anxdomin 15/06/2024
Leitura atemporal maravilhosa!
Antigamente não tinham noção e não davam importância para a infância que damos hoje. Então, as meninas casavam muito cedo e esse luto da infância pra fase adulta que todo adolescente sente de descobrir quem é; o que faz sentido pra si; que tipo de adulto quer ser; do que gosta e não gosta; é esse conflito que a personagem vive precocemente, aos 7 anos nesse livro.
A Alice é uma criança que vive na Inglaterra na Era vitoriana. É uma menina muito esperta, curiosa, com muita imaginação e muita criatividade. Ela vive em uma fazenda e tem acesso a vários animais, e em um determinado dia entediada, acaba dormindo embaixo de uma árvore e sonha com o país das maravilhas onde nada faz sentido. Ela começa a história como uma garotinha ingênua e sem saber onde está, mas a medida que explora o país das maravilhas, encontra personagens estranhos e desafiadores que a fazem aprender a pensar de maneira mais crítica e a entender melhor a sua própria identidade e lugar no mundo. Então, podemos pensar que a personagem está em uma jornada de autoconhecimento, pois precisa enfrentar os obstáculos e desafios, assim como na vida real onde essas adversidades podem te fortalecer e te tornar mais confiante, ou então, dependendo da sua visão de mundo, podem te derrubar. Cada figura presente na história pode representar uma faceta diferente da personalidade humana, além das mudanças que a protagonista está vivendo ou até as próprias inseguranças.
O Chapeleiro maluco mostra um comportamento desorganizado e desorientado. Já a rainha Vermelha - inspirada na rainha Vitória, que governou a Inglaterra na época em que o livro foi escrito -, com o seu comportamento egocêntrico e autoritário, pode representar características narcisistas, afinal, se não fizesse o que ela queria, lá vinha ela com o: cortem as cabeças! Ah, também pode retratar o mundo adulto, por falarem de assuntos como política, e tem até uma parte do livro onde Alice vai ao tribunal e fica muito feliz de estar lá, porque é disso que ela lê no jornal, é disso que as pessoas falam. O coelho branco sempre reclamando que está atrasado e, portanto, sempre com pressa e preocupado excessivamente. E o gato, com aquele sorriso meio enigmático e debochado? Ele é perspicaz, sorrateiro e astuto. Quando Alice olha a estrada e pergunta pra onde o caminho vai, o gato responde: Pra onde você gostaria de ir? E ela diz: Não sei, estou perdida. E ele responde: Pra quem não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve. O gato ajuda Alice a navegar pelos desafios e se adaptar nas diferentes situações em que ela se encontra, podendo representar a inteligência emocional, mas também podemos perceber um comportamento brincalhão e manipulador. Muitas das ações do gato confundem Alice, e não somente ela, mas também o chapeleiro e o coelho. Além disso, ele a estimula a refletir quando responde: Pra quem não sabe onde quem ir, qualquer direção serve. Provocando-a a pensar que o seu destino depende apenas da sua vontade e escolha, ou seja, ela tem o poder de escolher o caminho que deseja seguir. O gato também desafia a ideia de que a vida é governada por forças externas ou sobrenaturais, que determinam o curso da vida. Ele ainda incentiva Alice a confiar em si mesma e a seguir a sua própria intuição.
Cada personagem pode ser visto de uma maneira diferente e vai depender da perspectiva individual. Por fim, a história é realmente muito interessante e recomendo a quem ainda não assistiu os filmes ou não leu a obra de Carroll.