Becky Cunha 06/12/2021
E se você tivesse que deixar tudo para trás e esperar pelo melhor?
"A desolação dos mundos" é um livro diferente do qual eu estou acostumada, pois o autor é muito consciente dos furos que normalmente acontecem nas histórias de aventura e isso torna tudo muito rico, mais real. Aliás, podemos identificar diversos gêneros unidos aqui, e o autor tornou tudo bem orgânico, sem aquele estranhamento.
A história se passa no Brasil, onde Alex e Vannora se conhecem por acaso em São Paulo e sofrem um atentado de criaturas robóticas, fora do humano e do comum conhecido, sendo salvos por Aillith - uma criatura que mistura o animalesco com o humano (só fiquei pensando na Cheetara, do Thundercats). Essa personagem se torna responsável por levar ambos até uma cidade "mágica", Akakor", que, tecnicamente, fica no Acre - fazendo com que os três tenham que basicamente atravessar o país.
E aqui fica interessante, pois, ao implementar a narrativa de que há vários universos paralelos, separados apenas por véus - que estão se rasgando -, o autor consegue fazer com que os seus protagonistas cheguem ao destino de maneira "rápida" (só para a gente que está lendo, pois a passagem de tempo é sempre colocada de maneira que entendamos que eles estão andando há X dias ou semanas) e criativa, nos mostrando as consequências desses rasgos, nos apresentando a novas realidades e desenvolvendo o relacionamento entro os personagens - uma parte importantíssima para se entender a narrativa.
Alec consegue trazer uma boa aventura, com toques tão reais que podemos imaginar algo assim facilmente acontecendo. Ele também traz questionamentos interessantes ao leitor ao fazer com que os personagens se perguntem, por exemplo, como estarão seus familiares, amigos e pessoas amadas. Mortos? Perdidos? E, assim como eles, só podemos esperar pelo melhor.