TatáVasconcelos 02/05/2023
Uma Garota. Um Chamado Ancestral. Uma História Prestes a Virar Lenda.
Essa é a definição simples de A Última Princesa Andina.
O romance de Fabiane Ribeiro tem como cenário uma montanha colorida no coração dos Andes peruanos.
Vinicunca – a Montanha de Sete Cores, ou Montanha Arco-Íris – é o lar de Wayrq’aja – Wayra, para os íntimos –, a menina com nome de vento, que está prestes a descobrir que seu destino se entrelaça ao de muitas princesas que viveram séculos antes dela.
Em seu décimo quarto aniversário, Wayra sobe ao cume proibido da Vinicunca, onde recebe do vento um presente inesperado: visões do passado. Visões de sua vida, e da vida da última princesa Andina, assassinada por causa do misterioso amuleto que carregava. O objeto, forjado em tempos imemoriais, e colorido com as cores da montanha, representava o poder que regia o povo andino e o conectava à natureza; e, para as princesas andinas, ele era equivalente a uma coroa, o símbolo de seu poder.
Wayra testemunhou, através do vento e do véu do tempo, o trágico fim daquela princesa, assassinada séculos atrás, e o roubo do amuleto, que está desaparecido desde então.
A mãe de Wayra dedicara sua vida à busca pelo amuleto perdido, até sua morte trágica nas montanhas andinas da Colômbia. Aliás, a causa de sua morte é um dos mistérios que deverão ser descortinados ao longo do livro.
E Wayra está prestes a se engajar na mesma busca que levou sua mãe a atravessar o continente americano, em busca dos retalhos da história de seu povo e de sua família.
Da Vinicunca, nos arredores do povoado de Pampachiri, no Peru, somos transportados ao nordeste do Brasil, para encontrar o outro personagem que está prestes a ter sua vida alterada por esta lenda. Lucas é um guia que promove passeios de canoa pelos manguezais brasileiros, onde o rio se encontra com o mar, e está prestes a se descobrir o guardião de uma relíquia inestimável.
Dividido em sete partes, representando as sete cores da Vinicunca, o livro utiliza as vozes de diversos personagens para nos contar esta maravilhosa lenda andina. Quando pensamos conhecer uma parte da história, um novo personagem lança luz a novas informações para formar este intrincado quebra-cabeça, e a autora faz isso de uma maneira tão hábil que em momento nenhum nos sentimos perdidos. É como se a história se descortinasse diante de nós através do mesmo véu que a revelou a Wayra, um pedacinho de cada vez.
A Última Princesa Andina não é aquele típico romance de aventura que estamos acostumados a ler. É um conto singelo, carregado de mistério e perigos ancestrais, manifestados como forças da natureza. A história é contada numa linguagem simples, e extremamente poética, carregada de filosofia e da sabedoria dos povos antigos.
Por um lado, achei a narrativa longa demais, especialmente na primeira parte, que descreve a infância de Wayra até a descoberta de sua relação com a princesa assassinada. Depois, conforme novos personagens e novas visões da lenda foram se descortinando, comecei a achar o livro muito curto. A autora poderia ter explanado um pouco mais algumas partes. Mas, a verdade é que o livro é encantador.
Não é aquela história empolgante, que vai te tirar o fôlego, mas uma vez que você começa a avançar pelas páginas, torna-se impossível largar.