Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?

Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? Papa Francisco




Resenhas - Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Everton Gonçalves 25/05/2021

Livro elaborado com o objetivo de recordar o momento extraordinário de oração feito pelo Papa Francisco no começo da pandemia em março de 2020. Está dividido em 2 partes. A primeira traz a reflexão do ato orante (Statio Orbis), sua preparação, objetivo, orações proferidas e fotos. A segunda parte apresenta reflexões feitas pelo papa neste período de pandemia a fim de nos apresentar ensinamentos do magistério de Francisco em meio a grande crise que estamos passando.
Do ponto de vista de edição e fotografia a obra está um espetáculo. Muito bela, profunda e emocionante enquanto um recordar de tudo pelo que já passamos em tão pouco tempo.
As catequeses do papa para o período e as demais declarações dele, são muito ricas pois nos levam a não ficarmos com um olhar simplista da pandemia, mas ampliamos a visão a fim de analisar a crise como um todo, e perceber que há muitos outras doenças sociais que se somam ou estão sendo desmascaradas pelo vírus. O papa diz: “a tempestade desmascara nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos nossos programas, nossos projetos, nossos hábitos e prioridades” (p.30). E ainda: “Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente” (p.35).
Já de início se destaca o poder e a importância da oração: “O homem que reza tem o leme da história em suas mãos” (São João Crisóstomo), pois a verdadeira força na vida do mundo é o coração Orante.
“Se a pandemia mostrou a fraqueza de nossa cultura e de nosso modo de viver em sociedade e na casa comum, é necessário que aprendamos com essa crise para sairmos diferentes, porque não se sai de uma crise da mesma forma de antes: ou saímos melhores ou piores, mas nunca iguais”. Essa ideia de que nunca saímos iguais de uma crise é fortemente repetida pelo papa em suas colocações.
O papa convoca a termos esperança e lutarmos pelos valores do Reino de Deus, sem desanimar: “Uma emergência como a da covid-19 derrota-se antes de tudo com os anticorpos da Solidariedade”; “Não podemos dar-nos ao luxo de escrever a história presente e futura virando as costas ao sofrimento de tantos”; “A misericórdia não abandona quem fica para trás. O risco é que nos atinja um vírus ainda pior: o da indiferença egoísta, transmitido a partir da ideia de que a vida melhora se vai melhor para mim, de que tudo correrá bem se correr bem para mim. Naquela comunidade, depois da ressurreição de Jesus, apenas um ficara para trás e os outros esperaram por ele. Hoje parece dar-se o contrário: uma pequena parte da humanidade avançou, enquanto a maioria ficou para trás”.
O coronavírus não é a única doença a combater, mas a pandemia trouxe à luz patologias sociais muito vastas. Uma delas é a visão distorcida da pessoa, um olhar que ignora sua dignidade e sua índole relacional, gerando a cultura do descarte individualista e agressivo que transforma o ser humano em bem de consumo. A fé nos exorta a comprometer-nos séria e ativamente a contrastar a indiferença perante as violações da dignidade humana. Essa cultura da indiferença que acompanha a cultura do descarte: as coisas que não me dizem respeito não me interessam. A fé exige sempre que nos deixemos curar e converter de nosso individualismo, tanto pessoal como coletivo. p.123-124
A esperança é audaz, por isso encorajemo-nos uns aos outros a sonhar alto! Não tenhamos medo de sonhar alto, procurando os ideais de justiça e amor social que nascem da Esperança. Não procuremos reconstruir o passado, o passado é passado; realidades novas nos esperam. Construamos um futuro em que as dimensões local e global se enriqueçam mutuamente. p.142
Alimentando-nos com sonhos de esplendor e grandeza, acabamos por comer distração, fechamento e solidão; empanturrando-nos de conexões, perdemos o gosto da fraternidade. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade. p.148
No final do livro temos um poema de Leonardo Sapienza que resume um pouco a ideia do livro: “Recordação refere-se a um fato passado: a memória o recolhe, a história o registra, a tradição o preserva. A esperança não é um sonho, mas uma forma de traduzir os sonhos em realidade” (p.151).
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR