Gabriela Araujo 16/11/2013
Let It Snow [Resenha]
Resenha postada no blog Equalize da Leitura.
Esta antologia possui três contos de três autores diferentes. A verdade é que eu esperava mais dela e conforme for relatando cada história, explico por que. Só um aviso antes, eu li esta antologia em inglês e não sei ao certo como ficarão as traduções dos nomes dos contos.
O primeiro conto é o da autora Maureen Johnson, O Expresso Jubilee em tradução livre, e conta a história de Jubilee, uma adolescente que acaba tendo que ir passar o Natal na casa de seus avós depois que seus pais foram presos em um protesto. Um acidente de percurso no trem em que está acaba impedindo sua viagem e ela fica presa numa cidade pequena, na companhia de quatorze cheerleaders escandalosas e um rapaz tímido e muito bonito.
A primeira impressão que tive foi que Jubilee fosse ter um relacionamento com Jeb, o tal rapaz, até porque a descrição dele é típica de livros de romance, mas não é o caso. Jeb na verdade é um personagem da terceira história, os personagens dos três contos se relacionam entre si, e o romance mesmo se dará entre Jubilee e Stuart, um rapaz se recuperando de um coração partido que age como salvador dela. Os dois têm em comum o fato de que o namorado de Jubilee, Noah – aparentemente o cara perfeito – não parece se importar com ela tanto assim e a ex-namorada de Stuart que o humilhou publicamente.
Este primeiro conto foi a história que, em minha opinião, tinha mais potencial do que todas, mas ela apenas foi inacreditável. Stuart é muito doce, responsável e dedicado à família, Jubilee para mim foi uma figurante na própria história. Ela é recebida na casa dele para o natal como se uma amiga de longa data e a forma como tudo se desenvolve em pouquíssimos dias foi surreal. E a forma como Jubilee não pareceu dar a mínima para seus pais que estavam na cadeia foi simplesmente demais para mim. Mesmo se tratando de ficção e por ser um conto apenas, não consigo engolir qualquer coisa. Fora que o fato de a mãe do Stuart querer que ele ficasse com Jubilee, alguém que mal conhecia, e trata-la como da família e fazer piadinha sobre os dois se pegando enquanto nem ela nem a irmãzinha dele estavam em casa foi no mínimo esquisito. Surreal.
"- Eu segui suas pegadas. – ele disse, em uma resposta a pergunta não feita. – A neve torna a tarefa fácil.
Eu tinha sido caçada, como um urso.
- Desculpe te dar este trabalho. – eu disse.
- Não precisei ir tão longe, na verdade. Você estava apenas há três ruas de distância. Começou a andar em círculos.
Um urso bem incapaz."
O segundo conto, Um Milagre Natalino – em tradução livre, é escrito por John Green. Eu amo John Green, e acho que isso não é uma novidade aqui, mas para mim o conto dele foi o que menos fez sentido. Tobin é o protagonista: adolescente normal e não extraordinário. O conto se passa com seus amigos Angie e JP, que recebem uma ligação de um amigo que trabalhava na lanchonete da cidade, onde as cheerleaders se abrigaram depois que o trem estacou. E para lá eles decidiram ir.
A premissa do conto, o fato de que eles saíram na véspera de natal no meio de uma nevasca apenas para poder ver cheerleaders, já me desanimou totalmente. Angie, sendo uma mulher e hetero, não tinha interesse nisso, mas foi na aventura. O requerimento básico para que eles entrassem no local era levar o jogo Twister, porque as tais cheerleaders queriam se distrair. Os pais de Tobin tinham saído em uma viagem de negócios e estavam presos no lugar por causa do mau tempo. Os pais dos amigos não participam significativamente no livro, o que me fez pensar: ?? Véspera de Natal, seus filhos supostamente na casa de um amigo, e nenhuma comunicação com eles: super natural.
Oitenta e cinco por cento do conto se passa na tentativa deles de chegar até à lanchonete, com situações inusitadas e muita falta de sorte pelo caminho. Muitas pessoas riram com as situações de perigo por que passam. Há certa graça na fixação deles na esperança de terem algo com as cheerleaders, e o John tem a característica de criar personagens coadjuvantes com tiradas engraçadas, de fato. JP é o amigo das tiradas engraçadinhas. Os outros quinze por cento é o romance entre Tobin e sua amiga Angie, depois que descobrem que na verdade se gostam e querem ficar juntos. Fim.
Honestamente, eu queria poder trabalhar mais meu ânimo para escrever sobre a antologia, principalmente o conto de John Green – que é um autor que tanto amo -, mas de verdade a história dele foi ilógica e sem contexto. Há um ponto, no entanto, que eu preciso destacar: A Menina que Roubava Livros, uma recomendação de Angie, se tornou o livro predileto de Tobin. Háhá, ponto para ele.
"Eu sempre pensei que você nunca deveria desistir de um ‘meio feliz’ na esperança de um ‘final feliz’, porque não existe um ‘final feliz’. Você entende o que quero dizer? Há muita coisa a perder."
O terceiro conto, O Santo Padroeiro dos Porcos – em tradução livre, é de Lauren Myracle. O título é terrível, mas em minha opinião, de todos foi a história mais real. Isso não quer dizer que os personagens foram os melhores. A protagonista Addie é uma adolescente egoísta e um tanto fria, namorada de Jeb – rapaz bacana demais que é introduzido no primeiro conto – e ela o traiu. Certo, admita que quando eu disse isso você que está lendo murchou. Aconteceu o mesmo comigo. Eu sou intolerável à traição, principalmente quando a pessoa traída me conquista ou não merece de modo algum.
O conto é basicamente apenas sobre ela, e a constatação de como ela estava se comportando terrivelmente com as pessoas, mesmo que “sem querer”, e como ela tinha deixado um cara especialíssimo escapar e o que ela poderia fazer para consertar. A razão do tal do porco é porque o porco de uma de suas amigas na história acaba sendo vendido erroneamente e ela emplaca em uma tentativa de recupera-lo. O porco é a prova de que ela tinha deixado de pensar apenas em si mesma e estava começando a mudar. Addie está arrependida do que fez com Jeb e apenas quer tê-lo de volta. De repente tudo a sua volta ganha uma nova percepção e ela se “transforma” em alguém melhor.
História mais real não quer dizer a melhor história, de maneira nenhuma. Eu não quero dar muitos detalhes sobre essa última história porque seriam spoilers. Nenhum dos três contos me agradou totalmente. Para o 1° minha avaliação seria 2.5, para o segundo 2.5, e para o terceiro 2.0. O que salva na história é que ela é uma antologia natalina e eu adoro, adoro contos de natal. Só o primeiro conto trata da “magia natalina” de fato, assim como só o primeiro conto é realmente romântico. E Stuart e Jeb também são rapazes muito fofos, adolescentes que tenho certeza que muitas meninas adorariam conhecer, para dar um tempo desses desmiolados imaturos por aí.
Todas as histórias apresentam a neve como um importante personagem, talvez não tanto o último conto, mas de um modo pessimista. Ainda que na primeira história, a neve acaba aproximando os personagens. A antologia me desapontou e eu fiquei até meio cabisbaixa por isso, esperava mais principalmente da história de John Green e não aconteceu. São contos leves, no entanto, uma leitura bem rápida e dá para dar umas gargalhadas de alguns comentários. Não mudará sua vida, e isso não é necessariamente ruim porque tem categoria literária para tudo, mas serve para passar o tempo.
"Nós todos somos imperfeitos, minha querida. Todos nós. E acredite em mim, todos nós já cometemos erros. Você precisa apenas olhar para si mesma, mudar o que precisa ser mudado, e seguir em frente, docinho."