Camirota 22/11/2023
A cena que nunca imaginei ver.
Comecei a ler Sandman em outubro, mês que sempre leio apenas histórias de terror/com temática de Halloween, e ainda estava lendo quando a minha avó faleceu no dia 03 de novembro. Ela ajudou a me criar, morou comigo e com a minha mãe até o seu último dia e foi em paz depois de muito sofrimento pela volta de um câncer. A dor muitas vezes parece ser insuportável, mesmo tendo passado dias, não está diminuindo, mas sim aumentando, e a frase que paira sobre os meus pensamentos é aquela que Morfeus disse a seu filho alguns volumes atrás: Ela está morta. Você, vivo. Portanto, viva.
Eu estou tentando, eu juro. É uma frase que parece simples, mas está me dando muita força para continuar.
Quando comecei, nunca imaginei que a saga terminaria com o funeral de Sandman. A expectativa era alta e foi superada, não sabia também que esses quadrinhos me trariam sentimentos profundos e reflexões sérias sobre a vida.
Neil Gaiman me impactou dizendo que até eu estava lá, queria me lembrar do momento.
Matthew continua relutante em seguir no Sonhar como o corvo do novo Sonho, com a sensação de que está traindo seu antigo chefe, mas no fim o nosso corvinho preferido decide ajudar o novo Perpétuo, pois é muito novo e tem muita coisa a aprender.
Vemos um Sonho novo, com as mudanças que o antigo se recusava a aceitar, mas o novo também carrega o antigo dentro de si, então no fim, o que morreu foi uma perspectiva de Sonho, que na verdade não morreu literalmente, mas se encontra novo e mudado. Antes era um rubi, agora uma esmeralda.
Ler Sandman é transformador, impossível ler sem algo impactar o leitor ou mudar algo dentro de si.
Oneiros conhecia muita gente e foi muito amado e querido, por isso seu funeral foi grande e cada um tinha uma história para contar, saudades do nosso sonhozinho, tenho mais alguns contos para ler e encontrá-lo novamente.
A capa dessa edição é uma das mais lindas das edições de 30 anos.