Valéria Cristina 17/07/2023
Leitura urgente!
As Impacientes é um livro que lemos com um nó na garganta. Através do olhar de três mulheres – Ramla, Hindou e Safira – conhecemos como morrem os sonhos. A narrativa tem como cenário Maroua, no norte dos Camarões, na África.
Em uma sociedade muçulmana patriarcal, machista e sexista, às mulheres é aconselhada paciência – munyal. Nesse cenário, seus desejos, sonhos e aspirações são sistematicamente ignorados e os casamentos arranjados são a tônica.
Cabe à mulher obedecer, submeter-se, resignar-se, primeiro diante dos pais e, depois, dos maridos. A violência é considerada o exercício de um direito natural. O estupro marital é uma instituição. Nesse ambiente, mulheres deprimidas, oprimidas e vilipendiadas não têm voz. Uma geração sucede à outra, cada uma delas ratifica um sistema de opressão e violência, onde cada casamento faz reviver angústias, mágoas e desilusões.
Aos homens, tudo é permitido. São os senhores absolutos em suas concessões. A honra e a dignidade, da forma como as idealizam, estão acima de qualquer aspiração feminina. A poligamia incita as disputas, o ciúme e as coesposas vivem em um clima de guerra surda e abafada.
É esse o tema de um livro que precisa de ler lido com urgência.
Djaïli Amadou Amal nasceu em 1975 no norte dos Camarões, na região do Sahel, habitada pelo povo Fulani, antigos pastores nômades de fé islâmica. É autora e ativista pelos direitos das mulheres. Fundou e dirige a Femmes de Sahel, organização voltada para o combate à violência contra a mulher.