Homens cordiais

Homens cordiais Samir Machado de Machado




Resenhas - Homens cordiais


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Dudu 11/08/2022

Continuações são sempre uma leitura particular, porque são permeadas pela expectativa gerada a partir da obra original.

Confesso que era meu caso em relação a este livro, principalmente porque havia apreciado muito o primeiro volume.
E, apesar das altas expectativas, a história não deixou a desejar.

Apesar de o enredo não ser tão pujante e envolvente quanto na primeira trama, a escrita do autor parece ter aprimorado nesta obra. Retiraram-se os rococós e trechos prolixos que, a meu ver, deixaram o primeiro livro um tanto extenso e cansativo, e optou-se por destacar as tramas e seus desenvolvimentos.

Todos os elementos principais permaneceram aqui, com destaque para as diversas referências contemporâneas, que, apesar de anacrônicas a um enredo de época, servem como pequenos "easter eggs" para o divertimento do leitor atento.

Além dos aspectos históricos, o que mais me agrada é o humor debochado com que o autor imprime nos diálogos e nos embates entre heróis e vilões.

Érico Borges tem um fã em mim e já estou no aguardo por suas próximas aventuras!
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D.J. Alves 05/08/2022

HOMENS CORDIAIS - SAMIR MACHADO DE MACHADO
19/06/2022 - 04/08/2022

Nota 4,5 de 5,0.

Demorei bastante para terminar essa leitura por conta da preparação para concurso e trabalho. No entanto é um livro que vale bastante a pena.

Érico Borges está de volta para mais uma aventura repleta de espionagem nas cortes europeias. Dessa vez ele está em Lisboa investigando uma conspiração capaz de mandar Portugal literalmente pelos ares. O livro é divertido, com um tom leve e fácil de acompanhar, e assim que se habitua com o linguajar antigo a leitura flue. O livro trata dos seguintes temas: Espionagem, Guerra, Invasão de Portugal na Guerra dos Sete anos, Romance, Vida na Corte, Nobreza, Preconceito de classes, etc. Achei interessante avaliar que Brasil e Portugal estão tão sincretizados na sua formação e influência um com o outro, que é quase impossível desassociar um do outro.

Seguem algumas frases interessantes durante a leitura:

Ora, senhores, pesemos os fatos. A vida é um rosário de pequenas misérias que o filósofo desfia rindo. Sejam filósofos como eu, cavalheiros, ponham-se à mesa e bebamos. Nada faz o futuro parecer tão cor-de-rosa quanto vislumbrá-lo através de um copo de vinho. ALEXANDRE DUMAS, Os três mosqueteiros

Para um brasileiro, o pânico não é um estado de espírito, mas um estilo de vida. Tão acostumado está com os ataques aleatórios do destino que, quando reina a calma e a tranquilidade, ele para e olha ao redor, preocupado, dando pela falta de algo intangível e se enervando na antecipação do inevitável.

Não conheces o ditado? A mulher portuguesa só sai de casa três vezes na vida: uma para batizar, outra para casar, e a terceira para enterrar.

Escute meu conselho: siga no bom caminho de uma profissão que pague suas contas, e esqueça essa bobagem de querer escrever. Isso não leva a nada.

A verdade é que a guerra não é uma coisa bonita de se ver, minha senhora. Sempre desconfie de quem se gaba demais de matar seu semelhante. Não é algo que dê orgulho.

? Meninos e seus brinquedos? diz a Raia, apontando as ilustrações nos livros.? Que interessante. Sempre se pensa que, quanto mais longo, mais grande o estrago, mas cá diz que o importante no final das contas é a largura, não o comprimento. Que acha disso, hein?

Sabe a sensação de quando obrigações nos afastam cada vez mais de onde se gostaria de estar, e fica-se com a impressão de que o corpo está num lugar, mas a mente vaga por outro?

? Não é um tanto estranho que El-Rey seja sogro do próprio irmão, cunhado da própria filha, e tio do próprio neto?? Mas essa é a ordem das coisas entre famílias reais, não? Casar entre si até degenerarem-se, como os Habsburgo na Espanha. A única coisa que a pureza de sangue produziu até hoje foram cães esquisitos e pessoas estranhas.

? As coisas são sempre assim no corpo diplomático português?? Assim como?? Não sei. Com que frequência as pessoas tentam matar o senhor?? Uma ou duas vezes por ano, em média.? Érico ergue os ombros.

Um Deus justo e bom não permitiria as coisas que vi acontecerem. Ou ele não é inteiramente bom, ou não é onipotente, e em qualquer caso, uma fraude. Os gregos antigos entendiam que, se há forças maiores no mundo, e o mundo é um caos, então essas forças também estão em eterno conflito. Como na Ilíada, onde os deuses escolhem cada qual seu lado da batalha. E os homens já rezavam para deuses antes dos judeus inventarem o seu e os cristãos o tomarem. Mas nada disso faz diferença para o povo, não acha? Se a donzela encalhada quer casar, tanto faz que se acenda uma vela para Himeneu ou Santo Antônio; se temos urgência, tanto faz que se evoque Mercúrio ou Santo Expedito. Ou talvez faça. Talvez os deuses antigos continuem baixando entre mortais e assumindo outras formas, como sempre fizeram. Ou talvez os ateus estejam certos e não exista nada, nós vagamos num mundo vazio e aleatório, onde nada tem sentido ou significado, e depois da morte só haja o vazio.

Na Grécia, quando diferentes cidades se uniam contra um inimigo comum, chamavam isso de synkretismós. Não vejo por que não fazer o mesmo com religiões. Talvez estejamos rezando para os mesmos deuses antigos, apenas dando-lhes novos nomes. Então prefiro chamá-los pelos nomes originais.

A ralé só conhece dois sentimentos: medo e ódio. Quem souber alimentar um e direcionar o outro os conduzirá como gado. Tanto faz se o bode expiatório for inglês, judeu ou protestante. Quem trouxer a causa mais simplista será recebido como um messias. E essa gente se deixará conduzir ao abatedouro com um sorriso de dever cumprido no rosto.

O tempo acaba o ano, o mês e a hora
A força, a arte, a manhã, a fortaleza
O tempo acaba a fama e a riqueza
O tempo, o mesmo tempo de si chora

Érico corre em pânico, tomado por um desespero que raras vezes sentiu na vida: é a vontade desesperada de viver. Não quer morrer aqui, não hoje, não agora. Ao menos mais um dia, mais um minuto; quer viver para voltar à sua casa, viver para contar, para lutar outro dia, para morrer noutro dia, mas não hoje ? não hoje!

O bater de asas de um pássaro, a queda de uma gota: o tempo é invenção humana, desconhecido dos animais e irrelevante para Deuses. Sua duração é um conceito da Antiguidade; sua medição, uma técnica do medievo, mas a precisão é invenção moderna, nascida do engenho de relojoeiros há menos de cem anos: a capacidade de medir a duração de um segundo.

Doce idade, pensou, quando a vida ainda é uma aventura no princípio de ser desbravada.

? Tens a certeza disso?? o rapaz pergunta, preocupado. Érico não responde. É claro que não tem certeza, não é possível ter certeza de nada numa situação assim, mas isso não se diz. Frente ao inevitável, deve haver somente certezas.

? O senhor anda com uma garrafa de Porto no alforje o tempo todo?? Claro, não sou um selvagem.

? Como faço para o sangramento parar?? E eu que vou saber?? O senhor é doutor! Estudou em Coimbra!? Sou doutor em Filosofia!? Meu tio pode morrer!? Todos nós podemos.

A leitura sempre foi parte de minha formação? diz a Raia.? A leitura dos moralistas me mostrou o que a sociedade espera de nós, os filósofos me ensinaram a questionar essa expectativa, e os romancistas a imaginar possibilidades entre as duas coisas.

Se o esforço triplo é um fardo sobre os ombros de nosso sexo, é porque precisamos ser excepcionais para receber o mesmo respeito que qualquer homem medíocre recebe.

Sempre teve, desde menina, a curiosidade de compreender o pensamento dessa gente, da elite aristocrática do reino, mas nunca chegara tão a fundo nessa investigação. Percebe agora que suas mentes definharam para a mais completa falta de compaixão ou senso crítico, abrindo-se para aquela que é a porta de entrada dos piores instintos humanos: a indiferença.

Eles entenderam a cordialidade do português reinol como uma garantia de amizade.? Por que dizes ?do português reinol??? Bem, as coisas se dão de modo diferente no Brasil. Lá é o contrário: o apego do reino às formalidades acaba virando burocracia, que em tudo dificulta a solução de questões práticas da vida na colônia. Quando você precisa esperar quatro meses para um navio ir e vir com uma autorização da corte, mais vale ter bons amigos que lhe atalhem os caminhos. Isso faz com que o brasileiro alimente a vontade de superar logo os formalismos e estabelecer laços de intimidade. E também faz com que sejamos um tanto emotivos. Na colônia, cordialidade não deve ser entendida por modos brandos, e sim por modos excessivamente passionais.

D. JOSÉ É uma estranha circunstância que nós, sendo vosso rei, jamais tenha posto os pés fora do reino, enquanto que o senhor, que é nosso súdito, conhece o império mais do que imagino conhecer. Diga-me, capitão: como é o Brasil? Como é seu clima? ÉRICO O clima é quente e úmido, Majestade, especialmente no verão. Mas pode ser bastante seco nos sertões interiores, e mais fresco na costa, onde se fica à mercê das brisas marinhas. Há desertos cujas dunas se intercalam entre lagos ondulantes de água doce, e sua beleza daria inveja ao sultão dos otomanos. As montanhas e as serras são tão magníficas quanto as da Europa, e as matas e florestas tão inóspitas e luxuriantes quanto as brenhas das Índias ou dos interiores de África. Não há, Majestade, terra mais fértil para o Homem libertar seus melhores anjos e seus piores demônios.

Diziam os antigos gregos que, para punir os tebanos por uma grave ofensa, Dionísio enviou-lhes a raposa teumesiana, que nunca poderia ser capturada. E para se livrarem dela, os tebanos buscaram o cão de lélape, animal mágico ofertado por Zeus à sua amante Europa, ao qual profetizou que jamais perderia uma presa. Mas, se um animal derrotasse o outro, a palavra dos Deuses seria desafiada, criando discórdia no Olimpo. Para resolver o impasse, Zeus imobilizou os dois animais, transformando-os nas constelações de Cão Maior e Cão Menor. O paradoxo, Majestade, é aquele de uma força irrefreável contra o objeto irrevogável.

Sim, é verdade. Não acredito em nada disso, mas você acredita, e eu te amo demais para fazer pouco de algo que sei ser tão importante para você.

Honra. Talvez seja isso. Quaisquer que sejam os Deuses que o observam, ele precisa ser digno ante seus olhos; se não houver Deus algum, precisa ser digno a si mesmo.

É triste pensar que tanto conhecimento do mundo tenha se perdido, pela ignorância religiosa do medievo

Não há apelo que possa ser feito a quem tem o coração já morto.

?Os portugueses são tão religiosos, que até suas amantes se escondem em conventos.?

Um homem elegante deve sempre lembrar o aniversário de uma dama, mas esquecer sua idade.

Pode achá-lo um grande homem, mas todos os grandes homens da História foram homens maus, mesmo quando exerceram só influência e não autoridade. E a História não é uma rede tecida por mãos inocentes, ela raramente dá compensações por sofrimentos ou pune erros.

Caso permita se transformar na ferramenta cega dos poderosos, será corrompido pelo poder deles.

Há uma história que muito me agrada, sobre o rei leproso e o sábio, lembra? Fala do rei que governa na Pérsia e sofre de lepra. Quando já perdia as esperanças, surge um sábio com conhecimentos medicinais que o cura. Satisfeito, o rei enche o sábio de glórias, o que atrai a inveja do grão-vizir, que cria intrigas até convencer Sua Majestade de que o sábio planeja sua morte e por precaução deve ser decapitado. Mas, ao saber de sua sentença, o sábio se conforma e entrega um livro mágico ao rei, garantindo que sua cabeça decapitada irá responder quaisquer perguntas que se lhe faça, como um oráculo, caso o rei leia frente a ela os encantos de determinada página. Assim, o sábio é decapitado, sua cabeça é exposta ao rei, que abre o livro e o folheia. As páginas, contudo, estão coladas pela umidade, e para isso o rei precisa lamber os dedos. ?A marquesa gesticula com os dedos no ar, sorrindo. ?Não sabe o rei que as páginas foram envenenadas, e assim o rei morre, condenado por ter sido ingrato com quem o ajudou, e por se deixar levar pelas intrigas de seu ministro.
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Pedro 29/06/2022

* lady gaga falando talented, brilliant, incredible, amazing, show stopping, spetacular, never the same, totally unique, completely not ever been done before *
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João Victor 12/03/2022

Mais aventuras do Érico Borges!
Assim que terminei "Homens Elegantes" pesquisei se teria continuação porque tinha amado a história. Nesse segundo livro acompanhamos o Érico pra mais uma confusão que pode encerrar ou começar uma guerra entre os países da Europa e conhecemos mais uma vez personagens icônicos e f0das que deveriam ter existido na vida real. Apesar de não ter muito da relação do Érico com o Gonçalo, toda a espera por "Homens Cordiais" valeu muito a pena!
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ju azevedo 21/02/2022

Magnífico, esplêndido, atemporal, uma obra de arte
Eu sou muito apaixonada pela escrita, imaginação e pesquisa do Samir. As três coisas juntas formam um livro incrível do início ao fim, mantendo o nível de Homens Elegantes.
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Maik 09/11/2021

Continuação maravilhosa!
Eu desejei muito uma sequência de Homens Elegantes, e Homens Cordiais foi maravilhoso, não deixou a desejar. Samir consegue criar uma narrativa super ágil e envolvente, mesclando ficção e fatos históricos com riqueza de detalhes, personagens cativantes e um texto muito divertido. É incrível ver personagens LGBT+ numa trama que sai do clichê meloso e triste, e sim envolvidos em aventuras e mistério. Só senti falta de Gonçalo aparecer mais nesse livro, mas em nada diminui a qualidade da obra. Que venham muitas outras histórias de Érico Borges!
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Junior 09/10/2021

Quase dei 3 estrelas
Gostaria de dizer que amei como amei a homens elegantes, mas não. Faltou queerness, na minha opinião. teve muita guerra e pouca queerness. Porém, Samir compõe personagens ímpares e diálogos geniais que fazem valer a leitura dessa "continuação". Ursânio, Jacinto e a Raia já estão pra sempre no meu coração. O narradir é um show à parte também. Já estou no aguardo do próximo romance, o qual espero que seja menos concentrado em batalhas e mais em tramas.
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@eumiksbook 03/10/2021

Um é bom, dois é melhor...
Homens Cordiais é mais um aventura de Érico Borges, introduzindo novos personagens, e trazendo de maneiras perfeitas e coerentes aos do primeiro livro "Homens Elegantes".

A guerra é construída de maneira tão esperta, sendo ela em campo de batalha, ou ela logo a sua frente com pessoas do "próprio" país.

Neste não tem uma relação presente de Érico com Gonçalo, mas a forma que ele é mencionado, e as descrições como Érico se sente a isso, é algo que me fez sentir tanta saudade, de terminar logo e ver eles juntos novamente.

Homens Cordiais é a continuação de Homens Elegantes, e é muito excepcional ao sentido, intrigas, amizades, amores, tensão etc... E amei ler ele! E aguardo ansioso um terceiro livro.
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