Henrique Fendrich 29/04/2021
Livro que é um encanto e um pequeno mimo. Histórias simples e muito bonitas, todas marcadas pela presença de algum anjo. É anjo que cai do céu, é anjo que é confundido com galinha, é anjo que cuida de assaltantes, entre outras possibilidades que mexem com a imaginação e que trazem ao dia a dia um encanto que a gente perde depois de adulto. É um livro aparentado ao lindo "Histórias do bom Deus", do Rilke (aliás, também nascido na atual República Tcheca, onde os "contos de fadas" parecem ter uma tradição marcante).
A história que considerei mais bonita é a do assaltante que entra em um apartamento e encontra um menino que esperava pela mãe que demorava a voltar do trabalho. O menino fica muito feliz por finalmente ver uma pessoa, o assaltante se comove com a situação dele, desiste de assaltar a casa e diz para ele que é um anjo. Depois de se divertirem um bom tanto e de o assaltante até fazer o jantar para criança, o menino pede que o bandido mostre como se voa e que para isso salte pela janela.
O assaltante pensa um pouco e decide não decepcionar aquele menino. Dá a entender que vai saltar e mostrar como se voa, mas que com isso irá embora. O bandido está firmemente decidido a se matar dessa maneira, apenas para não decepcionar a criança.
Então ele salta, mas aí aparecem "anjos verdadeiros" que, invisíveis, conduzem-no em voos acrobáticos pelo céu, para grande deleite da criança.