Vinicius 13/08/2022
Como nasce um país
Apesar de sempre gostar de história minha memória não permitia que eu tirasse notas razoáveis quando estudava. Mesmo sabendo que memorizar datas e eventos não seria suficiente eu perdia a linha de raciocínio e não conseguia enxergar a complexa rede de interesses que existia por trás dos fatos.
Acho que um dos méritos de Laurentino Gomes é tecer essa grande teia de personagens, num mundo em que surgiam as ideias republicanas e o direito à liberdade enquanto do outro lado uma aristocracia privilegiada não queria abrir mão de seus direitos.
Adorei o fato de os capítulos focarem num personagem ou grupo, assim vamos passando novamente pelos eventos já narrados, mas agora sob um novo ponto de vista.
Também surpreendente foram os anônimos que talvez não tenham seus nomes nos livros de história, mas que deixaram sua marca na resistência. Como Maria Quitéria que, apesar da proibição de mulheres nos campos de batalha, lutou bravamente e foi condecorada com a Ordem do Cruzeiro. Ou ainda os diversos brasileiros sem qualquer treinamento que perderam a vida na Batalha do Jenipapo lutando praticamente desarmados.
Eu acho espantoso como num território tão vasto grupos com pouco poder militar conseguiram se motivar a ponto de manter uma campanha coesa. A crença num país mais democrático, independente e justo.
E, claro, a figura central da história, o ambíguo D. Pedro I, que a exemplo dos melhores personagens de Game of Thrones, nos leva da admiração ao desprezo em segundos. A ficção imita a realidade.
Lembremos da história do nosso país para não cairmos na lábia dos analfabetos funcionais que tentam manipular o conceito de nacionalismo para seus próprios interesses.