Resenhas - A mulher ruiva

César | @extratextos 10/03/2021

Bom, mas com ressalvas
Foi minha primeira da TAG e o primeiro livro turco que li. Não posso dizer que foi o melhor, mas definitivamente foi uma experiência!

Achei que a primeira parte teve trechos muito bonitos sobre a observação do céu, estrelas e sonhos e a escrita é muito envolvente e fluida. A segunda parte mantém esses traços identitários, mas com um tom mais maduro, e não poderia ser diferente, já que o protagonista cresce e desenvolve sua visão de mundo.

Para mim, a terceira parte deixou a desejar. Não me envolvi tanto com a voz e achei que o fato de ter trocado de narrador foi um recurso literário apenas conveniente para a história, o que me deixou desapontado... pareceu um desfecho muito fácil e, lendo as entrelinhas da metáfora de Édipo/Sohrab, ficou claro o que iria acontecer no relato da Mulher Ruiva.

Achei que em muitos pontos a história "tentou demais". Tentou demais se encaixar no recorte de Édipo. Tentou demais comparar com a história de Sohrab. Tentou demais trazer um mistério sobre A Mulher Ruiva. E, no começo, meio e fim, tudo acabava sendo previsível...

Não vou negar que me envolvi muito com a história e foi uma leitura que, apesar de todos os pesares, definitivamente valeu a pena, principalmente pensando a experiência do clube. Mas está longe de ser uma de minhas favoritas.

A revista e o podcast completam muito a jornada e só tenho a parabenizar o pessoal da TAG. Inclusive um dos pontos que eu tinha ficado decepcionado era o fato de o livro ser traduzido do inglês, e não do turco, mas essa escolha foi justificada no podcast e achei muito legal que isso foi trazido em evidência!

Se você gostou dessa resenha, comecei um Instagram literário para divulgar as minhas leituras, opiniões, resenhas e afins nesse universo. Você pode me acompanhar em @extratextos no Instagram!

site: https://www.instagram.com/extratextos/

Fábio Nogueira 21/01/2021

Da Turquia para o mundo...
Me surpreendi bastante com este livro! A história prende do começo ao fim. Parabéns mais uma vez a TAG pelo excelente prestação de serviços a nós leitores :)

Renata 12/02/2021

Não sei se criei expectativas devido às avaliações e comentários sobre esse livro, ou se ando enjoada mesmo.

Detestei. Só se salva o fato de poder conhecer um pouco uma cultura diferente da minha, mas só. Devia ter aberto um guia de viagens, ganhava mais.

Frank 09/01/2021

A narrativa do Orhan Pamuk é sensacional, fluída, que prende a atenção. Mesmo contando a história de um jovem cavador de poços, a filosofia e moral imbuída na história, com inclusão de mitos antigos, toma a atenção do leitor. Infelizamente, senti que o final foi injusto e me decepcionou. Mas ainda assim é um ótimo romance.

Gláucia 19/02/2021

A Mulher Ruiva - Orhan Pamuk
Primeiro livro da Tag do ano de 2021 e meu primeiro do autor.
Um jovem de 16 anos passa uma temporada como aprendiz de um escavador de poços que o regala com lendas e histórias populares, muitas delas baseadas no Alcorão. A história de Édipo também tem grande influência na vida do jovem Cem, nosso protagonista. Cria-se um laço entre os dois e a leitura nos conduz a esperarmos um paralelo entre as histórias narradas e o destino dos dois. A mulher ruiva será o pivô desse desenlace.
Apesar de curto achei um pouco cansativo e repetitivo.

Debora 06/02/2021

Este livro não merece o esforço de uma resenha. Ou... obsessões repetidas não dão uma boa história
Chatoooo. Repetitivo. Focado/fixado nos casos de Édipo (filho mata o pai) e de Sohrab/Rostam (pai mata o filho). E uma mulher ruiva no meio da história, cujo sentido ainda estou procurando.
Ou melhor, uma mulher ruiva que REPETE a história no fim.

Pedro 05/05/2021

Não me impactou.
A leitura deste livro do Pamuk não me tocou. Não tive empatia com os personagens e a história não se desenvolveu de forma prazerosa. Alguns amigos gostaram bastante, mas confesso que o livro não me convenceu. O autor tentou atrelar os pontos, mas não foi satisfatório, ao menos para mim. A leitura por outro lado é bem tranquila, dá para ler em poucos dias. Enfim, como quase tudo na literatura, gostar ou não de um livro é algo subjetivo.

lyligrr 01/06/2024

Lembre-se de escutar sua mulher!
Ler livros sem antes ver a sinopse é uma grande aventura. Mas, quando cheguei na metade do livro, ainda não tinha entendido qual seria a premissa dele.

A escrita do livro é muito boa e fluida, e, apesar de ser um pouco previsível, o autor nos deixa vidrados com sua bela e inteligente narrativa!

Um livro sobre paternidade, envelhecimento, escolhas erradas e >CICLOS<

Obs.: Freud explica!

Leitura coletiva do meu clube do livro!

Indiamara.Passos 24/04/2024

O livro te segura em vários pontos, mas, para mim, o capítulo que trás o outro olhar do personagem me fez querer finalizar logo para entender o desfecho apresentado algumas páginas antes. Um final que te faz repensar a sutileza das relações.

Gabii Salvatore 12/01/2021

Livro não me prendeu. Achei a história até pouco mais metade do livro cansativa, o tempo todo em torno das mesmas coisas.
A idéia para o desenrolar foi interessante assim como a parte final.
Gostei da forma como foi escrito o livro e tal mas a história não me ganhou.

Naina Barros 10/02/2021

Mulher Ruiva é muito além do título
No começo da leitura fiquei me perguntando sobre essa relação de pai e filho, se o que abordaria no livro era somente essas questões que estamos acostumados a observar em nossa sociedade, onde é comum a mulher cuida sozinha dos filhos e
o pai se ausentar, é isso refletir na formação da criança até a sua fase adulta! Já no meio do livro percebi que ele traz uma reflexão muito maior na qual muitos de nós estamos desconectados que é o MITO,
de como ele permeia a nossa relação pessoal e coletiva. Apesar de não esperar esse desfecho da história e nem me envolver muito com os personagens, gostei muito das reflexões que o livro aborda. Leitura fácil, Super recomendado a leitura!

Higor 29/07/2023

"LENDO NOBEL": sobre clássicos adaptados para o século XXI
Apesar de considerar a bibliografia de Orhan Pamuk um tanto irregular, com livros incríveis como "Uma sensação estranha" e "Neve", e outros enfadonhos, como "O livro negro" e "O castelo branco", sempre aguardo com ansiedade por seus lançamentos, talvez por outros fatores alheios à literatura, como o interesse pelo país, sua mistura caótica, mas ao mesmo tempo fluida entre ocidente e oriente, dentre tantas coisas.

Logo, a cada novo livro que encaro, a sensação que fica é a de "Hmmm, este livro vai para junto dos incríveis ou enfadonhos?" E é com pesar que este "A mulher ruiva" vai para o rol de livros fracos do autor.

Primeiro que "A mulher ruiva" é um livro totalmente previsível, a um nível que beira o frustrante. O plot da história, escondida na sinopse e nas orelhas, logo se revela nas primeiras páginas, em que o tema é debatido de forma quase que didática, sem que a aplicação do tema se desenvolva no personagem principal, o que demanda páginas e páginas com a impressão de que o leitor está andando em círculos, e quando o ápice enfim acontece, apenas comprova a previsibilidade esperada.

A sensação que me deu foi a de que o livro mais se parecia um estudo acadêmico sobre "Édipo Rei", de Sófocles, ou "Shâhnâmeh", um épico iraniano do século X, pois além de resumir as histórias por inteiro, Pamuk se debruça em detalhes das mesmas, de maneira, confesso, magistral, mas que soa um tanto incoerente quando a proposta é nos contar uma ficção.

Então os defeitos dos livros, ao menos para mim, saltavam das páginas sem o menor esforço. Os conhecidos e fascinantes temas que o autor sempre carrega em suas histórias, de confronto entre tradição e modernidade, religião e secularismo, democracia e ditadura, Oriente e Ocidente, se perdem, ou não trazem a força costumeira de Pamuk, então, ao final, eu fiquei refletindo em como a história foi contada de maneira óbvia e até preguiçosa.

Tímido, previsível e até mesmo pouco trabalhado, "A mulher ruiva" mais parece uma homenagem a dois livros favoritos do autor, mas sem trazer novos elementos ou algo que possa surpreender o leitor. Talvez a novidade seja trazer a história da Grécia e do Irã e ambientá-las, de maneira simplória, na Turquia.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel".

Robert125 22/02/2021

Geografia urbana condensada em uma literatura de qualidade.
Esse é meu primeiro contato com o "Nobel de Literatura" Orhan Pamuk e uma obra turca, e só posso dizer que amei. Desde a construção da estória (que parece confusa no primeiro contato) até às correlações feitas com clássicos da literatura ocidental e oriental.

Talvez, o mais importante na minha visão de geógrafo, tenha sido a forma como Pamuk colocou na trama as modificações que ocorreram ao longo de três décadas em Istambul, seja no âmbito urbano ou social, tornando-se um prato cheio para quem é amante das teorias de Geografia Urbana.

É um livro intrigante e que vale a pena a leitura!

Rick Shandler 07/08/2021

A Mulher Ruiva
E a Capitu? Traiu ou não? A falta de credibilidade de uma história narrada em primeira pessoa, brilhantemente trabalhada por Machado de Assis, alcança um outro nível com ?A Mulher Ruiva?. Se já fica difícil acreditar na história extremamente tendeciosa de Bentinho, imagina acreditar na história narrada pelo assassino do personagem principal.

Enquanto acreditamos que Cem está nos contando sua história já podemos nutrir uma certa desconfiança. Principalmente em algumas passagens importantes para construção do personagem, como a relação com a Mulher Ruiva e o incidente no poço com o mestre Mahmut. Será que foi bem assim? Agora, quando descobrimos o verdadeiro narrador da história a desconfiança vira uma certeza. A certeza de que estamos sendo enganados.

Não sabemos como foi a vida de Cem, só sabemos que provavelmente não foi da forma que nos foi contada no livro. Tudo é questionável. O incidente do poço nos é narrado por alguém que não estava lá. Enver sabe a história pela versão de mestre Mahmut. Nem sabemos se a versão que está no livro é a que ele escutou de mestre Mahmut, que já está morto. Ele pode muito bem ter mudado de forma a ficar mais incriminadora ainda para seu pai.

Agora, o que mais me impactou foi que a ?Ode? à Mulher Ruiva não é de Cem, é de Enver. Isso muda tudo. Enver tem uma relação muito próxima com sua mãe, o que condiz com o mito do Édipo (lembrem que Édipo não só mata o pai como casa com a mãe). Nada mais natural do que ele endeusar sua mãe. Toda vez que vemos a obsessão pela Mulher Ruiva no livro é Enver, não é Cem. É provável que Cem nem saiba qual a cor do cabelo da Mulher Ruiva. Que não a tenha perseguido pelas ruas de Öngören. Que ela nem tenha sido sua primeira mulher ou tenha tido qualquer importância para ele. É capaz que ele nem lembrasse quem era a Mulher Ruiva quando foi intimado a assumir a paternidade. Mas, logicamente essa não seria a história que Enver contaria.

Enver é o narrador menos confiável que há. Mesmo assim, ele nos faz um belo serviço. Narra um história envolvente, tendo como centro a difícil relação entre pais e filhos enraizada nos mitos de Édipo, Rostam e Sorhab. Tudo isso com pinceladas da cultura turca e todo seu conflito entre oriente e ocidente, tradição e desenvolvimento, socialismo e capitalismo.

Ótimo livro. Orhan Pamuk poderia beber mais um pouco na fonte de Machado de Assis e nos trazer uma continuação, a la Brás Cubas. Agora sim narrada por Cem no seu pós-túmulo e dedicada aos vermes que primeiro lhe encontraram. No fundo do poço.

Bianca 06/04/2021

A PARTE 3

Se essa história fosse sobre Cem, ela teria se encerrado na segunda parte.

Teríamos sido agraciados com as quase conquistas de Cem e sua ?leviana profundidade? que, na busca por conhecer mitos semelhantes à sua história, viveria a própria tragédia.

Talvez, como leitores, sentiríamos falta de saber como Mahmut escapou do poço e, principalmente, quem matou quem décadas depois no mesmo local.

Seria um final em aberto, mesmo assim um final digno de uma bela obra, quase lírica, sobre Cem.

Cem, destinado a retornar ao fundo do poço! O mesmo onde deixou para morrer um homem que considerava como seu pai!

Mas, então, veio a fatídica terceira parte.

A Mulher Ruiva não se prestou a narrar tantas páginas só para nos elucidar como Mahmut saiu do poço e quem matou quem na beira daquele lugar amaldiçoado.

Ela bagunçou toda a história, tirou-a do prumo, desestabilizou por completo.

Quem se importaria, no final de uma obra, em saber como foi a vida dela e do filho, quando líamos sobre o crescimento, busca e destino de Cem?

O ímpeto de um leitor seria ler tudo novamente, agora sob o olhar do verdadeiro narrador dessa história: Enver, filho de Cem.

O que sobra de Cem sem a profundidade de Enver? Um adolescente egoísta que largou o Mahmut no fundo do poço e fugiu!

O que sobra é um Cem de ressaca, que havia dito a Mulher Ruiva na noite anterior que estava cansado, que não havia água nenhuma, que queria ir embora?

Quem é Cem?

Ainda com vívida de quem acaba de fechar um livro, algumas passagens começam ressonar em reflexões.

A PARTE I

Nosso novo protagonista, Enver, bem como Édipo, toma o lugar de seu pai na narrativa que ele mesmo escreveu.

Estaria Enver contando em longas e detalhadas páginas como era seu ressentimento ao pai na infância (até então Turgay) que mais pensava em trabalho do que nele?

Escrevendo por um outro ângulo (já adulto), como foi viver sem recursos, largado pelo abastado Cem?

Estaria Enver nos relatando através dos olhos de seu pai, as noites que passou ouvindo as histórias de Mahmut na infância, ao lado do poço, sob o céu de uma cidade ainda pequena e não atingida pelas construtoras e crescimento populacional?

Estaria Enver descrevendo com paixão o seu primeiro amor e relação sexual, vividas na mais tenra infância, com a Mulher Ruiva, sua própria mãe, assumindo papel de Jocasta?

De quem gostamos, afinal? De Cem ou de Enver?

A PARTE II

Estaria Enver apenas conjecturando a vida que imaginava ser a de Cem, um homem bem sucedido com um relacionamento tão estável e sereno que chega a ser inverossímil?

Pois toda profundidade intelectual e emocional que ele remete ao pai, Cem, poderia ser somente a descrição dele mesmo, Enver, em sua obsessão pelas histórias de Édipo Rei e Shahnameh?

Obsessão por sua mãe, A Mulher Ruiva?

Já que Enver nada mais sabia sobre este pai, além de poucas informações coletadas através de sua mãe.

Pois quando os dois finalmente se encontram na narrativa, num embate onde Enver pôde deixar - em partes - de representar o papel do pai para falar com sua própria voz, Cem parece apenas um homem raso, sem interesse na profundidade intelectual e emocional do filho.

Um homem que parece desinteressado e quando Enver cita assuntos como religião e filosofia.

Mas nenhuma das conjecturas pode ser a oficial. Aquela que elucida ao leitor qual das versões assumidas por Enver condiz com a realidade.

Qual das versões que ele descreve de seu pai era verdade e quais eram suposições ou ele próprio tomando seu lugar?

Estaria sua mãe manipulando a história de Cem e Enver, desconstruindo um mito onde sempre um dos homens é protagonista e vencedor?

Quem, afinal, levou a arma até a beira do poço? Foi o Cem real, que mal conhecemos, ou o Enver assumindo na história o papel de seu pai?

Capitu traiu Bentinho? Eis a questão.