Lucas 03/12/2023
We're in ruins, but, oh baby, I know that we can make it out
A conclusão da trilogia O Milésimo Andar é uma leitura gostosa. mas passei o livro todo me perguntando se essa história precisava ser uma trilogia.
o primeiro livro da série é eletrizante. acontecimentos mil e nenhum personagem deixando com que a história amornasse, até porque eram cinco protagonistas. após a morte que encerra o primeiro volume, a autora surge com A Altura Deslumbrante e um mote de vingança. uma nova personagem aparece para vingar aquela que morreu antes. e uma outra, Calliope, se junta ao time de protagonistas. esta, no entanto, era melhor que nem tivesse aparecido, pois era tão necessária quanto enxugar gelo. ficou devendo interação com o segredo já existente na trama e que os portagonistas sobreviventes estavam sendo obrigados a esconder. ela passou pela trama destacada, com pouca ou quase nenhuma ligação com os demais. e na conclusão da trilogia a personagem segue assim. enquanto os outros quatro estão às voltas com problemas desencadeados por causa dessa morte na primeira história, Calliope está vivendo à parte. não se conecta em mais da metade do livro com nenhum dos outros protagonistas.
além disso, a história avança lentamente. a autora mostra muito o dia a dia dos personagens, seu amadurecimento, pois ou estão se tornando adultos ou já são. no entanto, hoje em dia, olhando em retrospecto, penso que o primeiro livro poderia ser condensado e nele caber duas edições, sendo toda a obra uma duologia. não digo que neste terceiro volume a autora encheu páginas porque de certa forma a leitura pra mim foi prazerosa, não achei em nenhum momento enfadonha. apesar de ter lido os livros com anos de diferença, eu me apeguei a eles e gostei de acompanhar suas vidas. mas a necessidade de se fazer três livros era quase nula. repito que em nenhum momento senti que a autora estava enchendo páginas, mas a questão vital que pairava sobre a trama passou a se desenrolar mesmo a partir da segunda metade do livro, o que me faz defender com veemência que essa seria uma história muito mais cativante se fosse uma duologia em vez de uma trilogia.
com relação aos personagens, senti que a autoria quis aqui redimi-los, de forma a pouco a pouco se arrependerem pelos erros que vieram cometendo ao longo de tantas páginas. esse amadurecimento característico da adolescência para a fase adulta ficou muito marcado na escrita da autora pois, apesar de serem jovens, eles sabiam que arcariam com cada consequência de seus atos. eu gostaria muito que os entrechos de Rylin e Calliope neste livro fossem melhores, pois na minha opinião eles ficaram muito aquém do que elas mereciam: personagens fortes, com um grandississímo potencial, mas que ficaram ali na margem, numa trama pessoal arrastada demais. o segredo que os envolvia pouco foi aproveitado e apenas uma única vez fez com que eles se preocupassem verdadeiramente com a possibilidade de serem pegos.
A Vista Infinita não é um grande livro, está muito distante da imensa entrega que Katharine McGee fez em O Milésimo Andar, mas não é um dos piores finais que eu já li em minha vida. a autora manteve certa coerência no texto e apesar do livro se passar no século XXII, o ser humano continua essencialmente como é atualmente: ganancioso, mentiroso e manipulador. e por causa dessas três características a autora entrega um plot twist tão, mas tão maravilhoso que eu JAMAIS, repito, JAMAIS, estava esperando.
que delícia poder ter acompanhado todos esses personagens nessa saga maravilhosa e por poder tê-los conhecido tão intimamente que chega a ser possível pensar que são reais tamanha a competência da autora em escrever. gostaria que o enredo tivesse sido mais cativante, embora isso não apague o brilho que foi esse livro para mim.