AleixoItalo 29/06/2023Se viemos mesmo de uma grande explosão, então não passamos de fragmentos desse evento, destroços arremessados para longe, “prestes a apagar”. Refletir sobre o sentido da vida e como tudo vai terminar, é algo que permeia o pensamento humano desde a origem da nossa espécie. Em meio a centenas de lendas e mitos, a ciência oferece modelos empíricos que conseguem chegar mais perto de prever como isso ocorrerá, mas só perto...
Se você chegou até esse livro, provavelmente já leu outros do gênero e já sabe o que esperar. Seguindo a velha receita dos livros de divulgação científica, ‘O Fim de Todas as Coisas’ vai tentar apresentar desde seu início conceitos fundamentais da física e cosmologia, e levar o leitor por uma viagem pelo desenvolvimento até a destruição do universo. A narrativa lembra muito ‘A Realidade Oculta (Brian Greene)’, onde cada capítulo discute distintos modelos de universos paralelos, enquanto aqui são discutidos os atuais modelos explicativos do universo e que consequentemente preveem o seu fim.
Passando pelos conceitos das diversas físicas (clássica, de partículas, mecânica quântica, etc...) vamos viajando pelo cosmos, numa narrativa que oferece além de descrições maravilhosas do colapso do universo, ainda discute a própria evolução da física moderna em seus diversos campos, onde a autora explica os entraves que as teorias modernas encontram, e quais são as propostas e dificuldades de avançar nessa linha de conhecimento. Aqui eu destaco particularmente a abordagem sobre a matemática: apesar de não tentar explicar conceitos matemáticos e focar na descrição dos fenômenos, a autora consegue explicar de uma maneira clara como os modelos da física atuais são completamente dependentes de equações matemáticas e o que os resultados dessas equações podem significar um ultimato, seja para algum paradigma científico ou para o próprio universo.
Todos nós especulamos como tudo acabará, sejam nossas meras presenças ou tudo o que existe (a diferença é uma mera questão de ponto de vista temporal), e subjacente à isso tudo está uma vontade vibrante de descobrir coisas novas, pois mais assombroso que a própria destruição é o medo do desconhecido. Mesmo que nos seja vedado o entendimento do universo em sua totalidade, entender aos poucos os mecanismos que levam à processos maiores, já é um alento para não nos sentirmos sozinhos nessa vastidão.