adrianlendo
03/05/2021Eu realmente não gosto de falar mal de livros nacionais, mas eu peguei essa ARC no Netgalley em troca de uma resenha sincera. Então meio que vou ter que fazer isso.
gatilhos: transfobia, uso de nome morto, homofobia.
Cícero e Raimundo viveram um amor quando jovens, até que foram descobertos e o destino os separou. Cícero deixou uma carta para Raimundo, que a guardou durante toda sua vida e veio aprender a ler somente na terceira idade, justamente por causa dessa carta.
Começando pelo que gostei: A escrita. Ler A Palavra Que Resta me deu a sensação de estar lendo uma grande obra da literatura mundial apenas pela escrita. Eu sentia a cada instante que esse livro, apesar de publicado em 2021, poderia ser facilmente um clássico. É uma escrita que desafia, que não entrega tudo de maneira certa e que faz o leitor usar ainda mais do cérebro, nada é mastigado aqui.
Junto disso, também amei o desenvolvimento do Raimundo, protagonista do livro. Porém, tive a sensação que só ele teve um desenvolvimento bom.
Quando eu leio algo eu não peço por um personagem perfeito, mas eu peço que esse personagem imperfeito apresente alguma evolução e isso NÃO ACONTECE! Raimundo insiste em chamar Suzzanný pelo nome morto e isso durante TODO o livro. Ele evolui e passa a respeitar quem ela é mas MESMO ASSIM INSISTE EM CHAMAR ELA PELO NOME MORTO.
Sobre a relação dele com Cícero, não há espaço na narrativa para que eu compreenda de onde vem esse amor todo. O que eu vi no livro foi algo puramente carnal, não houve um desenvolvimento de romance o suficiente para que tornasse pelo menos um pouco crível o suspense através da carta.
"A Palavra Que Resta" se tornou uma das minhas maiores decepções porque prometeu uma história de amor que não aconteceu, prometeu uma carta que sequer aparece e tirando a escolha de narrativa e desenvolvimento do protagonista eu já não consigo apontar mais nada que realmente gostei.