A mais amada

A mais amada Teresa Ciabatti




Resenhas -


8 encontrados | exibindo 1 a 8


annikav.a 17/05/2024

Você não é a protagonista de nada
É a centésima vez que ouço que um livro é genial por sua protagonista ser insuportável, mas aqui eu começo a entender um pouco mais das nuances de construir uma narração tão desesperada. Essa mulher autoficcional - Teresa Ciabatti - escolhe retratar somente os piores sentimentos, os mais vãos, mesquinhos, repreensíveis, até cruéis, nessa busca por quem realmente foram seus pais - sobretudo seu pai, Lorenzo Ciabatti. Por isso ela é chamada de louca, desequilibrada, infantil, não só por seus pares, mas também pela crítica literária (chegou a ser feita uma petição para boicotá-la do prêmio Strega, ao qual concorreu em 2017 se não me engano). Acusações que ela nem rebate. Muita coisa, muita coisa mesmo, fica nebulosa mesmo após o final do livro, mas o interessante é acompanhar o que se passa no núcleo de uma família tradicional construída na base do dinheiro, das ilusões do american dream, mentiras e de uma figura patriarcal em igual parte poderosa e desprezível.
Em especial, a dinâmica entre Francesca e Ambra me fascinou. Queria muito poder ler o lado das duas e contrastá-los com o da Teresa.
maria eduarda 17/05/2024minha estante
quero ler!




Leila 23/03/2024

A mais amada, da italiana Teresa Ciabatti, é uma incursão ousada no terreno da autoficção, prometendo uma reflexão sobre a relação entre filha e pai, entrelaçada com os mistérios e as ambiguidades da história familiar. No entanto, nos deparamos com uma narrativa que não cumpre suas promessas, mas sim se arrasta por um terreno de autocomiseração e inércia emocional.
Desde as primeiras linhas, somos apresentados a Teresa Ciabatti, uma personagem que, mesmo na tenra idade de quatro anos, já é descrita como “a filha, a alegria, o orgulho do Professor”. O Professor, por sua vez, figura como uma personagem quase mítica, um homem de grande poder e influência, cuja aura de benevolência é contraposta por murmúrios sobre seu verdadeiro caráter (que vamos descobrindo ser odioso).
A trama segue o crescimento de Teresa, que transita da infância para a adolescência enquanto se depara com a sombra imponente de seu pai (a mãe é praticamente uma carta fora do baralho nessa família). No entanto, ao invés de explorar de forma profunda e provocativa as complexidades dessa relação, o livro mergulha em um mar de autopiedade e queixas, centrando-se excessivamente nos dilemas mundanos de uma protagonista que parece incapaz de enxergar além de seu próprio umbigo, ou seja, uma mimada chata de marca maior.
A principal falha de A mais amada reside na superficialidade de sua abordagem. Enquanto promete uma investigação corajosa dos segredos familiares e das nuances do passado, o livro se perde em um emaranhado de lamúrias e ressentimentos, deixando de lado a oportunidade de explorar temas mais profundos e universais, o leitor fica num loop eterno dos "mimimi" da personagem.
Enfim, é uma leitura que frustra mais do que cativa (vontade de jogar o livro na parede durante a leitura foram várias). Sua tentativa de mesclar elementos de autoficção com uma investigação dos segredos familiares e históricos se perde em uma narrativa enfadonha e autoindulgente. Para aqueles que buscam uma experiência literária enriquecedora e provocativa, este livro certamente não atenderá às expectativas. Mas essa é a minha "humilde opinião", rs.
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Marina 28/10/2023

Fiquei completamente intrigada com a história, me senti tal como a autora-narradora, querendo descobrir quem foi Lorenzo Ciabatti, o que ele esconde, quais são seus segredos, tentando preencher as lacunas, fazendo suposições, construindo teorias. Ao mesmo tempo, fiquei angustiada com as mulheres da família, a mãe e a filha, que orbitam esse homem poderoso sem ter controle nenhum, submetidas às suas vontades, sendo manipuladas e sem forças para lutar contra ele. Li rapidamente na esperança de encontrar as respostas, mas acabei sem saber o que é verdade, o que é mentira, o que são fatos e o que é invenção, em quem se pode confiar, completamente atordoada. Muito boa leitura!
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Isa 08/10/2023

O mundo não te deve nada, Tereza!
Tereza, uma adulta frustrada com a própria vida, procura respostas na sua infância para justificar o seu fracasso. Como pode ela não ser o centro do mundo?

Em um contexto de pais ausentes imersos nos seus próprios sofrimentos e mistérios, uma criança mimada cresce sem aprender limites, responsabilidade e sua desimportância.
Na vida adulta, busca o que culpar sobre seu desencaixe no mundo. A culpa é da mãe, do pai, dos tios, das amigas, do irmão. E o que fazer a partir disso? Condenar o presente e remoer o passado, claro!

A narrativa é uma mistura de relatos.
Fatos não fecham, verdades são variáveis e o tempo todo é um sentimento de "pera, isso não tá certo" até entender que Tereza escreve a história para se justificar, não para nos contar.

O livro é sensacional, um dos melhores que já li. A construção da história é perfeita, sentimentos conflitantes o tempo todo. Recomendo!
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Natasmi Cortez 05/04/2023

Ela queria ter sido "A Mais Amada"
A experiência de ler uma autobiografia ficcional é única e agridoce. O êxtase que envolve o leitor é uma espécie de prazer culpado. Ver de perto as entranhas de uma família de renome, ser exposto aos seus segredos mais sujos, é como se aproximar de um ser antes inalcançável. É como estar em pé de igualdade com essas pessoas que assombram o nosso imaginário. O imaginário de quem possui uma vida ordinária. Ao mesmo tempo em que nos entregamos à essa narrativa, nos perguntamos se é certo chafurdar na dor alheia.
Talvez caiba nessa situação a desculpa do gênero literário. Aquela partezinha denominada ficção que permite que a autora/narradora vá além. Partes da sua história que ficaram sem resposta e que ela tenta desesperadamente reconstruir e recriar a seu bel prazer, para seu propósito. Quanta coragem Teresa reuniu para jogar a família ao escrutínio público?
Eu gosto é dos detalhes, das sutilezas, de um autor que consegue ir e voltar no texto sem se repetir, ao mesmo tempo que retoma assuntos já discutidos e assim cria pontos de conexão na história. Teresa faz isso muito bem. É como construir um quebra-cabeça. As peças se encaixam, cada personagem assumindo seu papel na trama e o leitor fazendo o próprio julgamento. Julgamento esse que causa incômodo e frisson. O leitor analisa a obra com um olhar superior, pronto para pontuar o certo e o errado, tal qual um deus onisciente. Mas nós não estávamos lá, não vimos com nossos olhos, nem escutamos com nossos ouvidos. O que temos são as palavras de Teresa, e ninguém que possa refutá-las. Um texto brilhante, envolvente, de ritmo frenético que sempre lançará sobre nós uma dúvida: o que é real e o que, não é?
Os personagens são perfeitos em suas imperfeições e isso camufla a veracidade do texto. Um pai perverso, mesquinho e manipulador, que facilmente se assemelha a um vilão, mas que ao mesmo tempo é tão brutalmente parecido com outros pais e homens que já conheci que se torna incontestavelmente humano.
Ou a mãe, que passa por um apagamento completo, a ponto de ser esquecida, mãe essa que foi tão quebrada pelos anseios perdidos, pela maternidade compulsória, pelo marido manipulador que preferia estar dormindo do que existindo em uma espécie de sobrevida. Quantas mulheres são a representação da mãe de Teresa? Seria ela, pura e simplesmente um símbolo dos sonhos partidos, ou mais uma vítima daquele machismo que passa em cima de todas nós como um rolo compressor?
O casamento perfeito para quem olha de fora, uma relação desigual para quem presencia o dia a dia. Um livro que narra a ascensão de um homem e a decadência de uma mulher e entre eles duas crianças, fantasmas, frutos de uma violência silenciosa e quase imperceptível. Teresa e o irmão usam as próprias ferramentas para vencer esse meio asfixiante. Ele, como a mãe, emudece. Ela, como o pai, manipula. E como confiar nas palavras de um narrador tão manipulador?
Teresa que culpa o pai pelos segredos e pelas transgressões diárias aos direitos humanos. Teresa que culpa a mãe pela inércia, e depois a culpa pela reação tardia. Teresa que ainda é aquela criança que só quer ser vista e amada. Criança que foi uma obrigação para a mãe e um estorvo para o pai. A adulta que ela se tornou é um reflexo daquela toxicidade que escorria pelas paredes da casa. Ela reconstrói a própria história na tentativa de talvez exorcizar as lembranças que a prendem ao passado e que a atraem para o mesmo lugar: a mansão. Símbolo máximo da riqueza e poder de um sobrenome: Ciabatti. É nesse lar descontruído que Teresa reside, nele estão as promessas de uma vida que nunca se concretizou. Teresa conta sua história e cabe ao leitor decidir se irá acreditar ou não.
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Lais 30/03/2023

Por ser um livro de autoficção que se mistura com a história da Itália, desde a primeira página me vi envolvida em entender e descobrir o que de fato aconteceu na vida da Tereza. A escrita do livro é muito interessante e alterna de forma inteligente da primeira para terceira pessoa.
Para quem gosta de livros de drama, sem reviravoltas mirabolantes, com uma história extremamente envolvente eu recomendo muito.
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Isa 02/03/2023

Cicatrizes da infância
Chega ao Brasil em 2023, publicado pela editora Ayiné, "A mais amada", de Teresa Ciabatti. Nesta autoficção corajosa, a escritora e roteirista italiana rememora sua infância e adolescência com o objetivo de encontrar respostas para entender traumas e conflitos presentes em sua vida adulta.

Dividida em três partes, a autora remonta a história de sua família, dando principal ênfase ao triângulo mãe, pai e filha.
Sustentada pela sombra da autoridade e influência do pai, o Professor, Teresa logo entende conceitos como "poder" e "dinheiro", vive uma infância marcada pela onipotência e ostentação. Em Orbetello, cidade natal da família Ciabatti, Teresa é soberana e vive em seu mundo particular, servida por aqueles que temem e respeitam a figura do Professor. No desenrolar da prosa, o leitor assiste de camarote a evolução da obsessão que Teresa desenvolve pela figura que o pai representa, personagem marcada por lacunas, contradições e inconsistências.

Desde dinâmicas familiares, o fascismo italiano, jogos de poder a problemáticas da maternidade, Teresa Ciabatti usa a escrita como uma forma catártica e magistral para recordar, repetir e elaborar vivências. A repetição, elemento amplamente utilizado na obra, não só é um instrumento fundamental para a narrativa, servindo como catalisador dos processos de elaboração, mas também sinaliza a resistência de Teresa em abandonar o passado. Assim como Elena Ferrante, Teresa Ciabatti consegue exprimir através de sua narrativa o denominador comum que une através das experiências e ruínas de ser mulher, fazendo aflorar um dos sentimentos mais complexos existentes: a piedade. Brutalmente honesto e cru, "A mais amada" mal chegou e já se consolidou como uma de minhas melhores leituras.
Fernando492 05/04/2023minha estante
Muito bom!




spoiler visualizar
Tana 04/05/2024minha estante
Também devorei esse livro! ?




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