Gramatura Alta 25/12/2017
Se você não é religioso, ou se é de uma religião diferente da Católica, não precisa ir embora, deixar de ler esta resenha, leia assim mesmo, porque ela é direcionada para todos. Não irei tentar converter você, não irei falar do Deus Católico ou de qualquer outro que você acredite, ou não acredite. Irei falar de coisas que nós, todos nós, temos e podemos fazer, independentemente da religião ou do ateísmo.
Ágape é o amor incondicional, divino, imortal; Kairós é o tempo oportuno, não linear; Philia é o amor mútuo, da amizade, da admiração. As três palavras são gregas, cujo significado foi adaptado para o uso na Bíblia e pela religião Católica. Assim, Ágape é o amor de Deus, mas também é o amor do homem que não cobra e não vê defeitos, é o amor puro, perfeito; Kairós é o tempo de Deus, o tempo em que as coisas têm que acontecer e não o tempo que queremos que elas aconteçam, o tempo que vivemos, o dia a dia; e Philia é o amor fraternal, o amor que cuida e aconselha.
Se você não é católico, não tem problema, as mensagens passadas pelos livros são comuns a todas as religiões: elas falam, basicamente, sobre amor. E se você não é religioso, bem, eu costumo pensar da seguinte forma, utilizando pura lógica: qual o problema de você acreditar em algo? Se Deus existir, você terá seguido seus preceitos, e se não existir, não terá ninguém para dizer que você foi bobo por acreditar. Uma coisa que ninguém pode refutar é que a fé em algo, seja em qualquer deus que você quiser, traz esperança e conforto. Então, independentemente do que nos espera após esta vida, aproveite e utilize do que cada religião tem de positivo para se fortalecer e fazer o certo.
Quando li ÁGAPE, o primeiro livro do Padre Marcelo, foi como um complemento para momentos de meditação religiosa que costumo fazer uma vez por semana, já que é raro eu assistir a uma missa. Eu esperava textos com mensagens genéricas de autoajuda, mas o que encontrei foram textos sobre a trivialidade humana, que podem ser encaixados nas concepções de qualquer pessoa, seja ela religiosa ou não. Mais ainda, Padre Marcelo utiliza exemplos médicos e científicos para complementar a sua ideia dentro de cada tema. Ele menciona cientistas, grandes filósofos, pacifistas, pessoas comuns, que possuem uma alta inteligência ou uma forte convicção do que é certo e benéfico. A isso, em uma dose menor, ele completa com as mensagens universais do amor de Jesus.
E aí está a grande virtude dos três livros: ÁGAPE, KAIRÓS e PHILIA não são unicamente direcionados para os católicos. Padre Marcelo conversa sobre atitudes e sentimentos que podem e devem ser usados e compartilhados por todas as pessoas, porque são adjetivos nobres, que trazem apenas o bem para quem pratica e para quem é praticado.
Nos três livros, ele divaga sobre perdão, depressão, ansiedade, inveja, remorso, medo, sobre relações entre pessoas que se amam como homem e mulher, como pais e filhos, como amigos, e sempre com exemplos reais, de casos que ele conhece, apoiado em opiniões de psicólogos, médicos, com a ajuda de remédios, de acompanhamento médico, mas também com a companhia da religião, caso você a tenha.
Em ÁGAPE, ele tenta explicar como é o amor incondicional, que não cobra e nem culpa, que aceita a pessoa como ela é, não a condena por seus defeitos. Em KAIRÓS, ele procura fazer o leitor compreender que o tempo que vivemos não é o mesmo tempo em que as coisas que desejamos têm que acontecer, elas acontecem no tempo delas; e em PHILIA, ele conversa sobre o amor que recebemos de nossos pais, de nossos irmãos, de nossos amigos, o amor que é quebrado por uma depressão, por algum medo que possuímos, por algo que desejamos.
As três obras não dão como resposta a fé e a crença em Deus, elas são claras ao explicar que para tudo precisamos acreditar em nós, precisamos de ajuda de outrem, devemos receber auxílio profissional, quando ele assim é necessário, e coloca a fé como um complemento, como um sustento, um suporte para o que precisamos enfrentar. A fé não é uma solução, ela é uma companheira que nos torna pessoas melhores e com esperança.
O Natal é sobre isso, amor e esperança. Se você não acredita, se você é de uma religião que não reconhece o Natal, comemore assim mesmo, porque o que importa é a mensagem que a época repassa. E essa mensagem não é sobre presentes, sobre compras, sobre comida, mas, sim, sobre compartilhar, sobre relações, sobre aquele que está ao seu lado, sobre ser uma pessoa melhor, sobre fazer algo melhor. Seja isso.
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