z..... 08/08/2020
Edição Rideel (Coleção Aventuras Grandiosas, 2009)
Li na adaptação em resumo da Rideel e pretendo conferir o texto integral também.
É uma obra incrível, não pela questão do surrealismo fantasmagórico em si, de suspense aterrador, mas pelo contexto que torna explícito a importância e diferenciação do amor dos pais na vida dos filhos.
Flora e Miles, crianças orfãs, vivem cercadas de luxo e comodidades, mas falta-lhes a presença e comunhão paternal, ainda que tenham preceptores rotineiramente. Essa ausência e indiferença as torna fragilizadas e suscetíveis à influência maléfica, que o autor direciona na aproximação de dois fantasmas creditados a falecidos empregados da casa que, convenhamos, foi concebida também para parecer e evocar algo sinistro. Convenhamos também, fantasma qual o quê... Demônios.
A chegada de uma nova preceptora, que se mostra mais interessada, coloca os espectros fantasmagóricos em choque com ela, aterrorizando e influenciando ainda mais negativamente as crianças.
Chega de spoiler, leia a obra e veja os desdobramentos finais...
Fiquei direcionado à essa percepção porque me fez lembrar do trabalho em um abrigo. Essa visão de criança desamparada, em situação de abandono, suscetível à influências diversas por conta da ausência dos pais, de fato ou por negligência, se fazia notar de muitas maneiras. Havia estrutura boa em apoio a elas, mas não substituía o amor dos pais. Este é como um escudo, através do qual Deus opera, e essa ausência era sentida. Tinham situações variadas que as levavam até ali, como maus tratos, abandono, influências de más companhias, precocidade para sexualidade ou sedução do crime. Em todas, uma suscetibilidade grande para ilusões e sentimentos negativos que se apresentavam.
Enfim, muitas histórias presenciei e o pensamento maior com a leitura foi a falta da mãe e pai nas vidas, escudo em amor que faz diferença, protege e guarda.
Leitura na quarentena em Macapá....