Resenhas - Jogo de Damas

Luciana Mapesi 08/10/2015

Uma Criança, Um Pit Bull e Uma Vingança
O que eu mais gostei neste livro foi a amarração da ponta solta que tinha ao longo da história toda, para aqueles que querem que tudo faça sentido, esse livro atende a essa necessidade, e o que é melhor, de forma surpreendente.
Passará o tempo todo acreditando em um desfecho, mas ele nunca acontecerá, e o inesperado vem.

Literatura Policial 27/07/2015

É assombroso odiar alguém - "Jogo de Damas" (Myriam Campello)
É ASSOMBROSO ODIAR ALGUÉM – O que você faria se um pit-bull estraçalhasse sua filha de quatro anos numa pracinha da cidade? A promotora Júlia, mãe da garotinha em questão, tem a resposta na ponta da língua. “Não vai ficar assim”. O leitor também. Não fica do mesmo jeito, após consumir as 240 páginas de Jogo de Damas, excelente romance de Myriam Campello.

O livro me chegou tardiamente, já que foi lançado há cinco anos pela Língua Geral. De imediato, me apaixonei pelo volume, quase um pocket book, caprichosamente editado: tipologia elegante, papel nobre, capa instigante. Fosse apenas pelo acabamento artístico já teria valido a árvore que custou. Mas não. A exemplo do que encontramos nas suas páginas, o que interessa é o que se passa dentro, no abismo interior dos personagens.

Uma tragédia banal dos nossos dias – alguém se descuida e uma fera urbana ataca um indefeso – serve à autora para fazer um inventário do nosso sentimento mais atroz: o ódio. Sim, Jogo de Damas é um livro de crime, um suspense com busca e reviravolta no final, mas sobretudo uma história de ódio, muito ódio. De forma irônica, é justamente quem deve promover a justiça que se vê ansiando por fazer justiça com as próprias mãos. “Seis meses depois da morte de Ana eu continuava um vago conjunto de partes desunidas”, ressente-se a personagem que nos conduz por um labirinto quase infinito de feridas abertas pelo que podemos chamar de “a maior dor”. A de perder um filho.

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site: http://literaturapolicial.com/2015/07/27/myriam-campello-jogo-de-damas-2/