spoiler visualizarGigio 23/05/2024
É uma obra envolvente que mergulha nos dilemas e na intimidade de uma mulher em busca de sua própria identidade. Com uma narrativa profundamente introspectiva, o livro examina os limites da liberdade individual em meio a um contexto social opressivo.
A história gira em torno de Valéria, uma mulher italiana que, em meio às turbulências da Segunda Guerra Mundial e da ocupação nazista, encontra-se presa em um casamento infeliz e sufocante. Em sua busca por escape e autodescoberta, ela mantém um caderno secreto onde registra seus pensamentos mais íntimos, desejos reprimidos e reflexões sobre sua condição feminina em uma sociedade patriarcal.
Ao longo da narrativa, acompanhamos suas lutas internas enquanto ela se debate entre as expectativas sociais, suas próprias ambições e o desejo por liberdade. É uma exploração profunda da condição humana e das lutas individuais por autenticidade e liberdade, trazendo à tona reflexões sobre as limitações impostas pela sociedade e a coragem necessária para desafiá-las em busca da própria verdade.
"Agora me pergunto onde fui mais sincera: se nestas páginas ou em minhas ações."
"Talvez existam pessoas que, conhecendo-se, conseguem se tornar pessoas melhores; eu, porém, quanto mais me conheço, mais me perco."
"Era um domingo e o moço da tabacaria não queria me vender o caderno, eu lembro. Ele disse: ?É proibido?. Então fui tomada por um desejo irrefreável de tê-lo, tinha esperança de poder extravasar nele, sem culpa, meu secreto desejo de ainda ser Valeria."
"Acha que o que vocês sentem é amor? Esta miséria, este desgaste, esta renúncia a tudo, este vaivém do escritório ao mercado."
"Às vezes, porém, penso que estou errada em escrever tudo o que acontece; fixado por escrito, parece ruim até mesmo aquilo que, em substância, não o é."
"Em casa, não sei por quê, tenho sempre vontade de pedir desculpas."
"A rua, ao contrário, me atordoa, me lança numa singular inquietação. Nao sei me explicar, mas fora de casa não sou mais eu, Basta sair pelo portão e me parece natural começar a viver uma vida totalmente diferente daquela costumeira, sinto vontade de percorrer ruas que não estão em meu itinerário cotidiano, encontrar pessoas novas, que desconheco até aquele momento, com as quais possa ficar alegre, rir. [...] Nem mesmo agora, sozinha com o caderno, consigo compreender: este caderno, com suas páginas em branco, me atrai e ao mesmo tempo me perturba, como a rua."
"É estranho: nossa vida íntima é o que mais importa para cada um de nós, e no entante devemos sempre fingir vivê-la quase sem nos dar conta, com desumana segurança."
"Quando comecei a escrever, acreditava haver chegado ao ponto no qual se tiram as conclusões da própria vida. Mas toda experiência minha (...) me ensina que a vida inteira passa na angustiante tentativa de tirar conclusões e não conseguir."