Teresa 30/01/2010
Este diário foi doado, pela família de Hélène, ao Memorial da Shoah (Paris) e, como diz sua sobrinha no último parágrafo do prefácio: "Que este diário, um ato de sobrevivência, possa se propagar infinitamente e alimente a memória de todos aqueles cujas palavras foram apagadas".
7 de abril de 1942. Hélène, uma moça de 21 anos, culta (diplomada em lingua e literatura inglesa pela Sorbonne), rica, passava férias numa fazenda da família e reunia-se com amigos para tocar Beethoven, Schubert, Mozart, ao violino.
A fluência de seu texto nos leva da vida rotineira na universidade, o flerte com o "rapaz de olhos cinza" (depois seu noivo Jean) aos dias sombrios da realidade da França ocupada e dos colaboracionistas.
8 de junho de 1942. Hélène começa a usar a estrela amarela; eis o que ela escreveu naquele dia: "...a maioria das pessoas não olha. O mais doloroso é cruzar com outras pessoas que também usam".
Pouco a pouco a esperança de Hélène vai diminuindo e isto, na medida em que ela vai se conscientizando do que acontece em Drancy (criado pelo governo de Vichy e controlado pela polícia francesa) e dali para os campos de concentração e mais: do trabalho sujo da polícia francesa e dos colaboracionistas que indicavam onde viviam as famílias judias para, em seguida, saquearem as casas abandonadas.
Um detalhe muito interessante é seu questionamento sobre o corportamento dos cristãos. E ela, apesar de todos os riscos que corre, trabalha num grupo clandestino de proteção e ajuda de crianças órfãs num verdadeiro exemplo de caridade e amor ao próximo.
Recomendo este livro tanto por seu valor histórico como por sua qualidade literária. Faço minhas as palavra de Mariette Job (sobrinha de Hélène): "Que este diário, um ato de sobrevivência, possa se propagar infinitamente e alimente a memória de todos aqueles cujas palavras foram apagadas".