Teorias Cínicas

Teorias Cínicas Helen Pluckrose...




Resenhas - Teorias Cínicas


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edu basílio 23/03/2024minha estante
obrigado por essa resenha, vini. eu vou ler esse livro ainda, e será por causa da sua leitura -- e sua vivência partilhada.


vin.modolo 23/03/2024minha estante
Que legal! Mas saiba que meu viés de interpretação é bem marcado por minhas vivências e observações. Haha Dá pra ler esse livro e sair de uma forma bem diferente da minha .


edu basílio 23/03/2024minha estante
sim. cada livro diferente e cada leitor diferente ao se cruzarem resultam em um universo distinto... o que não torna menos inspiradora a experiência compartilhada por um leitor inteligente ;-)


vin.modolo 23/03/2024minha estante
????




akio 18/11/2023

A "Teoria" e as teorias
Escrito com uma didática impecável, esse livro é ideal para quem quer entender melhor as bases teóricas que estão por trás das discussões acaloradas que pipocam na mídia o tempo todo sobre identidades de raça, gênero, sexualidade, etnia e outros.

Não há mais o que discutir sobre as pessoas terem os mesmos direitos em todas as esferas: jurídica, social, econômica, trabalhista, emocional... No entanto, ainda causa assombro o tanto de irracionalidade, desrespeito e até, ironicamente, intolerância quando se trata desses debates. Infelizmente, a política por trás dos grupos só piora a situação, desviando o foco dos temas que interessam para aqueles de maior proveito para entidades específicas.

Desde o pós-modernismo de Foucault e Derrida, que abordaram as relações de poder, conhecimento e linguagem, os chamados "estudos críticos" foram evoluindo ao longo das últimas décadas no meio acadêmico de modo a se apresentarem, atualmente, irreconhecíveis e até mesmo incompatíveis com seus fundamentos da década de 60, quando a luta pelos direitos humanos começou a modificar a sociedade em favor de todos.

Ainda estamos muito distantes do ideal, e não há por que negar que os preconceitos e discriminações persistem. E não se trata de ser pró ou contra movimentos identitários, muito menos de ser "extrema esquerda" ou "extrema direita". De forma muito sábia, o livro critica ambos esses extremismos emburrecedores, fazendo um apelo para que saiamos dessa insanidade que se tornaram tais discussões e voltemos a apelar para as liberdades individuais e universais, com racionalidade e sem divisionismo, pois foi essa a luta que sempre deu resultados na tortuosa história mundial, e não a adesão cega a ideologias que a maior parte do povo mal compreende.

Instagram: @akio.com.livros
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Leandro Vasconcelos 01/07/2023

O que é "Justiça Social"
A obra “Teorias Cínicas”, de Helen Puckrose e James Lindsay, cuida-se de um compêndio explicativo sobre um aspecto bem particular da cultura dos países ocidentais e que se tornou mais óbvio em tempos recentes: trata-se do tema “Justiça Social”, em letras maiúsculas, que se diferencia do lugar-comum “justiça social”, a ideia corrente de equidade ou isonomia. “Justiça Social”, em letras maiúsculas, é toda uma nova cultura que nasceu dos movimentos “woke”, objeto de estudo dos autores.

Eles traçam um panorama do que se tornou hoje a intelectualidade e o ativismo da esquerda, embasada pela “Justiça Social”: um conjunto difuso de abordagens baseadas no pós-modernismo/pós-estruturalismo da década de 1970 que se coalesceu num movimento quase religioso, a “Teoria da Justiça Social”.

Inicialmente, explica-se o desenvolvimento histórico e teórico desse movimento que nasceu da insatisfação com as grandes narrativas, sobretudo o marxismo, a ciência e as religiões tradicionais. Tomando por base obras de autores como Michel Foucault e Jacques Derrida, muitos intelectuais propuseram a aplicação dos princípios pós-modernos a novas áreas do conhecimento. Entenderam que o conhecimento é determinado por sistemas de poder e que a sociedade é construída ao redor de privilégios e opressão. Consequentemente, o conhecimento neutro e objetivo é uma mentira. As pessoas reproduzem e performam suas posições sociais por meio da linguagem, geralmente de forma arbitrária e permanente, sem que tomem consciência disso.

A partir desses pressupostos, os estudos, cada vez mais politizados, voltaram-se à “análise crítica” dos temas centrais de opressão: gênero, raça, status imigratório, volume do corpo, deficiência etc. A tese do “ponto de vista”, segundo a qual as visões de mundo dos indivíduos são diretamente influenciadas por sua posição na sociedade e identidade estética, tornou-se preponderante.

A ideia de interseccionalidade desenvolvida a partida da década de 1990, isto é, a conjugação de identidades oprimidas, favoreceu o surgimento de uma espécie de Teoria Unificada, uma forma de ver o mundo que entendeu os princípios pós-modernos como reais: os sistemas de opressão subentendidos na sociedade tornaram-se verdadeiros e onipresentes. Trata-se da “Verdade segundo a Justiça Social”. Tais sistemas de poder são latentes e formam uma verdadeira lente pela qual os indivíduos veem e interpretam o mundo. Nada pode escapar disso, de modo que o poder regula todas as situações do cotidiano, desde a forma como as pessoas apreendem e percebem as coisas, até como falam e se dirigem aos outros, passando pelas relações sociais (trabalho, familiar, institucional).

Uma metanarrativa paranoica acerca de tudo – basicamente é o que constitui a Teoria sobre Justiça Social.

Ninguém pode se esquivar da dinâmica do poder que permeia a sociedade, conforme a abordagem foucaultiana, fundamental para entender a Teoria. O poder está lá, delimitando valores e percepções, influenciando como os indivíduos podem se relacionar uns com os outros, e tal poder é orientado pelos indivíduos dominantes: os homens brancos ocidentais. Não há como transcender essa realidade. Em outras palavras, o homem branco ocidental moldou o mundo à sua maneira e, portanto, definiu os valores de acordo com as suas preferências. Todas as outras formas de cultura foram relegadas ao esquecimento.

A partir dessas premissas, a “Teoria” deixou de ser apenas uma competência explicativa da realidade social (bem malformada cientificamente) e se tornou um sistema ético-religioso. Os demônios da mitologia cristã ocidental foram substituídos pelo “poder”, pelo “privilégio” e pela “opressão”. Tornou-se um pecado meramente negar a realidade do poder e não lutar contra ela.

Dessa forma, a Teoria ultrapassou as fronteiras dos círculos intelectuais e acadêmicos, invadindo instituições, empresas e comunidades com a sua noção vitimista e antagonista de tudo. A sociedade não soube como reagir em face da turba crescentemente hostil a todo aspecto da vida humana. Muitos, sem saber distinguir o que significa a “Justiça Social” e como ela se difere da ideia comum de equidade, acataram as cada vez mais paranoicas sugestões dos ativistas.

Em suma, “Teorias Cínicas” é uma boa obra explicativa do movimento pela Justiça Social. Pontos positivos: a forma didática como são apresentadas as origens desse movimento, bem como as teorias que lhe são subjacentes. As explicações são ancoradas em exemplos impressionantes sobre as consequências perniciosas de tais ideias. Ademais, os autores são honestos para explicitar qual o seu viés crítico (o do liberal clássico) e não negam o valor de outras abordagens, inclusive reconhecendo o mérito das próprias teorias que criticam.

Sob o aspecto negativo, observa-se que os autores não possuem uma bagagem teórica/filosófica densa – somente abordam a questão sob o viés liberal. Destacam o papel do projeto moderno (democracia, capitalismo, conhecimento científico/racional) em modificar a vida das pessoas de forma significativa e ressaltam a importância da manutenção de seus preceitos e sistemas. Todavia, parecem desconhecer que foi justamente a falência do projeto moderno que suscitou o que se chama de “pós-modernidade”, daí advindo esses movimentos que criticam. Ainda não temos respostas para as questões levantadas pela derrocada do modernismo iluminista, mas talvez o mero retorno às suas bases se mostre uma solução insuficiente.

Por fim, deve ser enfatizada a distinção entre as religiões seculares, especialmente a da “Justiça Social”, e as tradicionais – as primeiras perderam todo o sentido transcendental e místico dado às últimas. Esse ponto deveria ter sido abordado pelos autores. O movimento pela “Justiça Social”, apesar de ter uma base religiosa (tanto sob o aspecto social quanto normativo), carece de qualquer explicação transcendental de mundo. É um culto niilista, é a destruição de todos os valores estabelecidos, que são considerados injustos, em prol do narcisismo, em que as responsabilidades do indivíduo são diluídas no grupo social. A substituição de uma visão cosmológica abrangente, que dê significado e dignidade à existência humana, por um culto exacerbado ao egoísmo narcisista e à criação de um “sistema de castas” talvez seja o fato mais horrendo da ascensão da “Justiça Social”.
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Carlos 13/03/2023

Resenha crítica
Teorias cínicas — como a academia e o ativismo tornam raça, gênero e identidade o centro de tudo — e por que isso prejudica todos

Helen Pluckrose e James Lindsay

São Paulo: Faro Editorial.

Resumo crítico

Introdução

Sintetizando o conteúdo do livro, os autores remontam à evolução histórica e a genética das idéias que erigiram o edifício da ideologia “woke”. Descrevendo-as em seu conjunto como uma autentica “seita” ou “ideologia”. Sustentam-se os autores sobre as premissas políticas, filosóficas e científicas do Liberalismo Clássico para construir seus argumentos. Lançam uma luz sobre a profundidade dos danos que esta “mentalidade de seita” tem causado ao mundo real — do setor privado ao espaço público regulado pelo Estado, bem como seus riscos totalitários (inclusive de servir de estopim “dialético” de uma virada reacionária à direita). Propõe o caminho para a saída desse abismo mental coletivo, baseado no compromisso com as mesmas premissas liberal-iluministas que lastreiam a obra.

Capítulo 1 — Pós-Modernismo

Definem o pós-modernismo como o edifício filosófico fruto da especulação de um pequeno grupo de pensadores franceses, que construíram sobre os escombros da decepção ocidental com a modernidade e sua fé no progresso científico como sendo sinônimo de progresso moral e social, fruto tardio das duas Grandes Guerras. Tornou-se uma construção de epistemologia niilista e uma teoria da conspiração universal sobre relações de opressão que condicionam a linguagem, o conhecimento (inclusive científico) e as estruturas e instituições sociais, ainda que não dirigidas conscientemente por uma classe dominante, como no marxismo ortodoxo. A estas duas categorias os autores vão denominar (i)o princípio do conhecimento pós-moderno e (ii)o princípio político pós-moderno. Em consequência, os pós-modernos constroem uma agenda narrativa que se baseia em 04 temas principais: a negação da possibilidade de conceitos concretos e objetivos (1-a indefinição de fronteiras), pelos quais se afirma que a categorização das coisas, pessoas, estados e demais entes é mera manifestação dos jogos de poder na linguagem (2-o poder da linguagem); o abismo epistemológico entre sujeitos que participam de mundos culturais diversos, impossibilitando o compartilhamento do conhecimento, este próprio provinciano (3-o relativismo cultural); e a negação do individual e do universal em matéria de categorias humanas, — reconhecendo-se apenas os grupos identitários dentro dos quais há comunhão de cognição e, portanto, a partir das quais se dão as relações de poder/opressão (4-a perda do individual e do universal). Tais princípios e temas são tão contraintuitivos e patentemente autofágicos a qualquer pessoas minimamente razoável que custa acreditar que se tornaram a base velada de toda a “Teoria Social” e seus desdobramentos. Somente seres “iluminados” (“woke” — despertos, como no antigo Gnosticismo) poderiam se arrogar a portar uma sabedoria iniciática não acessível à sabedoria do homem comum.

Capítulo 2 — Virada para o Pós-Modernismo aplicado

De conjunto amorfo de idéias exóticas, niilistas e meramente residentes na quadra filosófica, os princípios e temas do pós-modernismo sofreram uma mutação — ao estilo de um vírus que se adapta a um novo meio — e transpôs o ambiente intelectual puro para o acadêmico/universitário. De crítica negativa, tais idéias se tornaram lastro do ativismo das décadas mais recentes, bem ao estilo do “intelectual orgânico” pensado por Gramsci. Para isso teve que renunciar ao seu subjetivismo radical pelo menos em parte: embora ainda professe como artigo de fé a impossibilidade do conhecimento subjetivo, bem ao estilo pós-moderno, contraditoriamente parte da premissa axiomática de que a relação entre conhecimento-linguagem-poder-opressão-grupos identitários é um fenômeno objetivo, escondendo parcialmente seu niilismo epistemológico para permitir fins práticos. Uma teoria que não tenha, para as massas iletradas sedentas de uma nova fé, uma rusga de verdade, ainda que seja uma premissa não verificável (Popper diria “não-falseável”), não serviria para “mudar o mundo”. E é aí que a massa caótica de idéias pós-moderna encontra, como diria Napoleão, “suas baionetas”. Enraizando-se profundamente no meio universitário e, dali, para o midiático, jurídico e estatal, as metástases do pós-modernismo aplicado podem ser conhecidas como “teoria pós-colonialista”, “teoria queer”, “teoria crítica da raça e inteseccionalidade”, “feminismos e estudos de gênero”, “estudos de deficiência e sobre o corpo gordo”, descrevendo, sob múltiplos aspectos, a sociedade Ocidental fantasiosamente como uma espécie de Balcãs dos anos 90 em guerra constante de poder entre grupos identitários opressores e oprimidos, com especial ênfase na militância politicamente correta sobre a linguagem e o discurso como instrumentos de “luta” contra a “opressão” supostamente consolidada na construção do discurso. Se parece a descrição de um hospício onde os loucos tomaram o poder é porque, examinando a genética dos Justiceiros Sociais contemporâneos a semelhança vai além da mera coincidência: partindo de premissas fantasiosas e metanarrativas de clara analogia ao modelo dialético marxista de bem X mal, sustentando-se numa superstição e convivendo com contradições insuperáveis, os adeptos dessa massa de crenças provavelmente tem sérios problemas para distinguir o que é concreto do que é mera fantasia, num cosplay de psicose que espanta tenha seduzido tanta gente inteligente.

Capítulo 3 — Teoria Pós-colonial

“A matemática é uma ferramenta do Imperialismo Ocidental”: talvez esta frase sintetize bem a mensagem deste capítulo, ao descrever, pelo exemplo, a aplicação das premissas pós-modernas como justificativa para a rejeição da razão, da lógica, da experiência científica empírica e seu método e, por consequência, de todos os seus benefícios como sendo constructos semânticos do “homem branco ocidental” impostos aos povos colonizados, cujo saber estaria no plano antitético dos “sentimentos, crenças, espiritualidade, tradições”, entre outras formas de saber não-racional. Por consequência (lógica), e caso os “povos colonizados” realmente vestissem a camisa desta teoria, vacinas e tratamento de malária, capitalismo e ascensão de bilhões de miseráveis no Oriente nas últimas décadas jamais teriam sido possíveis. Felizmente, a realidade paralela que tanto descreve quanto busca cria-se por esta teoria somente existe na linguagem da elite acadêmica norte-americana e seus capachos intelectuais espalhados pelo Ocidente, estando anos-luz de distância de manter Indianos, Vietnamitas, Chineses e outros povos longe da matemática, das vacinas desenvolvidas pelo método científico e do liberalismo econômico, entre outros instrumentos de “opressão do homem branco”.

Capítulo 4 — Teoria Queer

Baseando-se amplamente nas já conhecidas contribuições de Focault e Derrida, a Teoria Queer propõe extinguir as fronteiras conceituais existentes nas categorias de sexo, gênero e sexualidade. Tal empreendimento conta com o total desprezo pelas contribuições científicas — notadamente da biologia e da psicologia — em relação às semelhanças e diferenças entre os sexos, à relação entre sexo e comportamento (gênero e sexualidade), baseando-se na mesma premissa supersticiosa que o conhecimento científico é apenas mais um instrumento de opressão da linguagem e legitimador de poder injusto. Conclui que todo comportamento de gênero e sexual é (!) construção social e que, em última análise, até mesmo o sexo biológico estaria à mão desta possível perspectiva (Judith Butler). Confunde, portanto, Ciência com Ficção Científica da pior qualidade.

Capítulo 5 — Teoria crítica da raça e interseccionalidade

A teoria crítica da raça é um dos pontos altos da psicose pós-moderna. Divide o mundo maniqueisticamente entre bons e maus — sendo bons os negros e maus os brancos (nesta segunda categoria eventualmente inseridos judeus, asiáticos em geral e outros grupos étnicos que não tem pigmentação suficiente). Adota ao pé da letra a visão de mundo focaultiana das estruturas entranhadas de poder e dominação na linguagem e tecem uma complexa teoria sobre como todos os brancos são racistas — mesmo que abominem e desprezem o racismo, por serem privilegiados pela sua posição categorial. A visão tribal-maniqueísta também é complementada pela ampla aplicação dos demais postulados da filosofia pós-moderna, como a que ironiza a igualdade (inclusive biológica) de todos os seres humanos, a qual é a antítese do que defende a teoria crítica da raça, por entender que tal assertiva depõe contra a necessidade política de promover a dialética (sic!) entre negros e brancos nas estruturas de poder e de linguagem de modo a superar o “racismo estrutural”. Já a interseccionalidade funciona como uma teoria de “castas” da Justiça Social: instrumentaliza a categorização e hierarquização dos indivíduos conforme estes ocupem duas ou mais posições na escala das vítimas da sociedade. Exemplificadamente: é mais oprimida uma mulher negra do que uma branca, e mais oprimida ainda uma mulher negra lésbica do que uma mulher negra hétero, pelo simples fato de ocupar mais posições no ranking de categorias oprimidas e em guerra contra a linguagem opressora. Definitivamente são as profundezas do hospício.

Capítulo 6 — Feminismos e os estudos de gênero

Abandonando os feminismos de justificação marxista e liberal — os quais vigeram ao longo do século XX e contribuíram, em diferentes graus, para as modificações legislativas e culturais relativas aos direitos femininos — o feminismo pós-moderno liquefaz-se na interseccionalidade e suas teses importadas da teoria queer e associadas: o gênero é uma construção social; o conflitos binário entre homem e mulher que apoiou o feminismo pretérito são a consolidação da narrativa opressora do binarismo sexista patriarcal; a posição oprimida da mulher (sic!) depende de possuir graus valorativos variados, dependendo de quais e quantas posições a mesma ocupe no complexo quadro interseccional de categorias oprimidas pelo discurso — negras, trans, etc.

Capítulo 7 — Estudos sobre deficiência e sobre o corpo gordo

No afã de disseminar a paranóia identitária, o desenvolvimento das Teorias Críticas alcançou até os portadores de deficiências físicas e mentais e as pessoas obesas. Por incrível que pareça, como consequência da aplicação dos princípios pós-modernos já apresentados, os seus adeptos conseguiram a façanha de reduzir a complexidade da vida destas pessoas à dimensão política: em um e outro caso, tanto a deficiência quanto a obesidade deixam de ser um desafio a ser enfrentado pelo indivíduo e pela sociedade para serem o fundamento identitário de novos grupos de oprimidos. E em que consistiria a suposta opressão? Exatamente na mesma crença supersticiosa de que haveria uma estrutura opressora difusa no discurso da sociedade, a qual diminui e subordina os portadores de deficiência e pessoas gordas aos interesses dos seus opressores. E como se faz isto? Criando (?) a narrativa de que tais condições limitantes do corpo humano sejam negativas (!!!), ou devam ser evitadas ou mesmo tratadas. Da teoria queer traz a confusão do normal com o normativo, como se a integridade física ou mental fosse uma imposição “do sistema”, imposta pelo discurso mas que de maneira nenhuma reflete outra coisa senão um conflito identitária.

Capítulo 8 — Estudo acadêmico e pensamento sobre justiça social

O que começou como desconstrucionismo das verdades estabelecidas tornou-se, ela própria, uma teoria — ou conjunto de teorias de raiz pós-moderna — dogmáticas. O estudo acadêmico da justiça social tem como inimigos todos os discursos que contrariem suas premissas e conclusões, mesmo que sejam oriundos da da ciência empírica, os números e os fatos mais perceptíveis. O princípio político pós-moderno nega a possibilidade de verdade objetiva através da razão, taxando tal busca de discurso opressor e conhecimento construído a partir da experiência dos privilegiados (homens brancos ocidentais).

Capítulo 9 — A Justiça Social em ação

Teorias ruins (melhor dizendo: ideologias ruins) sempre desembocam em trágicas consequências práticas. Assim foi o trágico Século XX, mediante o qual o Nazismo e o Comunismo, ideais de um potencial paraíso terreno, de um “mundo melhor possível”, demonstraram a capacidade humana de criar o inferno na terra numa dimensão até então sem precedentes na História Humana. Ao exemplificar a institucionalização — e portanto o poder de coerção social e jurídica — de tais crenças — no microcosmo de uma universidade estadunidense, o autor demonstra o perigo totalitário da tomada das instituições pela seita woke.

Capítulo 10 — Uma alternativa à ideologia da Justiça Social

Partindo dos pressupostos liberais (verdade e conhecimento como contributos dos fatos racionalmente analisados), é possível combater o dogmatismo fechado e sectário da ideologia da Justiça Social, bem assim enfrentar os problemas reais para os quais a ideologia busca falsas ou equivocadas respostas, tais como o racismo, a discriminação contra homossexuais e transgêneros, sem abrir mão da verdade dos fatos, deixando de lado a superstição focaultiana de conspirações do poder em cada frase ou discurso.

site: https://carlosgandrade.medium.com/teorias-cínicas-como-a-academia-e-o-ativismo-tornam-raça-gênero-e-identidade-o-centro-de-tudo-b1ac1c90752f
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Fagundes 01/02/2022

Da série: Mind-blowing
Daqueles livros que faz você enxergar por outros ângulos muito do que é jogado como verdade absoluta pelo progressismo. Eu diria que esse livro é fundamental para não mergulharmos em um abismo sem volta de uma sociedade racista.
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