A Vida Diária nos Tempos de Jesus

A Vida Diária nos Tempos de Jesus Daniel-Rops




Resenhas - A Vida Diária nos Tempos de Jesus


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Raquel 09/11/2023

Tirei algum aprendizado do livro, mas não sem algumas ressalvas.
Durante o livro inteiro o autor se referiu a região onde Israel estava e está localizada como Palestina. No início do livro deu algumas justificativas, mas que não são fiéis a verdade.
O nome daquela região segundo a Bíblia era Canaã e nos tempos de Jesus chamava-se Judeia. Somente após 136 d.C. com a revolta de Bar Kokhba e a derrota dos judeus, que os romanos mudaram o nome para Síria Filistina, que depois ficou conhecido como Palestina. Se o autor estava se referindo ao tempo de Jesus, deveria ter empregado o nome Judeia.

Senti um tanto de amargor quando ele se referia a Flávio Josefo, além de fazer algumas críticas a autores da Bíblia, que também não gostei.

A leitura é muito extensa e nem tudo foi interessante para mim. Mas segue as partes que considerei mais proveitosas.

Capítulo 3
Após a morte de Herodes o grande, seu reino foi dividido entre três dos seus filhos:
Arquelau, filho de uma samaritana, governou sobre Iduméia, Judeia e Samaria.
Antipas, governou sobre a Galileia e
Filipe, filho de uma greco-egípcia de Jerusalém, governou sobre a região do lago Genesaré estendedo-se até o Basã.

Arquelau desagradou o povo ao casar-se com sua cunhada e aumentar os impostos para construir um Palácio em Jericó. O que resultou no clamor do povo à Roma e o banimento dele em Viena, onde morreu.
Em seu lugar Roma enviou Pôncio Pilatos.

Herodes Antipas casou-se com a cunhada Herodias e mandou matar João Batista após denunciar o erro.
Durante o julgamento de Jesus, Pôncio Pilatos o enviou a Herodes, pois ele era o Tretarca da Galileia e Jesus morava naquela região.
Herodes vivia uma vida mundana, porém para agradar os judeus enviava presentes ao Templo. No ano 37 foi acusado por seu sobrinho Herodes Agripa I, de tentar restabelecer o reinado do pai. Então foi banido para Lyons acompanhado de Herodias.

Filipe governou ao norte sem muito destaque. Se distinguiu dos demais da sua família, por ser um homem sábio, culto, amante de artes, literatura, ciências e geografia.

Na época de Jesus Israel era governada por Herodes na Galileia e por Pôncio Pilatos na Judeia e Samaria.

O domínio romano começou no ano 6 d.C.. No ano 26 Pôncio Pilatos assumiu o território que antes tinha pertencido a Arquelau e governou por 10 anos.
Não foi um governador querido pelos judeus. Uma vez colocou estandartes com a imagem do imperador no Templo, outra retirou dinheiro do tesouro do Tempo para construir um aqueduto, em ambas ações causaram comoção do povo. Em outra ocasião mandou a polícia ao Templo, que terminou no assassinato de muitos judeus, ao ponto do sangue deles se misturar aos dos sacrifícios (Lc 13:1).
Seis anos após a morte de Jesus, judeus incentivados por um "profeta" subiram ao monte Gerezim. Para dispersar o povo ele enviou tropas que massacraram o povo. Por fim, ele foi denunciado à Roma e enviado para Gália, onde pode ter se suicidado.

Após Pilatos, houve outros procuradores Romanos no cargo. Mas também houve um príncipe vassalo: Herodes Agripa I, filho de Aristóbulo e neto de Herodes o Grande.
Este procurou agradar o povo, então fazia doações ao Templo e frequentava-o diariamente afim de orar. E para agradar o Sinédrio perseguiu cristãos e mandou matar Tiago (At 12:1-3). Mas tudo isso, não passava de uma farsa, pois quando se afastava de Jerusalém e ia pra Cesareia adotava os costumes gregos.
Em 44 morreu, e seu filho Agripa II assumiu parte do que ele tinha governado.

Agripa II seguindo os passos de seu tio-avó Herodes Antipas, também se uniu a sua cunhada Berenice (mas essa era viúva). Ele foi o último da família herodiana com algum destaque, e após a sua morte Israel foi governada unicamente por procuradores Romanos, que em sua maioria foram severos.
Os judeus tinham certos privilégios em comparação aos demais povos, tinham liberdade para realizar suas festas, culto e eram dispensados da adoração ao imperador. Porém não eram poupados dos tributos e dos censos que ocorriam com certa frequência. Era exigido que cada pessoa retornasse a sua cidade de nascimento para ser contado, o que gerava muitos inconvenientes.

Dentro do judaísmo havia algumas seitas:
Os saduceus, procedentes das antigas famílias aristocráticas.
Os fariseus, que se gabavam de serem melhores que os demais, pois eram mais piedosos, mais zelosos e guardavam a lei estritamente.
Os zelotes, partido extremista que tinha saído dos fariseus, não reconheciam nenhuma autoridade a não ser a de Deus. Aqueles que consideravam serem infiéis ou traidores, eram exterminados, através de uma pequena adaga, chamada sica.
Eles constantemente inflamavam o povo ao ponto de causar levantes e revoltas. Muitos foram mortos afim de conter esses movimentos, mas for fim, culminou na destruição de Jerusalém, do Templo e do exílio do povo no ano 70.


Capítulo 7
Escravidão
Enquanto o mundo tinha escravos aos montes. O povo judeu se diferia, pois tinham leis que protegiam o escravo, coisa que o cristão demorou tanto a aprender. Como os hebreus tinham sido escravos no Egito, tratavam o escravizado com mais prandura, ao ponto de surgir um ditado: "quem comprar um escravo judeu arranja um senhor para si mesmo".
Além de haver o ano sabático e o ano do jubileu, onde escravos podiam ser libertos.

Trabalho
Desde o Éden o homem sempre trabalhou. Na Bíblia há muitas referências enobrecendo o trabalha, mas nenhuma a ociosidade. Jesus e os discípulos  trabalhavam, Paulo se orgulhava de não comer as custas dos fiéis, mas se auto sustentava, através de sua profissão de fazedor de tendas.
Desde Deuterenômio 24:14 os trabalhadores tinham direitos. Nos dias de Jesus eles tinham sua própria CLT, garantindo ao trabalhador alimentação, alojamento, vestimenta, horas trabalhadas, pagamento e proteção a maus tratos.

Classes sociais
Nos tempos de Jesus  havia apenas duas classes sociais: os ricos e os pobres.
Os descendentes dos Reis bíblicos, já não tinham qualquer influência, os ricos eram a descendência de Herodes (em vida foi denunciado por monopolizar bens imóveis, acumulados em mil talentos de ouro, algo em torno de 21 milhões de libras esterlinas), os descendentes dos hamoneus e as famílias dos sumos sacerdotes. Os demais, composto por trabalhadores eram todos pobres.

Escribas
Surgiram durante o cativeiro babilônico, Esdras foi um deles. Eles eram responsáveis por fazerem cópias das escrituras, além de se debruçarem para entender e compreender o que elas queriam transmitir. Mais tarde organizaram o que veio a ser o Velho Testamento. No mesmo período surgiram as sinagogas, que serviu de palco para ensinarem os demais. Alguns recebiam o título de doutores da Lei, outros de mestres ou rabinos.

Capítulo 9
Fala sobre a estipulação da contagem do tempo. Os judeus da época de Jesus assim como os atuais, usavam a lua para contar o período de ano e consecutivamente os meses.
No calendário lunar tem a diferença de 11 dias, na comparação com o solar.
Para fazer a correção do tempo, no calendário solar, de 4 em 4 anos é acrescentado um dia a mais.
Já no lunar, de 3 em 3 anos tem um mês a mais.
As semanas, compostas por 7 dias, tem base na própria Bíblia, pois o Senhor fez o mundo em 6 dias e ao sétimo descansou.
O dia ia até o por do sol. As horas, eram baseadas pelo duração da presença do sol no céu. Logo no verão as horas eram mais longas, se comparadas com as nossas que tem 60 minutos. E no inverno eram mais curtas. Esse método tinha sido adotado do império romano. A noite como não tinha sol, para se basear o tempo era contado por vigílias, e cada uma delas tinha mais ou menos 4 horas cada.

Capítulo 13
Os judeus dos primeiros séculos tinham a incrível capacidade de memorizar grandes textos. A princípio o Antigo Testamento só existia na forma oral e foi passado de geração em geração. Diz-se que Esdras ditou noventa e quatro livros sagrados e que as profecias de Jeremias foram verbalizadas por 22 anos, antes de serem escritas. Os livros de Salmos, Provérbios e Cânticos também se difundiram através da forma falada e de canções e somente mais tarde passaram para a forma escrita.
Os ensinos dos rabinos eram aprendidos  oralmente e quando foram reunidos na forma escrita, receberam o nome de Talmude, que significa aprendido de cor.
Quando o livro foi publicado, as escolas talmúdicas ainda ensinavam de forma que os alunos tinham que decorar grandes textos, sem qualquer omissão, acréscimos ou modificação.
O hebraico tem essa vantagem, por ser uma língua poética, auxilia na memorização. Além de possuir ritmo e melodia.
Algumas frases usadas como incentivo:
"Os eruditos consideram seu dever recitar de memória";
"O homem que se esquece de algo que aprendeu provoca a própria ruína".

O hebraico original tinha como base o alfabeto fenício. Possuía 22 letras, sendo todas consoantes, e para auxiliar usavam 3 consoantes que tinham som de vogais (semelhante ao Y ou W, que podem ter som de vogal). Então, pouco antes da era cristã, o alfabeto foi substituído por um novo de origem aramaica, que é o mesmo usado atualmente.

Capítulo 15
Os judeus eram naturalmente mais higiênicos que os demais povos, graças aos ensinamentos da Torá.
Porém com o passar do tempo tornaram-se supersticiosos, acreditando que determinadas coisas davam azar.

Capítulo 16
O dia iniciava com oração, entregando-o à Deus. Para fechar a semana, havia a consagração do sábado, dia de descanso e dedicação à Deus . Porém a guarda do sábado se tornou tão rigorosa, ao ponto de mil israelitas preferirem morrer a empunhar armas no sábado. Então os sábios rabinos criaram regras do que era permitido fazer no dia de sábado. Poderiam realizar tarefas de cunho religioso e ajudar alguém que corresse risco de vida (observância que ocorre até os dias de hoje).
O calendário era recheado de festividades e datas comemorativas.
Na Páscoa grande multidão se dirigia a Jerusalém para comemorar lá. Flávio Josefo, fez uma estimativa de 6 milhões de judeus que iam à cidade para celebrar. Nessa parte o autor usou a seguinte frase: "diz o historiador sem enrubescer", em várias partes do livro, ele colocou em dúvida o que Josefo escreveu, além de fazer pequenas críticas a própria Bíblia, dizendo: "a estranha cerimônia do bode expiatório" e teve muitas outras nos capítulos anteriores.

Capítulo 18
O Templo da época de Cristo, já não era o mesmo construído por Salomão e também não era o mesmo construído por Zorobabel. Mas um terceiro Templo magnífico, reformado por Herodes o grande. Que só foi totalmente concluído no ano 64 d.C. e poucos anos depois foi destruído, para não mais ser reconstruído até os dias atuais.
O Templo tinha 9 portas: 4 do lado ocidental, 2 do lado sul, 1 no norte e 2 a leste. No pátio dos gentios, próximo ao nível do solo, qualquer pessoa podia frequentar. Os judeus se reunião para adotar em uma parte superior, separados entre homens e mulheres.

As sinagogas ao contrário do Templo, tinham várias, pelo menos uma por cidade e eram destinadas ao estudo da Torá.

Capítulo 20
Termina falando sobre a união dos 2 principais grupos (fariseus e saduceus) para condenarem o nosso Senhor. "...e a grande maioria do Sinédrio que julgou naquela noite trágica de quinta para sexta-feira santa, achava-se contra Ele. Quanto à multidão (e estas geralmente volúveis), não foi difícil transformar seu entusiasmo em indignação..."
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Edson 19/02/2023

Uma obra prima.
Um dos melhores livros sobre a época dos dias de Cristo. Como historiador que é, o autor nos transporta para o ambiente da Palestina da época dos dias de Jesus. Seu conhecimento sobre a política, geografia, religiões e judaísmo da época acrescenta e muito o estudo daquele contexto. Vale muito a pena a leitura e debruçar para extrair ricas informações.
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Sete 12/04/2021

Muito interessante
Podemos entender o contexto da época em várias nuances: política, econômica, histórica e geográfica.
Muito relevante para ajudar na exegese bíblica.
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gab 03/04/2021

Excelente livro, péssima tradução
Daniel-Rops já é um escritor consagrado quando se trata de História Cristã, essa é mais uma de suas excelentes obras, realmente nos transporta à Palestina dos tempos de Jesus e nos ajuda a compreender as questões sociais, políticas e religiosas da época.

A tradução da editora Vida Nova, no entanto, é extremamente desonesta, acrescentando a palavra "apócrifo" aos livros bíblicos deuterocanônicos quando convém, tentando mascarar o Catolicismo do autor. Atitude, infelizmente, não muito incomum em editoras protestantes. Lamentável.
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Jairinho 23/02/2010

Não canônicos
O livro é muito bom e traz muitas informações interessantes sobre os costumes na época de Jesus. O mais irritante é a insistência do autor em usar livros não canônicos, especialmente "Macabeus" e "Eclesiástico", como referências morais. Usa também muitos textos dos tratados judaicos, o que na minha opinião é válido, pois trata-se apenas de costumes. Enfim, um bom livro, mas pule os textos não canônicos. Eles não farão diferença.
gab 03/04/2021minha estante
Isso ocorre por que o autor é católico, esses livros são canônicos, foram excluídos da Bíblia Protestante e Judia




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