum a elas.

Explicação do Autor: Um meio termo entre o romance e o conto. Um romance onde você pode ler os capítulos em qualquer ordem, digamos assim, ta lendo e não achou legal, vai pro final, depois volta. Várias histórias (contos?) que formam algo maior (romance?).


Pois é assim que é a narração deste livro, a cada capítulo conhecemos uma figura que faz parte do laço da boate chamada Neon Azul, e o autor faz com que cada capitulo esteja conectado por apenas um detalhezinho da vida dessas pessoas. Mas tem uma coisa que deixa sem você saber é quem é o Homem, uma figura importante na boate, o cara que comanda.
As personalidades deste livro são:

Oscar: um mendigo que vive longe das bebidas mas que faz parte do Neon, é ele que fica ali na porta esperando uma esmola dos super bem de vida. Mas Oscar não está só, ele tem ao Minotauro um cão de rua mais comportado que os demais. Mas o que levo Oscar a ser um mendigo?!
Armando: O sócio do Neon Azul, um cara com uma doença: Ele não dorme. Mas o que seria essa doença em que a pessoa não descansa?!

Murilo: Um assassino, que conversa com o espelho e tem uma grande afeição por Dita. Apesar de parecer um cara normal, ele tem fome de matar. Tipo um Dexter. Mas o que ele tem em relação ao Neon Azul?

Dita: Uma cantora querendo seu lugar na noite, com ajuda de Lucas faz um teste para ser cantora do Neon Azul, juntamente com um pianista. Seria ela o sucesso do local?

Dionísio: Um pianista clássico que tem um trabalho no museu, mas recebe o convite de Armando para tocar no Neon. Será que Dionísio irá se deixar abalar pelo lugar que possui uma aura cheia de magnetismo?

Lucas: Um escritor que estava um pouco sem criatividade e por passar em frente a boate com um toque noir resolve conhecer, e fica fascinado, nunca viu um lugar que deixasse com uma sensação de criatividade a mil. Mas será que ele seria permitido escrever sobre a boate!?

Jéssica: Uma pessoa religiosa que possuía sonhos hots e que tem dúvidas de quem ela é. Será que Jéssica foi dançarina do Neon? Mas ela é o ícone da sociedade religiosa, de acordo com o seu pastor.

Ricardo: Um cara altamente requisitado no Neon, possuía um imã de pessoas aos seu redor. Mas será que ele é uma pessoa que é de bem com a vida?!

Gabriela: Uma prostituta do Neon, muito profissional, sempre atenciosa com os seus clientes. O que será que ela sabe sobre o Homem e o que era o Neon Azul? Uma casa que vivia cheia.

Esses são os nossos personagens, cada capítulo conhecemos a fundo a história de cada um, mas e no final, o que tinha de tão especial nessa boate?!

O que achei:

Como mencionei no começo, uma leitura totalmente diferente das habituais! Eric Novello me conquistou com a escrita dele, gostei do livro por ser uma maneira diferente de ser contado.
Gostei principalmente das histórias, algumas senti falta de ter mais detalhes nelas, mas no mais todas me conquistaram. Só teve um ponto que eu fiquei triste com o livro, o mistério do dono do Neon Azul, o Homem, ele não explica nada sobre ele. Ficou muitas pontas soltas na minha cabeça… até sobre alguns personagens.
Mas no mais eu gostei do livro…
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Fernando 15/03/2023

Personagens muito interessantes.
A estrutura do livro nem parece que são várias contos. Está tudo tão fluido pois todos os contos estão muito bem conectados. Nesse sentido meu gosto por esta leitura foi muito superior.
Quanto à história, cada personagem é uma parte do Neon Azul, recomendo este autor.
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mouemily 06/03/2017

Verdade seja dita, minha nota pra esse livro oscila entre 2,5 e 3,5. Teve momentos que eu curti o que estava acontecendo e momentos que eu só fiquei perdida me perguntando o que eu 'tava lendo.

A história vai e volta o tempo todo. A certa altura, um determinado personagem está em um momento de sua vida, e no capítulo seguinte ele está em outro. Confesso que isso, junto à quantidade de personagens, me confundiu bem. Eu precisava de alguns minutos para lembrar quem era quem e para entender o que estava acontecendo, uma vez que a história final só se fecha e faz sentido no último capítulo, depois de vários "contos" que formam o livro todo. Como se essa escolha narrativa não fosse difícil o suficiente, alguns capítulos são escritos em primeiro pessoa e, outros, em terceira.

No geral, a atmosfera toda me lembrou bastante Lobo de Rua (da Jana P. Bianchi) e sua Galeria Creta, só que carioca. E mais confusa. E com mais personagens. E sem deixar claro se é ou não uma história de fantasia urbana. (Afinal, é ou não?)

Apesar da minha experiência com Eric Novello não ter começado muito bem, eu continuo animada para ler Exorcismos, amores e uma dose de blues, já que a premissa desse livro me chamou mais a atenção.
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waltertierno 12/09/2010

As sete faces do Doutor Lao com Plinio Marcos
Saí da Fantasticon 2010 carregando uma sacola com vários livros e revistas. A maioria entregue por Silvio Alexandre, organizador do evento. Depois do chamado “bate-papo” em que eu, Douglas MCT, Eric Novello e Raphael Draccon deveríamos ter discutido sobre elementos brasileiros em literatura fantástica, o Eric presenteou-nos com seu recém-lançado livro “Neon Azul”. Gostaria de ter retribuído o gesto, mas os três livros que eu levara na mochila já tinham destino certo. Por sorte, ele mora perto o suficiente de minha casa para que eu possa remediar a situação.
De tudo o que eu trouxe para casa, “Neon Azul” foi o que mais chamou nossa atenção, minha e de minha esposa. Ela leu uns trechos. Depois, devolveu-me o livro e disse: “Leia. Você vai gostar deste”. Li.
No meio da leitura, cheguei a postar no Twitter que havia descoberto uma forma de classificar “Neon Azul”: uma mistura de “As sete faces do Doutor Lao” com Plinio Marcos. Agora, creio, chegou a hora de explicar.
O romance é uma coletânea de contos aparentemente independentes, que possuem uma ligação entre eles. É o chamado “fix up”. Eu, particularmente, considerei desnecessário estampar isso na capa, mas vamos em frente.
O tal “Neon Azul” é o nome de um bar, que é propriedade de um misterioso personagem, conhecido apenas como “o Homem”. Este manipula os outros personagens que circulam em seu bar. Suas motivações nunca ficam claras.
O autor não perde muito tempo com descrições dos personagens. Prefere se concentrar em suas histórias e deixar que elas nos mostrem de que são feitas aquelas pessoas. Esse artifício, a princípio, causa incômodo, pois é fácil confundir os personagens. Embora o bizarro de suas situações seja único, suas diferenças pessoais, como forma de falar e agir, são sutis. Mas, ao passar das páginas, o leitor perceberá que é um trunfo, e dos mais geniais. Se foi intenção do autor, demonstra domínio de sua obra. Se foi acaso, foi o mais genial e sortudo que vi nos últimos anos.
O ponto de ligação dos personagens é profundo e os transforma. Ao frequentarem o bar a transformação os aproxima e os faz convergir. Daí, minha comparação com o Doutor Lao. Para quem não se lembra ou nunca ouviu falar, “As sete faces do Doutor Lao” é um filme rodado na década de 60 e apresenta um velhinho chinês que chega a uma cidade no Oeste norte-americano do final do século XIX com um circo de maravilhas, habitado por sete criaturas. O desenrolar do filme sugere que as sete criaturas são personificações do velho chinês. O mesmo parece acontecer em “Neon Azul”. Todos os personagens fazem parte de uma única personalidade, que é misteriosamente atraída pelo bar.
Apesar do fantástico das situações, as reações dos personagens são humanas e, por isso, imperfeitas. Não há concessões. Você não tem como saber quem se dará bem ou mal. As cenas de violência e sexo são cruas, secas e agressivas. A ironia que se apresenta em momentos inesperados é cáustica e inteligente. Um ar de canalhice permeia a leitura, e isso é muito interessante.
Os contos são apresentados ora em primeira pessoa, ora em terceira. Se existe algum padrão que determine a escolha da pessoa, não prestei atenção suficiente para perceber. Fato é que essa transição conferiu agilidade à obra.

Leitura que eu recomendo!

Se existe algum ponto negativo no livro, não coube ao autor. Uns errinhos de revisão aqui e acolá, mas estão ainda dentro da média. Embora as pessoas venham comentando euforicamente sobre a capa, eu acredito que uma solução mais gráfica, com paletas mais definidas resultaria em uma solução muito melhor.
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Guilherme.C 18/11/2016

Gostei
Histórias enigmáticas que faz com que o leitor acredite se aquilo é real ou místico. Gostei, é diferente.
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Taverneiro 11/04/2017

Noir sobre a luz do Neon Azul
...
Vocês costumam sair muito? Muitos bares ou boates? Quantas vezes vocês usaram a meia-luz para esconder seus pequenos vícios e se libertar das correntes da sua rotina? Neon Azul, do escritor Eric Novello conta as histórias que rodeiam um desses lugares de sombras e libertação, onde você pode realizar seus desejos sem se importar com o mundo lá fora. Vamos ao Livro…


Lançado pela Editora Draco em um passado distante, esse livro meio de suspense, meio de fantasia urbana com clima noir tem um formato de pequenos contos interligados de maneira sutil entre os personagens e de maneira profunda com a boate que dá nome ao livro…

São dez histórias curtas com vários personagens diferentes, mas que mantem a mesma atmosfera de segredos e prazeres que permeiam a boate. Algumas dessas histórias compartilham personagens e interferem de alguma forma uma na outra, mas a principal ligação, e eu diria também o principal personagem, é a própria boate.

As histórias possuem um clima urbano, e o tom de mistério com toques de sobrenatural estão presentes em todos. Não acho que poderia ser considerada uma fantasia urbana por ser tudo muito pontual e, ao mesmo tempo, incerto. Fica difícil saber se o sobrenatural está realmente lá ou existe apenas na mente do protagonista. De qualquer forma o foco não é o que foge da realidade, e sim o que se passa com cada personagem.

Com uma escrita concisa e habilidosa, o autor faz descrições que te colocam dentro das histórias, e seus diálogos sem muitos floreios deixam ainda mais confortável e imersiva a leitura. Ele mantém o mesmo estilo narrativo na maior parte das histórias, tendo algumas onde experimenta alguns mais peculiares, como o formato de uma entrevista, por exemplo.

Falando um pouco mais sobre os personagens que são uns dos pontos mais fortes desse livro. Entre eles um homem que nunca dorme, um empresário falido que virou mendigo, um assassino que atravessa espelhos, o misterioso proprietário da boate conhecido apenas como O Homem, entre muitos outros bons personagens. Todos muito peculiares e muito bem trabalhados.

Mas o que mais se destacou para mim foi a atmosfera incrível de todos esses contos. A boate parece envolta em segredos, com um clima sombrio e ao mesmo tempo luxurioso, trazendo um tipo de solidão esquisita, e todos os contos e personagens que se encontram na Neon Azul parecem carregar essa atmosfera com eles. Sério, conforme você vai lendo é quase palpável a luz fraca, os drinques, o lugar lotado de desconhecidos… Eric Novello fez um trabalho de clima e tom de cair o queixo nessas histórias. O autor deu vida a boate Neon Azul com sua escrita.

Esse livro é curtinho e, por ser formado de pequenos contos, torna a leitura mais tranquila ainda. Com personagens e diversas tramas instigantes com um clima urbano e uma escrita viva e hipnotizante, Eric Novello fez aqui um livro memorável! ^^
...

site: https://tavernablog.com/2017/02/26/neon-azul-e-a-vantagem-dos-contos-dica-da-taverna/
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Bruno 05/04/2014

Não conheço muito de fantasia brasileira. A princípio, meu contato com obras nacionais de ficção especulativa e fantasia no geral se deu apenas com as mais populares, que não me apeteceram. Mas eu tenho interesse em conhecer uma outra abordagem do gênero, e, procurando em outro ramo de fantasia (a urbana), resolvi ir com Eric Novello e seu Neon Azul.

Minhas expectativas foram superadas. Já esperava, por certo contato com o autor, algo diferente do que eu estava acostumado a ler no cenário brasileiro, e o encontrei: uma obra menos derivativa e algo não apenas mais interessante, mas também bastante característico. A voz da narrativa é apropriada para o estilo urbano & dark (ou, talvez, de maneira mais específicica: noir) que é a ambientação pretendida. Ao mesmo tempo, é uma narrativa sombria, mas também ligeiramente bem humorada, com um passo rápido, que remete ao ambiente metropolitano no qual a história se ambienta. Se as histórias tem o seu estilo apropriado, Eric Novello conseguiu encaixar perfeitamente sua temática ao seu estilo.

O Neon Azul é um lugar diferente. Uma fachada brilhando em azul nos leva a uma escadaria espelhada, muitas vezes comparada à que leva as pessoas ao paraíso. E em um clima quase onírico de bebidas estranhas, clientela seleta e um proprietário misterioso, as noites se passam dentro do inferninho carioca. Uma propriedade quase onírica, de desejos e tentações, permeia todo o ambiente, e se tem a impressão de que tudo, dentro daquele bar (boate?), pode acontecer.

Acompanhamos diferentes personagens em uma história dividida em dez contos. Ou dez histórias reunidas em um volume. Fica meio difícil de se descobrir, já que todas as histórias tem seus personagens recorrentes, da clientela e equipe do Neon Azul, e acabam se entrelaçando em uma hora ou outra. O elenco que vai e volta, com alguns personagens secundários tornando-se, depois, protagonistas, e vice-versa, e sem uma cronologia fortemente reforçada, dá a impressão que podemos ler seus contos em qualquer ordem, sem perder muito do efeito que o livro deve causar. Ainda assim, parece essencial que se leiam todos, para compreender um pouco mais deste lugar no qual estamos inseridos. Esta característica estrutural, esta escolha narrativa, reforça uma impressão de verossimilhança: assim como na realidade, cada pessoa tem a sua história, cada "personagem secundário" que vemos no dia-a-dia, toda uma vida que carrega, com dilemas, problemas, felicidades, e amores. Mesmo os personagens que não tiveram seu conto próprio, seu mergulho mental, dão a impressão de que, sim, eles também podem ter algo para contar. E, ao passar para a próxima história, fica a questão, que dura alguns segundos: quem eu verei agora?

Passeata-03 A obra é um livro de fantasia urbana, mas nem por isso a fantasia é explícita, ou, de alguma forma, totalmente fantasiosa. Uma aura mesclada de sonho e mistério cobrem a magia, deixando-nos sem saber se os acontecimentos bizarros que acontecem são frutos de um poder acima de todos, ou talvez de boas conexões, fumaça, espelhos, e loucura. A magia toma segundo plano frente aos dilemas que sofrem os protagonistas de cada conto, seus problemas pessoais, profissionais, amorosos... E, no final, não se explicam os grandes mistérios. Quem é o Homem, o proprietário do Neon Azul? O que é aquele lugar, afinal de contas? Por mais que eu saiba que provavelmente alguém se sentirá frustrado com estas dúvidas, não se perde nada com a falta de explicação, da mesma maneira que não se explica a magia no realismo mágico. Eles não são assim porque isso, ou porque aquilo. Eles simplesmente são.

Todos os contos (partes?) tem os seus elementos que chamam a atenção, mas destaco aqui o antipenúltimo, o meu favorito. Só tinha que ser com você é a história da dançarina Jéssica, talvez a mais quebra-cabeça da história. Amnésia e um clímax que me deixou, no mínimo, bastante surpreso. Foi bastante esperto, mas não falo mais nada para não estragar possíveis surpresas.

No mais, é um livro que me surpreendeu de forma bastante positiva; ainda vou ver se leio A sombra no sol, do mesmo autor, que me recomendaram há pouquíssimo tempo. Os poucos contras que encontrei seriam algumas inconsistências de enredo (que nem lembro, mesmo, se tinha sido isso ou se eu apenas me confundi na leitura; precisaria re-checar), mas nada que prejudicasse a experiência de leitura. É refrescante ver uma fantasia escrita de maneira com a qual não fui muito acostumado pelo mainstream.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/04/05/neon-azul/
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Nínive Leikis 28/10/2010

Neon Azul
(Postada originalmente no www.arenafantastica.com)

Existe um verdadeiro desfile de palavras técnicas para descrever os encantos deste livro, mas eu tentarei evitá-las. Você não precisa entender o que significa romance fix-up ou o que seria um texto noir para gostar de Neon Azul. Tudo que você precisa é lê-lo, e não ser “politicamente correto”.

A primeira coisa que pensei quando cheguei ao terceiro capítulo e compreendi a estrutura na qual o livro foi montado, era que tratava-se de uma “história desmontável” autêntica (termo muito usado por cursinhos pré-vestibulares para descrever Vidas Secas). Mas o que seria isso? Simples. Na verdade, o livro não se trata de um romance típico, linear, que segue uma ou duas personagens em dilemas pessoais ou o que quer que seja, com começo, meio e fim. Neon Azul poderia ser classificado quase como uma coletânea de contos. Cada capítulo acompanha determinada personagem, não necessariamente dando-lhe destino certo ou algo assim. O que há em comum para todos? Simples, a presença do estabelecimento Neon Azul. E o que guia estas histórias? Os efeitos que o local causa nas pessoas.

Mas, exatamente o que é o Neon Azul? Depende. Não há resposta certa para esta pergunta, e o livro evidencia isso de todas as maneiras possíveis. Para alguns, trata-se de um boteco requintado, para outros uma casa de shows para iniciantes, alguns diriam que é um bar de jazz, outros que é um inferninho. Mas ninguém pode discordar que, não importa qual a função da casa, ela seduz e embriaga. E sequer é necessário adentrá-la para ser arrebatado por seu encanto místico. Logo no primeiro capítulo, conhecemos Oscar, um mendigo, que, encantado pela luz azul que brilha na porta, adotou aquele como seu canto, onde passa as noites segurando uma latinha e esperando uns trocados dos clientes do local. Mesmo sem ter adentrado o Neon, Oscar já encontra-se preso a ele.

Muitas outras personagens desfilaram pelos “capítulos-contos” que formam o livro, suas histórias são contadas de maneira independente da que fora narrada anteriormente, o daquela que ainda será narrada. Os únicos capítulos extremamente conectados, cujo entendimento completo depende da leitura na ordem dos três são os três últimos. Se quiser, pode ler o livro todo em diversas ordem, apenas preservando estes três como estão (um atrás do outro e por último). É comum ver figurinhas repetidas, afinal, as histórias se entrelaçam, formando uma teia que envolve o local, todas atadas por uma pessoa em especial: o Homem.

Sem nome ou rosto, cercado de seguranças, afogado em dinheiro e extremamente misterioso, o dono do Neon Azul causa nas pessoas a mesma variedade de reações que sua propriedade. Ninguém sabe suas intenções, mas, vez ou outra, ele aponta de maneira aparentemente sutil ou sem grandes repercussões, na vida de alguém que frequenta sua casa (ou que dorme na porta dela), e a partir deste ponto as coisas mudam. Não necessariamente para melhor.

Isso tudo sem falar na linguagem! E este detalhe é algo que me chamou tanto a atenção quanto as personagens. Cada capítulo tem uma narrativa diferente. Alguns são em terceira pessoa, outros em primeira, há ainda aquele no discurso indireto livre (ou seja, o narrador reproduz a voz da personagem, mas ele ainda é o narrador). Há até mesmo uma histórias que é contada ao contrário (meio ao estilo Senhora de José de Alencar), começando pelo fim e terminando no início. É como se cada capítulo incorporasse ao máximo a essência de sua protagonista, desde a maneira como as coisas acontecem, até a maneira que é contada.

O espírito brasilis, especialmente o carioca, está em toda a parte deste livro, dando a nítida impressão de que, afinal de contas, tudo ali pode acontecer. Nada impediria de, em uma esquina da cidade, aquela que você nunca deu atenção quando estava correndo para o metro ou para o ponto de ônibus, abrigar uma espécie de Neon Azul. Se alguém conhecê-lo, me avise!

Finalizo com a recomendação de que leiam este super livro nacional, e meus parabéns ao autor Eric Novello e à Editora Draco.
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Arddhu 16/09/2010

Neon Azul – Uma experiência sinestésica
Coquetel de conforto e desconforto, destilado em um agridoce de sabor etéreo, sinestésico em afirmar seu Azul Neon nas variações de temperatura que atingem desde os picos do gelo Ártico até os fragmentos piroclásticos que se tornam cimento dentro de um homem.

Neon Azul, de Eric Novello, não é um livro em minha concepção, é um reduto de signos catalisadores de histórias de vida e alguns “e se”. Uma experiência que se assemelha a experimentar uma nova bebida, uma droga lícita que você pode comprar sem preocupações.

Totalmente desaconselhado a quem tem problemas em sentir algumas palavras que tocam no regurgitar de sonhos não realizados, ou de fantasias imaginadas, as linhas do Neon se estendem de forma aparentemente solta, conectando-se de forma muitas vezes atemporal.

As entrelinhas que ficam em cada trecho do texto podem assumir algumas bizarrices dependendo do teor alcoólico de quem as experimenta, como foi o caso da leitura da segunda metade deste escrito por esse que aqui escreve.

Na primeira metade senti um resgate estranho de algumas farras memoráveis descontroladas pela intenção e conduzidas pelo sentido, pelo reflexo frente a algumas situações. Qualquer pessoa que tenha praticado durante algum tempo saudável a boêmia moderna irá se identificar com assustadoramente a maior parte das palavras.

O trajeto da segunda parte foi uma imersão ao construto visual, emocional e perceptivo que o Neon oferece a quem encara sua leitura ao sabor de certa ebriedade leve e intencional.

O Homem, o Pelintra não expresso, se torna um ícone inorgânico, confundindo-se em muitos pontos com a entidade materializada no “bar”. Quando li o autógrafo de Eric em meu Neon e lá estavam as seguintes palavras “meio do mal, mas gente boa” imaginei que tinha coisa interessante pelo caminho.

Me perdi um pouco nas ondas musicais de Dionísio e até compartilhei o sabor da sarjeta de Minotauro e Oscar, encarando uma viagem cáustica a um reduto insano cuja lógica se faz branca-panamá com Jéssica ou mesmo Gabriela.

Não sou um bom crítico daquilo que me agrada, mais que relatar o que li, relato as boas sensações do que li. O que desagrada raramente recebe minha atenção e com isso posso concluir apenas uma coisa ruim quanto ao Neon Azul: Podia ser maior!

Longe de querer uma obra enciclopédica sobre a noite e os relatos de inferninhos em uma tônica que flerta levemente com o sobrenatural, alguns contos a mais poderiam transpor alguns outros aspectos desse império notívago.

Deixo expresso meus parabéns ao Eric Novello por seu livro e à editora Draco pela sagacidade em publicar tal obra, sem dúvidas merece ser lida por quem tem, teve ou deseja ter a verve do espírito noturno sintetizada em algumas folhas de papel.
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ArenaFantástica 10/03/2011

ARENA FANTÀSTICA - Resenha: Neon Azul
Existe um verdadeiro desfile de palavras técnicas para descrever os encantos deste livro, mas eu tentarei evitá-las. Você não precisa entender o que significa romance fix-up ou o que seria um texto noir para gostar de Neon Azul. Tudo que você precisa é lê-lo, e não ser “politicamente correto”.

A primeira coisa que pensei quando cheguei ao terceiro capítulo e compreendi a estrutura na qual o livro foi montado, era que tratava-se de uma “história desmontável” autêntica (termo muito usado por cursinhos pré-vestibulares para descrever Vidas Secas). Mas o que seria isso? Simples. Na verdade, o livro não se trata de um romance típico, linear, que segue uma ou duas personagens em dilemas pessoais ou o que quer que seja, com começo, meio e fim. Neon Azul poderia ser classificado quase como...

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