Ana 20/11/2021
Livros voltados para o público infantojuvenil são os melhores para aqueles dias em que estamos querendo algo mais leve. Foi justamente pensando nisso que pedi De Repente Adolescente: eu sabia que em algum momento estaria muito cansada para ler qualquer coisa e somente um rolê com essa temática conseguiria me ajudar. Eu não sou mais adolescente há 84 anos, mas me diverti tanto lendo que me senti novamente como uma.
Nessa antologia, que poderia representar as histórias de quaisquer adolescentes brasileiros, temos 10 contos de autores muito legais, cada um com um estilo de escrita diferente:
✦ A Última Suspeita, de Camila Fremder
✦ Eu Estou Aqui, de Clara Alves
✦ A Revolta dos Salgados, de Iris Figueiredo
✦ A Batalha das Mamonas Verdes, de Jim Anotsu
✦ Menina-moça, de Julie Dorrico
✦ Casa Nova, de Keka Reis
✦ Segunda Chance, de Luly Trigo
✦ Entre Algodões-doces e Montanhas-russas, de Olívia Pilar
✦ A Maior Artista de Maranguape, de Socorro Acioli
✦ Agulhas e Bolinhas, de Vitor Martins
Apesar de cada um ter seu jeitinho de contar uma história, todas elas giram em torno de um ponto comum, que é a chegada da adolescência. Isso mesmo, aquele período crítico que somos novos demais pra muitas coisas e velhos demais para outras, quando começamos a entender quem somos de verdade e, consequentemente, entramos em conflito com tudo e todos. Todas essas sensações foram muito bem retratadas pelos autores através dos temas escolhidos por eles, como, por exemplo, racismo, sexualidade, separações, abandonos...
Eu já conhecia a escrita de Camila Fremder — é até engraçado, porque o conto é tão a cara dela que eu tenho quase certeza que reconheceria mesmo se não fosse identificado, rs —, Luly Trigo e Vitor Martins, autores que gosto muito, mas foi igualmente prazeroso ter meu primeiro contato com os outros autores de De Repente Adolescente. De fato, o que eu mais gosto em livros de conto é essa possibilidade que eles nos abrem de conhecer escritores novos!
Não vou entrar em detalhes sobre cada conto porque quero que vocês os conheçam ao lerem o livro, mas preciso dizer que os meus favoritos foram, sem sombra de dúvidas, A Batalha das Mamonas Verdes e Agulhas e Bolinhas. Vocês sabem bem meu critério para elencar preferidos: ou tem que me emocionar muito ou tem que me fazer rir muito. No caso dos dois contos, me emocionei bastante. O primeiro, do Jim Anotsu, é um dos mais originais, porque o narrador é Belo Horizonte — isso mesmo, a cidade aqui de Minas Gerais —, que conta como ela se tornou essa capital tão moderna, mas já adianto que não é uma história feliz. No segundo, do Vitor Martins, somos apresentados ao Murilo, um jovem muito quieto que resolve fazer aulas de bordado pra se sentir mais próximo do pai falecido, que era apaixonado pela arte. Não preciso dizer mais nada, né? Fechou a antologia com chave de ouro!
Também me encantei por A Maior Artista de Maranguape, com certeza o mais engraçado dentre os dez. Quem nunca sonhou em ser atriz quando era mais jovem, não é mesmo? Mas foi realmente uma delícia acompanhar a segurança com que a protagonista correu atrás dos seus sonhos, e as presepadas que se enfiou para alcançá-lo (e quando eu digo presepada, quero dizer dançar na Carreta Furacão vestida de Ben 10). Realmente gostei de todos os contos, mas esses três foram os que mais me marcaram.
Depois de terminar, fiquei pensando que gostaria muito de ter lido um livro como De Repente Adolescente na época em que eu estava me reconhecendo como uma. Talvez eu não tivesse tido tantas dúvidas, talvez eu tivesse encontrado todas as respostas de que eu precisava, ou talvez eu só teria achado um livro legal mesmo, nunca se sabe, com a cabeça que eu tinha. Então, se vocês conhecem alguém que está passando por essa fase tão importante, deem esse livro de presente. E, é claro, leiam vocês também para sentirem essa nostalgia gostosa que é lembrar desses dias tão especiais.
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