Vilamarc 01/08/2022Venezuela oníricaUm classicão feminino, latino-americano, venezuelano escrito em 1929, mesmo ano de Dona Bárbara de Rômulo Galegos.
Mas entre ambos, muitas diferenças que os singularizam para além da data e do contexto.
A começar pela tradução. Enquanto Dona Bárbara tem um travo de linguagem, Mama Blanca desliza com as palavras, soa melodioso, mesmo quando tenta explicar as nuances de entonação vocal das personagens.
E sobretudo, diferem no enredo. Mama Blanca é pueril, onírico e saudosista. Não tem ambições políticas nem patrióticas ou utopias latinas. Nem por isso deixa de ter e ser um registro sócio-histórico importante das relações de exploração e submissão entre classes e etnias.
Os temas de Mama Blanca são pinçados pelo olhar de Mama Blanca ainda criança, na fazenda Pedra Azul e seus habitantes. Destaque para Vicente Cochocho.
O texto foi legado como Memórias após a morte de Mama Blanca e transcrito com todas as liberdades para torná-lo literário. É isso que nós adverte o primeiro capítulo.