Literatura Policial 12/10/2015
Não me lembro de ter lido diálogos tão bem construídos
Adepto de refeições rápidas e morador do bairro do Peixoto, Espinosa nos passa a impressão de um homem calejado e objetivo, sozinho e de vida tranquila. Após o “assassinato em série” de alguns policiais na zona sul do Rio de Janeiro, um clima de medo e desconfiança recai sobre as delegacias de polícia e cabe ao Delegado Espinosa recrutar companheiros fiéis para conduzir uma investigação sigilosa e cercada de perigos.
Durante pouco mais de duzentas páginas, não temos uma narrativa alucinante ou em clima de suspense constante. Pelo contrário, encontramos uma escrita elegante, com toques de ironia, humor e objetividade tipicamente atribuída ao masculino. Convivemos com Espinosa em sua rotina, nos trajetos a pé de seu apartamento até a delegacia, nos momentos de isolamento em seu reduto e na intimidade com suas mulheres.
Não me lembro de ter lido diálogos tão bem construídos como li neste romance, que ao mesmo tempo me envolviam por sua simplicidade e seriedade, e me faziam também rir sozinho. É possível captar a essência de cada personagem, por mais curtas que sejam suas aparições e imaginar todo o universo envolvido. Poderia ler mais quatrocentas páginas de conversas entre os detetives Ramiro, Welber, Artur e o Delegado Espinosa.
Esse é um daqueles livros que ao chegarmos ao final, queremos voltar a diversos trechos e ler de uma forma diferente, agora que sabemos o que realmente se passou. Excelente leitura.
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