Kielyr 02/03/2023
A sordidez do ser humano.
O enredo do livro delineia a passagem da juventude para a maturidade e as emoções que desabrolham nessa transição. O charme da escrita do autor é a sutileza em esboçar essa temática. É instituído um clima moderado e envolvente perante as particularidades da descoberta das incertezas, do amor e do desejo sexual.
Octavio criou toda essa trama, porém, os sentimentos são correspondentes em outras áreas da vida. E ele descreve tão bem as sensações quanto se fôssemos nós explicando-as. O livro mostra muito bem a dinâmica da natureza do ser humano. Direi, bem porcamente, como a luta entre o Bem e o Mal. Trata-se mais dos conflitos da alma, do que das trivialidades dos personagens.
Concerne ao homem e seus "aparatos", ? o comportamento, a moral, as defluências... Enfim, ao conjunto de "regras" que regem diferentes setores da vida.
"... a vida exige de nós um tão violento e constante estado de guerra que os sentimentos profundos e delicados são raros e no mais das vezes duram pouco, como plantas por demais sensíveis para temperaturas elevadas. Será preciso o longo e doloroso aprendizado da vida para que nos eduquemos melhor para o acolhimento dos grandes sentimentos necessários".
(pág., 77)
De fato, fiz uma excelente escolha comprando este livro. Chegou em minhas mãos num soflagrante necessário. "Custamos a compreender esse gênero de sentimentos e em geral são necessários vários acontecimentos imprevistos para que tomemos consciência desse fundo sensível que não morreu em nós e vibrará sempre que for tocado". (pág., 128)
Por fim, sem sombra de dúvidas, mostra como somos verdadeiras criaturas miseráveis. Pois não possuímos solidez de espírito. Frequentemente somos submissos aos nossos instintos bestiais ? desejos demasiados, sentimentos impuros, incertezas deploráveis... Perde-se a fé nEle quando tudo parece desmoronar, e o pior, culpa-se Ele. Inquestionáveis filhos ingratos.
"Meu filho, é preciso não querer demarcar a sombra de Deus na terra..."
(Padre Luís, personagem do livro)