Carous 06/01/2018Se Lucy fosse organizada, eliminaria metade de seus problemasÉ engraçado porque sempre que lembrava que ainda restavam páginas para ler desse livro, eu revirava os olhos porque achava a leitura entediante. Porém, não me sentia assim quando estava com ele em mãos, embora só conseguisse ler um número exato de páginas por dia até que minha paciência com os personagens chegasse ao limite.
Nenhum personagem caiu nas minhas graças. As amigas de Lucy eram umas egoístas que eu tinha vontade de socar o nariz, o irmão dela, Mark, é um mala mulherengo (Deus, por que esse tipo de homem é obrigatório em livros?) que cismava que conhecia a irmã melhor do que ela mesma e sempre que Lucy mostrava-se diferente do que ele imaginou, ele não aceitava. O Tom, seu marido, eu relevei por muito tempo. No fundo, simpatizava com ele por morar com uma mulher tão bagunceira, mas eis que ele também se mostrou um mala e um parceiro que poderia apoiar mais a esposa e cuidar dos próprios filhos.
Eu lamentei a oportunidade que Fiona perdeu quando inseriu os outros tipos de mães, como a Mãe Gostosa Nº1 - que possui uma equipe de funcionários para ajudá-la na administração da casa e da educação dos filhos, além de ser rica -, a Mãe Alfa - a supermãe que é também uma deusa doméstica -, a mãe e sogra de Lucy - mulheres de outra geração, com ideias diferentes - de mostrar como elas se diferenciam no modo de vida, mas se igualam por serem mulheres com filhos cuja sociedade espera uma coisa e cada uma a sua maneira tenta cumprir. Ao invés disso, Fiona resolveu apelar para a caricatura.
Eu juro que tentei defender a Lucy porque consigo enxergar a diferença entre a paternidade e a maternidade: culpa. O pai moderno pode dividir as responsabilidades da criação dos filhos, pode ser dono de casa, mas os homens nunca trarão consigo a culpa que está entranhada na maternidade mesmo que você esteja fazendo tudo o que segue a cartilha de boa mãe. Até que me dei conta que a dificuldade da personagem em equilibrar filhos, casamento, sexo, vida social e cuidados com o lar estava no fato dela ser tão desorganizada que beirava a falta de higiene. E eu me vi não conseguindo defender uma pessoa porca.
Como carta na manga, Fiona montou Lucy através de cartas de mães que ela recebe na sua coluna do jornal, mas eu realmente me pergunto se alguma das situações constrangedoras em que a personagem se meteu são verídicas. A maioria parecia tão previsível e sem graça que eu me perguntava porque as outras pessoas faziam tão burburinho.
E os flertes só me mostravam que homem é capaz de encarar qualquer coisa quando está com tesão. Até uma mãe bagunceira e levemente sem higiene.
Estava pronta para dar 2 estrelinhas a este livro, até que Fiona Neill finalmente resolveu dar uma agitada na história nas páginas finais do livro e tive que reavaliar minha impressão de A vida secreta de uma mãe caótica.
O livro iria se beneficiar tremendamente se tivesse perdido umas 200 páginas (das quase 500 que tinha) completamente inúteis.