Meu quintal é maior do que o mundo: Antologia

Meu quintal é maior do que o mundo: Antologia Manoel de Barros




Resenhas -


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Monge 15/03/2024

Pegar na bunda do vento
A poesia de Manoel de Barros me pegou de surpresa, de início um leve estranhamento, mas logo depois uma admiração genuína. Quantos textos do livro eu lia, mais admirado ficava. A capacidade do autor de falar da banalidade com uma aptidão gigante é incrível. E por falar em banalidades, na verdade, no que é desimportante, este é o material da poesia, tudo que é inútil, que não serve. Manoel de Barros se usa muito bem disso e nos traz uma infância e imagens lindas produzidas pelos textos, como "saudade me urinava na perna". Porém sua poesia vai além, apresenta uma proposta de um novo olhar sobre a realidade, não para as cidades, não para grandes monumentos, mas para árvores, sapos, lagartos, pedras, rios. Afinal as coisas são maiores conforme a intimidade que temos com elas, como diz o próprio autor! Como não se encantar com essa poesia do desencontro, do saber tudo de quase nada, poesia da natureza, poesia do desimportante? Simplesmente os textos mais bonitos que já li estão nesse livro.
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Emi 17/07/2022

?Ninguém é pai de um poema se não morrer.?
De modo encantado e ligeiramente delicado, é um livro que nos aproxima da natureza e belezas pequenas. A forma de expressar do poeta nos cativa e nos faz querer ver da mesma forma o mundo e cada detalhe que nos cerca.
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Stella F.. 25/05/2021

Não saber quase tudo
Ler poesia para mim é sempre difícil.
É porque nem sempre é possível entender, somente sentir. Comecei esse livro com grande dificuldade e aos pouquinhos fui me acostumando e marquei vários trechos bem interessantes.
Não podia deixar de conhecer a escrita desse grande poeta brasileiro.
Ao final do livro Manoel de Barros nos fala que três personagens o ajudaram a compor suas memórias: a criança, os passarinhos e os andarilhos. "A criança me deu a semente da palavra. Os passarinhos me deram desprendimento das coisas da terra. E os andarilhos, a pré-ciência da natureza de Deus".
Mas ao longo do livro todo vai nos mostrando o que é caro a ele, poeta. Fala muito da natureza, dos rios, passarinhos, árvores, alguns lembranças de infância onde o poeta já tentava surgir em pequenas coisas, e da não aceitação da palavra com um significado único, engessado, acreditava que a palavra poderia ser usada com outros sentidos, e não o já estabelecido pela regra utilizada por todos. Usa muito o que podemos chamar de liberdade, ao dizer que as palavras da natureza podem ser utilizadas por humanos e vice-versa, e faz uso desse recurso diversas vezes ao longo de toda a sua poesia: "Com a boca escorrendo chão o menino despetalava o córrego".
Outro recurso muito utilizado é dizer que gosta das coisas sem importância, que as menores coisas são mais importantes que grandes obras: "As coisas que não levam a nada têm grande importância".
Fala muito do início das palavras, quando sua origem surgiu, com a determinação do seu sentido mais ou menos fixo: " Eu queria avançar para o começo. Chegar ao criançamento das palavras".
Outro assunto caro ao poeta é o Pantanal. As poesias sobre o lugar em que passou grande parte da sua vida são lindas.
Poesias que gostei bastante: Eu não vou perturbar a paz; Os girassóis de Van Gogh; Nos primórdios; O Quero-Quero; A Nossa Garça; Prefácio; O Fotógrafo; Autorretrato; O Poeta; Poema; Os Dois; O Lápis; Achadouros. E muitos outros sem título. Seguem dois trechos muito bons:
"A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias. Porque a gente também sabia que só os absurdos enriquecem a poesia"
"A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo".
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Joaquim 06/05/2021

Muito bom!!!
Alguns versos possuem uma profundidade oceânica que remete a uma intensa nostalgia.

Recomendo MUITO!
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