Jhulec Bane 18/11/2017
Trágico, mas ainda sim muito bom.
"Qual a tristeza que se iguala àquela de quem está só?
Vivi um dia na companhia de um rei que muito amava,
E meu braço pesava, com o peso dos anéis que me dava,
E meu coração se oprimia com o ouro do seu amor,
A face de um rei é como o sol para os que vivem ao seu redor.
Agora, contudo, meu coração vazio está,
E erro sozinho pelo mundo.
Os bosques florescem,
As árvores e os prados crescem livremente,
Mas o cuco, dentre todos os cantores o mais triste,
Chora a angústia solitária do exílio,
E meu coração andarilho vagueia
Em busca daquilo que nunca mais vi;
Todos os rostos são iguais para mim,
Se não posso ver o do meu rei,
Assim como todos os países se parecem,
Quando não posso ver as terras felizes e os prados de meu país
Ergo-me, então, seguindo meu coração errante,
Buscando as alegres campinas que me são familiares,
Quando não posso ver a imagem de meu rei
E o peso em meu braço não passa de uma tora dourada,
Quando o coração está vazio, sem o peso do amor
Vou seguindo a vagar
Pelos caminhos dos peixes,
E pela rota da grande baleia
E além do país das ondas
Com ninguém para acompanhar-me
A não ser a lembrança daqueles que amei
E as canções que outrora cantei com o coração
E o lamento do cuco na memória."
Esse é o melhor livro dessa série fantástica, na minha opinião. É o livro que dá conclusão a uma das melhores lendas já contadas pela humanidade. Não seria para menos, já que estamos falando das Brumas, mas também é o volume que mais arrasa com o seu sentimental.
O povo de Avalon tem um plano para interferir no reinado de paz de Artur, e Morgana novamente brilha na trama com a sua luta para tentar impedir que o santuário tão querido da Deusa seja esquecido.
Se eu pudesse descrever esse livro com duas palavras eu usaria 'ambição' e 'traição'. Com Gwydion (ou Mordred) já crescido as coisas em Camelot começam a ferver. A traição de Artur com Avalon pesa ainda mais, e Morgana não pode suportar ver ele trair a Deusa e não cumprir o seu dever para com o povo que o colocou no trono. Seu plano muito bem planejado para retirar seu irmão do trono pode muito bem falhar ou dar certo, mas ninguém sabe do destino, e a Visão às vezes pode ser uma maldição.
Já é espalhado por toda corte e pela boca dos saxões que Lancelote é o amante de Gwenhwyfar, o que traz sérios problemas políticos para Artur, pois ninguém quer um rei que não controla sua mulher.
Avalon agora possui um traidor em seu seio, alguém que roubou a Sagrada Regalia e pretende Blasfemar contra ela, a usando como símbolo cristão, e aí é que a Nimue entra nos planos de Morgana e Niniane, mas um plano que provavelmente gerou arrependimento, pois para ter a vingança se pagou um preço muito alto.
Os personagens que eram tão novos no primeiro livro agora sentem o peso da idade em suas costas nesse último. Muitos estão tão velhos, é quase impossível você pensar que são os mesmos personagens do início da história devido tudo o que já fizeram. Mordred planeja vingança contra seu pai para lhe tomar o trono, o jovem gamo derrubando o Gamo-rei, mas Artur não se deixa abalar e nunca desistiria do que é seu.
Com tantos acontecimentos O prisioneiro da árvore acaba por ter um fim trágico, mas ao mesmo tempo satisfatório para alguns e difícil de aceitar para outros. Eu mesmo senti um misto dos dois. É o volume com mais mortes, sendo elas de Camelot ou de Avalon, mas particularmente eu vi uma mensagem de tolerância no final para todo tipo de crença. É uma trama tão boa e não possui nenhum vilão além da própria religião, ninguém é endeusado ou temido; os homens são apenas homens e as mulheres apenas mulheres. A história acontece pela decisão que cada um toma, são todos apenas humanos.
Foi uma série que arrancou muitas lágrimas de mim, mas que merece ser lida novamente um dia.
E lembrem-se: "Todos os deuses são, na verdade, um único deus".