Mês de Cães Danados

Mês de Cães Danados Moacyr Scliar




Resenhas - Mês de Cães Danados


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Jeff_Rodrigo 19/09/2023

Mário Picucha, um velho mendigo que perambula pelas ruas de Porto Alegre, narra as suas aventuras e desventuras, contando detalhes de sua infância, de sua família, de seus amores, de sua vivência no curso de direito, de sua estadia na cidade grande, e de como tudo isso convergiu para o conturbado mês de agosto de 1961 – mês em que, após a renúncia de Jânio Quadros, setores da sociedade civil se mobilizaram em uma campanha para impedir um golpe de estado contra o seu vice, João Goulart.

A história em si não conta detalhes do processo de mobilização da Campanha da Legalidade. O foco é a história do narrador, que conversa com alguém misterioso, ocupado e interessado em ouvir apenas. Contando detalhes de seu passado, e das ideias que tem do mundo presente, Picucha aparenta ter um ar de doido, carregando uma profunda tristeza e decepção com o seu passado, marcado por lembranças de uma família oligarca e disfuncional. Apresenta também uma tristeza com o legado que carrega no presente, caracterizado pelo vazio de sentimentos e de sentidos.

Seria Mário Picucha a figura gaúcho arcaico dos pampas do sul do Brasil, pronto a se mostrar para o quê veio no mundo, mesmo que isso seja feito na base da bala ou da faca? Ou uma alegoria do caudilho rústico e conservador das oligarquias gaúchas, que finge estar alheia e indiferente aos acontecimentos políticos do país?
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Franco 08/03/2020

Um livro bastante contextual, tanto histórico (agosto de 1961) quanto cultural (aspectos da vida gaúcha). Porém...

O contexto histórico ficou muito por cima; tanto é que, para entender do que está sendo falado, é preciso dar umas googladas (pelo menos se você, assim como eu, não lembrar lá muito bem das aulas de história brasileira). É também dessa superficialidade que nasce uma certa sensação de 'tá, mas e eu com isso?', uma vez que a gente não consegue sentir que estamos de fato lá (nos eventos narrados), nem sentir aquele comichão de quando a História acontece.

Já o contexto cultural ficou mais desenvolvido. Mas aí a simpatia pode variar de leitor para leitor. Talvez quem tenha mais contato com a cultura gaúcha sinta maior afinidade e a leitura flua melhor; mas é evidente que têm elementos ali que são bem bairristas e podem soar forçados para quem não teve muito contato com eles.

Por fim, quanto à escrita e estrutura narrativa, vai muito do gosto pessoal de cada um. A escrita é ágil e simples e vai sendo dividida em capítulos curtos, no estilo de uma narrativa em primeira pessoa em que o leitor faz as vezes da outra pessoa da conversa (que, na verdade, é um outro personagem). Essa construção toda (simplicidade, curteza e primeira pessoa), a certa altura, pode cansar um pouco, principalmente pela repetição dos elementos que demarcam a fala em primeira pessoa.

No mais, não deixa de ser um livro interessante por pincelar um momento da história brasileira, e por ser de um dos autores nacionais notáveis.
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M. Zerbini 29/03/2011

Um livro vazio
Sei o tanto que o autor é respeitado, mas ao terminar de ler este livro não pude deixar de sentir que perdi tempo.

Não se trata de ser uma história sem pé nem cabeça, li Cem anos de Solidão e recomendo a todos, devido a sua narrativa interessantíssima, melancólica etc (inclusive antes de escrever uma resenha sobre a magnum opus de Garcia Marques pretendo relê-lo!), mas Mês de Cães Danados... Pelo amor de deus!

O livro é narrado como se fosse uma entrevista entre um mendigo e o leitor (o mendigo parece conversar com o proprio leitor). Cada capítulo é um dia de conversa e todas elas se referem ao final do agosto de 1961, momento da renúncia de Jânio Quadros.

Permeando a história nacional, há diversas narrações das desventuras do mendigo, seu passado numa família dos pampas, sua ida a cidade para estudar, seu declínio etc.

Talvez para o leitor gaúcho que tenha um contato muito grande com os pampas, com a cultura e com a própria história deste momento este livro seja interessante, mas repito: Não vi absolutamente nada de interessante! Ele não trouxe informações novas sobre aquela crise ( um exemplo: o então Governador Brizola, fundamental nesta história mal aparece), não criou um personagem que eu sentisse o mínimo de simpatia, não tinha frases irreverentes, discussões filosóficas, nada!

Aguardo ansiosamente por uma resenha de alguém que tenha gostado do livro na esperança que traga uma luz para o meu entendimento. Evidentemente que uma resenha "Eu gostei por que é a minha opinião e gosto não se discute" não é o que me refiro.
Dominici 02/05/2014minha estante
Zerbini algumas pessoas leram o livro em busca de mais informações sobre aquele período da história do Brasil tão pouco conhecido e trazido à luz e quem o fez com esta intenção certamente ficará decepcionado. Eu li a primeira vez quando tinha 17 ou 18 anos e me pareceu excelente, muitíssimo bem escrito e naquele momento foi marcante para mim. Agora aos 50 o reli e percebo diferenças e o vejo com o distanciamento do tempo e da cultura pampeana gaúcha. Não posso concordar quando dizes que não é interessante mas entendo que ele, o livro, é repleto de referências muito peculiares e difíceis de serem captadas e entendidas por quem não conhece o palavreado, a cultura e a personalidade gaúcha dos pampas. Veja, não é da cidade e nem da zona litorânea, central ou serrana, mas a pampeana, onde a personalidade e o enredo é sempre complexo, de poucas palavras, de muito pensar e pouco d


leitorDedicado 25/06/2015minha estante
Concordo, não gostei desse livro, embora com poucas páginas, de tão enfadonho parecia que tinha 1000 folhas.




Egídio Pizarro 18/01/2013

Uma aventura nos tempos da legalidade
Este não é um livro sobre a Campanha da Legalidade. É, sim, uma narrativa de Mário Picucha que se passa nos dias em que Brizola exigiu que Jango assumisse a presidência do país.

E a forma que Moacyr Scliar faz isso é ótima. O ouvinte de Mário Picucha jamais se manifesta, dando margem a inúmeras interpretações: o ouvinte existe mesmo ou é um delírio de Mário Picucha? As suspeitas de Mário Picucha no fim do livro têm fundamento?

Pensar sobre essas possibilidades tornaram a leitura ainda mais prazerosa.
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M. Scheibler 13/05/2013

O livro mostra de maneira cômica a visão de uma pessoa durante o período da Legalidade, revolta civil e militar liderada por Leonel Brizola, que exigia a tomada de posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.

O meu interesse em ler esse livro era justamente conhecer um pouco mais desse movimento, mas ele é pouco detalhado, sendo o seu principal envolvido, Leonel Brizola, citado uma ou duas vezes.

A obra tem toques de erotismo, crítica política e social e humor, mas peca no sentido de prender a atenção.
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Leonardo.Capeleto 07/08/2014

Agosto
Em plena Rua da Ladeira, centro de Porto Alegre, um velho vivente conta velhas histórias em troca de algumas moedas. Com o pano de fundo no movimento da legalidade, em 1961, a história segue pelo mês de agosto - um mês de cães danados.
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Phillipe Luiz 03/04/2016

Trajetória de Mario Picucha em tempos conturbados na nação
Primeiro livro do Moacyr Scliar que leio. Gostei muito, mantêm nossa atenção presa. Narrativa bem dinâmica dentro de um contexto histórico brasileiro muito importante e muitas vezes esquecidos. O livro é bem engraçado e curioso. O contexto histórico me levou ao google para pesquisar mais sobre este momento histórico Brasileiro, e conhecer um pouco mais sobre a renuncia de Jânio Quadros.
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Henrique Fendrich 18/06/2023

Como Scliar escrevia bem, como era imaginativo e usava uma linguagem "fácil"!. Procurei este livro depois de ter conhecido os contos dele, aos 17 anos, e tive um pouco mais de dificuldade com a leitura, mas eu também mal tinha capacidade na época de avaliar os acontecimentos políticos e históricos que são pano de fundo para esta obra. Permaneceu, de toda forma, a imagem de um escritor excepcional.
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