Kamilla 09/09/2021Orgulho, preconceito...e Revolução IndustrialElizabeth Gaskell é uma autora inglesa com quem eu tive pouquíssimo contato. Depois de assistir uma adaptação da BBC e de achar o livro em promoção, resolvi que tinha chegado a hora de ter meu primeiro contato com a escrita da autora.
Gostei da forma que o livro mistura romance e crítica social, não existe personagem perfeito, todos tem seus momentos equivocados e seus julgamentos mais irrefletidos e preconceituosos ao longo da história, o diferencial é o processo de amadurecimento dos personagens principais.
Margaret Hale a primeira vista não é uma heroína tão carismática quanto a maioria de suas contemporâneas literárias, ela é um tanto quanto ingênua, mimada, orgulhosa e preconceituosa ao longo da primeira parte da história. Eu gosto de como ao longo da história ela foi se adaptando a novas formas de viver e de pensar a partir do momento em que ela começa a conviver com pessoas de origens sociais diferentes da dela. Tanto que em determinado momento o caminho que ela percorreu foi tão longo que ela mesma se sente estranha ao voltar a conviver com as mesmas pessoas que ela convivia no início da história.
John Thornton é um herói que também precisa aprender a lidar com a posição de industrial, que o isola da comunidade trabalhadora e que ao mesmo tempo não garante entrada nos círculos mais conservadores da sociedade, visto o como o trabalho era estigmatizado, gostei que ao longo do livro ele aprende a fazer concessões e a ouvir os funcionários, e como se compromete a tentar inovar o seu negócio para tentar criar um ambiente mais saudável.
Eles funcionam bem como casal, lembraram um pouco Elizabeth e Darcy de Orgulho e Preconceito, principalmente pela primeira declaração desastrosa que Thornton faz para Margaret. No geral, gostei mais dele do que dela, mas foi divertido acompanhar ela o livro inteiro lutando contra os próprios sentimentos por John.
Os personagens secundários são interessantes, o núcleo da tia e da prima londrinas não me cativou, penso que a intenção da autora foi mesmo mostrar a indolência e alienação das classes mais altas. Gostaria que a crise de fé do pai tivesse sido melhor explicada. Mrs. Thornton também foi uma boa personagem, os demais cumpriram o seu papel, entrando e saindo da trama, mas sem me causar maiores impressões.
Elizabeth conseguiu levar o suspense até o último capítulo, roí as unhas esperando Margaret e John conseguirem finalmente conversar.
Me diverti e aprendi bastante sobre a época, as primeiras fábricas e os primeiros sindicatos, as leis que regiam a rigorosa marinha britânica e me apeguei bastante ao romance. Elizabeth Gaskell definitivamente entrou no meu radar!